O ultrarreacionário governo Trump sancionou, na semana
passada, um projeto de lei Denominado “Lei de Direitos Humanos e de Democracia
de Hong Kong”, uma versão diplomática imperialista de uma sinistra provocação à
soberania da nação chinesa, pelo caráter abertamente belicoso e de
interferência nos assuntos internos de um território que pertence legitimamente
à China, e que portanto está sob a gestão estatal do governo do Partido
Comunista Chinês, que apesar de estar muito longe do genuíno Marxismo, não confere
aos ianques o “direito internacional” de intervir em outra parte do planeta
para impor seus interesses geoestratégicos. Para aqueles da esquerda
revisionista que defendem a “democracia do capital” contra o autoritarismo do
“socialismo chinês” (que repetimos de socialismo não tem muito a ver), seria
oportuno verificar as reais intenções do Pentágono em apoiar a suposta
“rebelião popular” em Hong Kong, vejamos o decreto de Trump: “A legislação
exige que o governo dos EUA examine minuciosamente se Hong Kong aplica as leis
de controle de exportação e a política comercial dos EUA em relação à China,
com o objetivo de “proteger as empresas dos Estados Unidos em Hong Kong contra
a coerção econômica e o roubo de propriedade intelectual”. Nada mais franco e
claro oriundo das corporações imperialistas ianques muito preocupadas em
garantir a hegemonia do mercado mundial, sob a maquiagem política da defesa do
regime democrático no território nacional chinês. Por sua vez, a burocracia do
Partido Comunista adverte dos “perigos” da descarada investida imperialista,
através do Ministério das Relações Exteriores
declarou que os EUA “devem arcar
com as consequências das contramedidas de Pequim se continuarem a agir
arbitrariamente em relação a Hong Kong; e que a interferência de Washington nas
questões internas chinesas está fadada ao fracasso”. São os primeiros sintomas
de que uma guerra comercial já deflagrada ente a maior potência imperialista e
o gigante nacional do ex-Estado Operário, podem extrapolar dos limites econômicos.
Não por coincidência, em Hong Kong,
alguns milhares de manifestantes orientados pela Casa Branca, com profusão de
bandeiras norte-americanas, comemoraram o recente feriado ianque de ação de
graças e a assinatura por Trump da lei de ingerência sobre a China. Os
“protestos populares” de Hong Kong começaram em maio, coincidentemente com o
agravamento da guerra tarifária de Trump, sob pretexto de um projeto de lei de
extradição, apresentado depois do “clamor” gerado pelo assassinato de uma jovem
de Hong Kong pelo namorado durante viagem a Taiwan, com a qual não existia
legislação de extradição, permitindo a impunidade do criminoso. Hong Kong,
ex-colônia britânica arrancada a canhonaços da China para impor o tráfico de
ópio, vive desde 1997 sob um estatuto de autonomia, em que está mantido o
sistema ultraliberal e o número recorde de bilionários, enquanto boa parte da
população mora em cubículos. Também continua sendo um centro de especulação
internacional, mas sua importância diminuiu muito desde 1997, caindo de uma
economia equivalente a quase um quinto daquela da China continental para apenas
3% atualmente. Como Marxistas Leninistas não podemos coabitar uma “coalizão
democrática” com o imperialismo ianque contra os burocratas ex-maoístas, por
maior que sejam nossas diferenças programáticas com o Partido Comunista da
China. A verdadeira ficção política criada pela esquerda revisionista, de que a
“revolta da juventude” em Hong Kong tem uma orientação socialista não se
sustenta minimamente diante da análise dos fatos reais. É a mesma fraude
“teórica” que apresentava a “primavera árabe” como essencialmente
revolucionária, mas que terminou com a devastação imperialista da nação Líbia,
ou com a fracassada intervenção militar da OTAN contra o regime nacionalista da
Síria. Agora a já conhecida “santa aliança mundial” entre o revisionismo e o
imperialismo, que atuou em conjunto para destruir a URSS sob o pretexto de
combater os “crimes do stalinismo”, pretende desmembrar a China para impor a
“democracia ocidental” dos monopólios do capital financeiro.