terça-feira, 5 de novembro de 2019

LÍBANO EM EBULIÇÃO: A ALTERNATIVA É DE UMA “SÓ TACADA” DERROTAR A BURGUESIA DECADENTE E O IMPERIALISMO SIONISTA!


Como parte nevrálgica dos conflitos do Oriente Médio, e após uma guerra civil que durou mais de uma década, o Líbano desde meados de outubro, se vê sacudido por manifestações massivas pautadas por reivindicações elementares (emprego, renda, serviços públicos etc..) que envolvem a esmagadora maioria da população explorada. Os enormes protestos populares que levaram a renúncia do decadente Primeiro Ministro Saad Harir, ungindo em um governo de falsa “unidade nacional”, se inserem em uma situação explosiva na região marcada pela guerra na Síria, onde o imperialismo e seu “porta avião” sionista, pretendiam aniquilar o regime nacionalista burguês e desmembrar o país, para facilitar a ofensiva do gerdame de Israel contra o povo palestino, avançando contra o Hezbolah. O Líbano é estruturado politicamente por um “acordo”, que contempla um sistema comunitário quase feudal e confessional (divisão por crenças religiosas e etnias) criado ainda pelo regime colonial francês. Os libaneses são listados em uma “comunidade” desde o nascimento, sendo as principais as comunidades xiitas, sunitas, cristãs e drusas, cada uma delas dividida politicamente em vários partidos que têm representação no governo central. Este “sistema” de partilha do poder estatal está baseado na divisão do povo, e agora está sendo questionado, em conjunto com as medidas econômicas neoliberais impostas pelo FMI. O retirante governo Saad Harir adotou uma série de medidas contra as conquistas sociais da classe trabalhadora, agravando as condições de vida da maioria do povo, do qual 35% já vive abaixo da linha de pobreza. A faísca da explosão popular foi a decisão de taxar as comunicações via internet pelo WhatsApp, foi a gota d’água que fez transbordar o copo da revolta. Manifestações multitudinárias rapidamente se espalharam por todo o país. Os dois primeiros dias (17 e 18 de outubro) foram marcados pela repressão da polícia, do exército e de diversas milícias políticas ligadas ao fundamentalismo islâmico, que também integrava o governo central. Houve mortes e centenas de feridos, mas a tentativa de responder pela brutal repressão foi submersa pela onda massiva das manifestações e seu caráter unitário, com todos os componentes étnicos da população. É importante ressaltar que os campos de refugiados palestinos, um contingente considerável da população, demostraram seu total apoio político ao movimento de massas. As manifestações foram majoritariamente compostas por jovens de todos os setores marginalizados, estudantes, camponeses e trabalhadores que vivem na precariedade ou mesmo o drama do desemprego. O Hezbollah, que é a segunda maior força política do país e com força militar própria, também tinha planejado organizar uma manifestação contra o sistema bancário e sua total dependência dos organismos imperialistas da UE dos EUA. Porém a vinculação de sua direção nacional com o autocrático regime confessional vigente no país, o fez recuar e até mesmo conduziu setores direitistas da organização a se enfrentar com o movimento de massas, um grave erro que poderá ter consequências desastrosas na luta contra o inimigo sionista. A saída revolucionária que se coloca para as massas libanesas não é distinta da colocada para os palestinos e árabes de uma maneira geral: combater pela unificação socialista de todo o proletariado, na perspectiva de por abaixo os regimes burgueses reacionários, ligados ao capital financeiro, ao imperialismo e seu braço armado sionista.