quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

PANDEMIA DA FOME: PREÇOS MUNDIAIS DOS ALIMENTOS ATINGEM MÁXIMOS HISTÓRICOS... MAS A ESQUERDA REFORMISTA “ELEGEU” A COVID COMO A ÚNICA PESTE DO CAPITALISMO

Os preços mundiais dos alimentos atingiram recordes em 2021. O índice da FAO, que acompanha a evolução dos preços dos cinco produtos básicos mais transacionados no mercado mundial (cereais, óleos, carnes, açúcar e lacticínios), atingiu efetivamente 125,7 pontos, representando um aumento de 28 por cento face a 2020 e o nível mais alto desde 2011. A pandemia e os choques econômicos que provocou, bem como o agravamento da crise capitalista, levaram dezenas de milhões de pessoas à fome, indicam os autores do documento. Deve-se acrescentar que os preços mundiais dos alimentos também dispararam 40%, o maior aumento em mais de dez anos, por conta do Grande Reset da economia capitalista promovido pela Governança Global do Capital Financeiro.

Embora este aumento tenha afetado todos os produtos, a tendência foi especialmente acentuada no caso dos óleos vegetais, cereais e açúcar. No caso da primeira matéria-prima, os preços aumentaram 65,8 por cento em relação a 2020, atingindo um máximo histórico. Os preços dos cereais subiram 27,2 por cento em termos homólogos, atingindo o nível mais elevado desde 2012. O milho e o trigo lideraram este impulso com aumentos respectivos de 44 por cento e 31 por cento, em relação a 2020, devido às tensões de oferta. No caso do açúcar, o índice atingiu um máximo em 2020 não visto desde 2016. 

Embora o aumento geral seja problemático para as pessoas nos países semincolonais, que gastam grande parte de sua renda em produtos básicos, a FAO diz que pode continuar este ano. "O aumento dos preços dos insumos, a pandemia de coronavírus e as incertezas climáticas deixam pouco espaço para otimismo sobre o retorno às condições estáveis ​​do mercado", alerta Abdolreza Abbassian, economista-chefe da FAO. 

A agência de alimentos espera que o aumento dos preços dos alimentos contribua para uma conta global de importação de alimentos de US$ 1,75 trilhão no ano passado.

A “insuspeita” Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) revelou nesta terça-feira que a fome na América Latina e no Caribe atingiu a maior taxa desde 2000, já que no período 2019-2020 registrou um aumento de mais de 30 por cento, o que significa que mais 13,8 milhões de pessoas passam fome na região. Da mesma forma, no período 2019-2020, devido à influência da crise econômica causada pela pandemia de Covid-19, a fome afetou quase 59,7 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe, mais de nove por cento do total continente.

A FAO também detalha que pelo menos quatro em cada dez pessoas, o que equivale a cerca de 267 milhões, sofreram de insegurança alimentar moderada ou grave. Nesse sentido, esse número de pessoas supera em 60 milhões o registrado pela FAO em 2019, o que reflete um aumento de nove por cento, o maior entre todas as regiões do mundo.

O relatório fornece dados sobre a desigualdade social que corrobora a existência de um grande fosso entre homens e mulheres e é que em 2020, com o agravamento da crise, cerca de 41,8 por cento das mulheres da região sofriam com a desigualdade alimentar enquanto 32,2 por cento dos homens, (quase 10 por cento menos) sofreram com esse mal.

O número de pessoas que morreram de fome no mundo multiplicou-se por seis no ano passado em plena pandemia, superando em muito as mortes por covid-19, mesmo levando em consideração as estatísticas oficiais super estimadas.

A grave revelação é parte de um novo relatório da ONG Oxfam que relaciona a guerra, a crise econômica e a falta de água (para consumo humano e para a agricultura de subsistência, como as principais causas da crise humanitária, que simplesmente sumiu do “radar” da esquerda reformista mundial.

O relatório, intitulado ‘O vírus da fome está se multiplicando’, observa que até 12 pessoas morrem a cada minuto de fome e desnutrição, em comparação com cerca de seis pessoas que morrem a cada minuto de coronavírus.Note-se que ao contrário das “irrelevantes” (para a ONU) estatísticas da fome, os números da Covid são atualizados a cada minuto, em pelo menos duas plataformas da OMS que cobrem todo planeta. A Oxfam estima que 155 milhões de pessoas em todo o mundo, 20 milhões a mais que no ano passado - atualmente vivem em níveis de crise de insegurança alimentar ou pior.

A guerra e os conflitos políticos regionais continuam sendo a principal causa desta crise, respondendo por dois terços das mortes relacionadas à fome. A ONG cita países devastados pela guerra como Afeganistão, Palestina, Haiti, Etiópia, Sudão do Sul, Síria e Iêmen entre os piores pontos de desnutrição do mundo.

Além dos países afetados por conflitos, a insegurança alimentar se intensificou no que a organização descreveu como “epicentros emergentes da fome”, incluindo Índia, África do Sul e Brasil, alguns dos países mais atingidos pela pandemia covid-19. No entanto, mesmo as nações imperialistas com sistemas alimentares relativamente resistentes, como os EUA, foram afetadas pela pandemia e choques climáticos recentes, observa o relatório da Oxfam.Os grupos vulneráveis, como mulheres, imigrantes e trabalhadores informais, são os mais afetados pela crise.

Esse aumento nas mortes relacionadas à fome ocorreu em um ano em que os gastos militares globais aumentaram em US$510 bilhões, no mesmo patamar está o custo da comercialização das vacinas, o suficiente para cobrir seis vezes e meia o que as Nações Unidas estimam que sejam necessários para combater a fome no planeta. Enquanto isso, a riqueza dos dez rentistas mais ricos do mundo aumentou em US$413 bilhões no ano passado, 11 vezes o custo estimado pela ONU para garantir a assistência humanitária global. Enquanto a pandemia da fome deixou de existir, pelo menos para a esquerda reformista e seus “patrões” do Fórum de Davos, a pandemia da Covid vai se tornando um negócio muito lucrativo para as corporações imperialistas.