03 ANOS DA TRAGÉDIA DE BRUMADINHO: VALE, A MINERADORA ASSASSINA, SEGUE PROTEGIDA POR BOLSONARO, ZEMA E A JUSTIÇA BURGUESA
As chuvas das primeiras semanas de 2022 em Minas Gerais têm colocado a mineração em alerta, ao mesmo tempo em que moradores de áreas próximas às minas e às barragens voltam a temer a repetição de tragédias como a de Brumadinho (MG). A maior tragédia ambiental do Brasil completou três anos neste 25 de janeiro de 2022. O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho matou quase 300 pessoas e, até hoje, algumas vítimas ainda estão desaparecidas no meio da lama de rejeitos de minério. Passado 3 anos, a produção de minério de ferro da Vale (VALE3) voltou ao nível recorde alcançado antes do rompimento da barragem em Brumadinho em 2019, que suspendeu operações e levou a acusações criminais, além das mortes voltarem a ocorrer, como a de um operário em dezembro de 2020 após o desmoronamento do talude de uma barragem!
O rompimento aconteceu na chamada “Mina Feijão”. Os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. As imagens mostraram a região tomada por um mar de lama, apenas pouco mais de três anos após a tragédia ambiental de Mariana. O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho acontece três anos após o desastre de Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil, que aconteceu em novembro de 2015. Na ocasião, a barragem de Fundão, da Samarco (propriedade da Vale e da BHP), se rompeu, matando 19 pessoas e provocou um tsunami de lama que avançou sobre a bacia do rio Doce até chegar ao litoral do Espírito Santo.
Não resta dúvida que a responsabilidade pela tragédia humana e ambiental é das grandes empresas mineradoras que rapinam as riquezas do Brasil através da apropriação extensa de territórios e da super-exploração dos trabalhadores. Essa rapina inclui remoções forçadas de famílias e comunidades nativas, poluição das nascentes, dos rios, do ar, poluição sonora, desmatamento, acidentes de trabalho, de trânsito, concentração privada da riqueza e distribuição pública dos impactos. O desastre criminoso de Brumadinho aconteceu dentro de uma sequência de outras tragédias ocorridas em várias regiões do país, ficando impunes as empresas mineradoras que os provocaram. Segundo os dados do DNPM existem mais de 700 barragens de rejeito em Minas Gerais, dentre as quais, 43 em alto risco de rompimento, algumas com potencial maior do que as duas que já se romperam nos últimos 3 anos, agravando ainda mais a crise hídrica na região, prejudicando a vida de milhões de pessoas. A busca do lucro foi o motivo central da tragédia humana e ambiental de Brumadinho e anteriormente de Mariana.
Apesar da “grande mídia” ter apresentado Fabio Schvartsman na época como presidente da Vale, o empresário Benjamin Steinbruch é o verdadeiro dono da empresa, a atual diretoria é completamente subordinada as suas ordens. Steinbruch é o grande acionista privado proprietário da Vale do Rio Doce.
Quando em 1997, a empresa foi privatizada pelo governo FHC, o consórcio Brasil, liderado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) comprou 41,73% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa que pertenciam a União. Nos últimos 20 anos houveram várias mudanças no controle acionário mas Benjamin Steinbruch continua controlando a empresa com mão de ferro, assim como faz com a CSN. Tanto é assim que Hamilton Mourão, o vice de Bolsonaro, informou que o governo estuda propor o afastamento da diretoria “laranja” da companhia, deixando Steinbruch completamente livre de responsabilidade: “Essa questão da diretoria da Vale está sendo estudada pelo grupo de crise e vamos aguardar para ver quais são as linhas de ação que eles estão levantando. Mas eu tenho que estudar isso aí, não tenho certeza que possa fazer essa recomendação”, disse o General ao O Globo.
Há um acordo entre a grande mídia capitaneada pela Rede Globo, os governos Bolsonaro e Zema e o todo poderoso Benjamin Steinbruch para preservar a Vale que continua extraindo minério de ferro e outros minérios altamente valorizados clandestinamente em Minas Gerais, as barragens são apenas onde se depositam junto com a água os resíduos dos produtos químicos usados para separar o ferro e outros minérios ainda mais nobres estratégicos, como Nióbio, que são extraídos do subsolo nacional em uma sangria que dura décadas.
Com apenas 100 gramas de Nióbio, no meio de uma tonelada de aço, a liga se torna muito mais forte e maleável. Carros, pontes, turbinas de avião, aparelhos de ressonância magnética, mísseis, marcapassos, usinas nucleares, sensores de sondas espaciais… praticamente tudo o que é eletrônico, ou leva aço, fica melhor com um pouco de nióbio. Não por acaso, as minas propriamente ditas sequer são mostradas na TV, com os caminhões lotados de minérios, os noticiários apenas mostraram a lama do rejeito e o resgate das vítimas. Isto porque a mineração representa quase 10% do PIB de Minas Gerais, responsável por mais da metade da produção de minerais metálicos do país. Por ano, cerca de 300 municípios mineradores despejam no mercado quase 200 milhões de toneladas de minério de ferro.
Os lucros privados da Vale geram realidade de risco constante no plano socioambiental. De acordo com o Banco de Dados de Barragens da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Minas possui 698 barragens de rejeitos minerais, sendo que duas dezenas delas não têm estabilidade garantida. Por essa razão, a maioria dos mortos são funcionários da Vale e terceirizados, sendo Benjamin Steinbruch o grande assassino responsável pela tragédia humana e ambiental de Brumadinho que acaba de completar 2 anos. Na época propomos que o movimento operário organizado, os sindicatos deveriam exigir que todas as operações nas demais minas da Vale sejam suspensas imediatamente por tempo indeterminado, com a garantia dos empregos e salários, de modo a averiguar as condições de segurança para os trabalhadores e comunidades próximas. É preciso que seja feita uma revisão do método para classificação de risco pelos órgãos reguladores e fiscalizadores como o IBAMA que não sejam controlados pela influência das grandes minerados.
Em pouco mais de 3 anos, 2 complexos mineradores com barragens classificadas em baixo risco tiveram rompimentos desastrosos, gerando centenas de vítimas. Além disso, faz-se necessário rever o alteamento de barragens a montante, um método antigo, simples e econômico para as mineradoras, mas que envolve grande riscos, inclusive associados a perda de vida humana. Afinal, outras barragens da empresa podem romper a qualquer momento, causando mais mortes e destruição.
Por fim devemos mobilizar pela prisão de Benjamin Steinbruch, este grande capitalista assassino que é protegido pela Globo e o governo Bolsonaro-Zema, lutando pelo confisco de seus bens ao mesmo tempo levantando a bandeira da reestatização da Vale sob o controle dos trabalhadores.
Os bens e o dinheiro em contas bancárias da Vale devem ser confiscados, para atender às vítimas. Registre-se que a Vale abocanhou somente no terceiro trimestre de 2018 lucro de 5,7 bilhões de reais. Trata-se de uma mega empresa que ostenta lucros astronômicos em benefício de grandes acionistas nacionais e estrangeiros, comandados por Benjamin Steinbruch, enquanto os trabalhadores da Vale pagam com sua vida para engordar esses parasitas!
Três anos após a tragédia humana e ambiental em Brumadinho, é necessário reforçar a luta pela reestatização da Vale do Rio Doce sem indenização assim como a exploração das riquezas nacionais sobre o controle dos trabalhadores. A Vale deve ter seus bens confiscados e seus lucros retidos a fim de serem revertidos para pagar as indenizações aos trabalhadores, moradores e o conjunto da população dos municípios atingidos pela lama tóxica da extração de minério de ferro!