sábado, 29 de janeiro de 2022

KAMALA HARRIS NA POSSE DE XIOMARA ZELAYA: GOVERNO DA CENTRO-ESQUERDA VOLTA A GERENCIAR NEGÓCIOS DA BURGUESIA EM SINTONIA COM A CASA BRANCA

A presença do vice-presidente norte-americana Kamala Harris para prestigiar a posse de Xiomara Zelaya deixou uma mensagem clara sobre a posição da Casa Branca em Honduras: apoio ao novo governo que se comprometeu a gerenciar os negócios da burguesia em sintonia com a “nova ordem mundial” do imperialismo “civilizatório” com isolamento social e controle sanitário! Sua frágil gestão que se inicia será alvo de chantagem permamente da Casa Branca, a começar pela exigência da manutação da base militar no país. 

Harris não chegou pelo aeroporto internacional de Tegucigalpa, mas fez uma aparição diretamente na base militar dos EUA em Honduras, chamada “Enrique Soto Cano”. Essa base militar, usada como ponto de partida contra as insurgências na região durante as décadas de 1970 e 1980, foi um centro de discórdia entre os governos Obama e Zelaya, o que provavelmente levou à sua derrubada. 

Durante sua gestão, o marido do atual presidente tentou converter o assentamento militar em um aeroporto. No dia do golpe, o então presidente Zelaya foi preso e levado para aquela base, onde havia pelo menos 600 soldados norte-americanos, antes de ser retirado à força do país. A chegada de Harris por Enrique Soto Cano enviou um sinal inequívoco: é uma questão de honra para o país norte-americano manter essa base.

A vice-presidente Harris chegou com o desejo de fornecer apoio para ajudar a mitigar a situação econômica doméstica e, assim, reduzir a migração para os EUA, que é a grande dor de cabeça do governo Biden. E é que o epicentro do problema migratório para os EUA é gerado na América Central, especialmente no chamado Triângulo Norte, onde estão localizados El Salvador e Guatemala, além de Honduras.

Segundo o resumo da reunião redigido pelo Departamento de Estado: "A vice-presidente Harris considerou positiva a oportunidade de colaborar com o presidente Castro no início de seu governo e destacou que a recente eleição representa um mandato para uma mudança positiva em Honduras ". No texto, que insiste que há muitas maneiras de promover "interesses comuns", é detalhado que tanto Harris quanto Castro "analisaram maneiras pelas quais os Estados Unidos e Honduras podem trabalhar juntos para promover uma recuperação econômica equitativa e inclusiva, estimulando crescimento e a criação de empregos de qualidade".

Nesse momento, os EUA prometeram enviar uma missão comercial de alto nível e uma delegação empresarial, que será chefiada pelo Departamento de Comércio, para promover "oportunidades de negócios em Honduras", como parte de um plano de ação anunciado pelo vice-presidente em maio do ano passado, o que teria gerado investimentos da ordem de 1.200 milhões de dólares na região por parte do setor privado. Segundo porta-vozes oficiais declarados antes do encontro, o apoio inclui a iniciativa privada a cargo de empresas como PepsiCo, Microsoft e Master Card.

Com o aval da nova orientação do imperialismo ianque para a América Latina, ou seja, empossar governos da Centro Esquerda burguesa para controlarem (enterrarem) com mais “consistência” as revoltas populares, Lula está seguro que retornará ao Planalto em 2022. Neste roldão falsamente democratizante ingressou Boric no Chile, na Colômbia sairá o neofascista Ivan Duque para dar lugar ao reformista Gustavo Petro, que se juntará aos encurralados Arce na Bolívia e Pedro Castillo no Peru. A essa listra se acrescenta Xiomara Zelaya.

Porém como ocorre na Bolívia, Argentina, Peru e México, estes governos estão sob chantagem direta das forças reacionárias, e seguindo à risca o “cardápio” imposto pela governança global do capital financeiro. Neste sentido são mais úteis aos monopólios financeiros imperialistas do que os recalcitrantes gerentes da extrema direita. O Deep State ianque já se livrou inclusive do neofascista Trump, eliminar os periféricos Macri, Pineda, Duque e Bolsonaro é uma tarefa de “jardim de infância” para os “arquitetos” da CIA. É claro que esta operação de reciclagem política na “colônia latina” é realizada sob o manto do sufrágio universal e da suposta “vontade do povo” expressa nas urnas.

A crise estrutural capitalista se agudiza no mundo inteiro, a pandemia do Coronavírus não passa de uma tentativa de queimar parte do excesso de super produção de mercadorias, otimizando o negócio trilionário das vacinas da Big Pharma, entretanto gera na outra ponta da economia o desemprego, inflação e fome. A rebelião popular global está em um crescente desenvolvimento político, para contê-la não basta só a repressão policial e militar, é necessário convocar os coveiros da revolução para gerenciar a crise do Estado capitalista, é aí que entram em cena para o imperialismo as Xiomara, os Boric e Lulas da vida...