segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

LANÇAMENTO DO MARICOIN: O IDENTITARISMO FINANCEIRO À SERVIÇO DE TENTAR PINTAR O CAPITALISMO COM AS CORES DO “ARCO ÍRIS”

O mundo da especulação financeira das criptomoedas tem mais uma “mercadoria” neste mês de janeiro: O Maricoin. É uma criptomoeda relacionada à comunidade LGBTI que surgiu na Espanha, mais precisamente no coração de Chueca, o bairro mais “diversificado” de Madri. Desde o passado dia 31 de dezembro, esta moeda virtual foi aceita como meio de pagamento em 25 estabelecimentos em Madrid, Barcelona, ​​​​Gran Canaria ou na “badalada” Ibiza. As instalações 'gayfriendly' nas quais o seu uso é permitido exibirão um 'M' na porta.

Maricoin nasceu de um encontro de amigos no bairro da Chueca, no calor de uma conversa sobre a possibilidade de ter um meio de pagamento para a comunidade LGTBI. Desde aquela conversa informal, mais de três anos se passaram. Os estabelecimentos comerciais que queiram participar do “jogo” devem assinar um manifesto no qual se rejeita a homofobia.

O nome da moeda, Maricoin, refere-se à palavra 'maricón', termo pejorativo usado para designar homens homossexuais que o coletivo financeiro na Espanha ressignificou e usa como símbolo de orgulho, e a palavra inglesa “coin”, moeda. Nesta linha, as transferências de Maricoins serão chamadas de “trans”. O projeto estava “surfando” na mídia corporativa nas semanas que antecederam seu lançamento e, em 31 de dezembro, uma grande lista de espera de todos aqueles que queriam obter seus próprios Maricoins já havia sido criada.

O mega empresário espanhol Juan Belmonde, proprietário da conhecida cadeia de cabeleireiros “Juan por Dios”, é a alma deste projeto.  “Isso nos dará poder neste mundo capitalista globalizado”, explicou ele em um vídeo sobre a primeira criptomoeda LGTBI. Belmonde sustenta que, segundo vários estudos em revistas econômicas, “Se a comunidade gay fosse um país, seria a quarta maior economia do mundo”, pelo que afirma que está na altura de ter a sua própria moeda virtual. Os criadores do Maricoin esperam que este meio de pagamento, que definem como “social, ético, transparente e transversal”, possa operar em bolsa de valores já a partir de 2022.

Esta nova moeda virtual adotou o modelo 'altcoin', o que significa que não tem um valor definido, mas sim o seu valor dependerá da oferta e da procura. Durante este mês de janeiro pretendem emitir 500 milhões de dólares em maricoins, no valor de 50 maricoins por um euro. O projeto recebe financiamento do braço de investimentos da Algorand, Borderless Capital, um fundo de capital de risco dedicado a alimentar os novos projetos descentralizados do rentismo.

O Maricoin nada mais é do que o capitalismo financeiro tingido de “arco-íris”, outro golpe midiático do rentismo para abocanhar um enorme nincho do mercado. Um produto que leva o “selo” do Fórum de Davos, que patrocina a política do identitarismo como uma das expressões da Nova Ordem Mundial, com o objetivo claro de dissolver a luta de classes em um amálgama reformista para tentar inutilmente resgatar o “capitalismo com face humanista e sustentável”…