LANÇAMENTO DO MARICOIN: O IDENTITARISMO FINANCEIRO À SERVIÇO DE TENTAR PINTAR O CAPITALISMO COM AS CORES DO “ARCO ÍRIS”
O mundo da especulação financeira das criptomoedas tem mais uma “mercadoria” neste mês de janeiro: O Maricoin. É uma criptomoeda relacionada à comunidade LGBTI que surgiu na Espanha, mais precisamente no coração de Chueca, o bairro mais “diversificado” de Madri. Desde o passado dia 31 de dezembro, esta moeda virtual foi aceita como meio de pagamento em 25 estabelecimentos em Madrid, Barcelona, Gran Canaria ou na “badalada” Ibiza. As instalações 'gayfriendly' nas quais o seu uso é permitido exibirão um 'M' na porta.
Maricoin nasceu de um encontro de amigos no bairro da
Chueca, no calor de uma conversa sobre a possibilidade de ter um meio de
pagamento para a comunidade LGTBI. Desde aquela conversa informal, mais de três
anos se passaram. Os estabelecimentos comerciais que queiram participar do
“jogo” devem assinar um manifesto no qual se rejeita a homofobia.
O nome da moeda, Maricoin, refere-se à palavra 'maricón',
termo pejorativo usado para designar homens homossexuais que o coletivo
financeiro na Espanha ressignificou e usa como símbolo de orgulho, e a palavra
inglesa “coin”, moeda. Nesta linha, as transferências de Maricoins serão
chamadas de “trans”. O projeto estava “surfando” na mídia corporativa nas
semanas que antecederam seu lançamento e, em 31 de dezembro, uma grande lista
de espera de todos aqueles que queriam obter seus próprios Maricoins já havia
sido criada.
O mega empresário espanhol Juan Belmonde, proprietário da
conhecida cadeia de cabeleireiros “Juan por Dios”, é a alma deste projeto. “Isso nos dará poder neste mundo capitalista
globalizado”, explicou ele em um vídeo sobre a primeira criptomoeda LGTBI.
Belmonde sustenta que, segundo vários estudos em revistas econômicas, “Se a
comunidade gay fosse um país, seria a quarta maior economia do mundo”, pelo que
afirma que está na altura de ter a sua própria moeda virtual. Os criadores do
Maricoin esperam que este meio de pagamento, que definem como “social, ético,
transparente e transversal”, possa operar em bolsa de valores já a partir de
2022.
Esta nova moeda virtual adotou o modelo 'altcoin', o que
significa que não tem um valor definido, mas sim o seu valor dependerá da
oferta e da procura. Durante este mês de janeiro pretendem emitir 500 milhões
de dólares em maricoins, no valor de 50 maricoins por um euro. O projeto recebe
financiamento do braço de investimentos da Algorand, Borderless Capital, um
fundo de capital de risco dedicado a alimentar os novos projetos
descentralizados do rentismo.
O Maricoin nada mais é do que o capitalismo financeiro
tingido de “arco-íris”, outro golpe midiático do rentismo para abocanhar um enorme
nincho do mercado. Um produto que leva o “selo” do Fórum de Davos, que
patrocina a política do identitarismo como uma das expressões da Nova Ordem
Mundial, com o objetivo claro de dissolver a luta de classes em um amálgama
reformista para tentar inutilmente resgatar o “capitalismo com face humanista e
sustentável”…