terça-feira, 11 de janeiro de 2022

SEGUINDO A POLÍTICA NEOLIBERAL DA GOVERNANÇA DO CAPITAL FINANCEIRO: DESTINO DA RÚSSIA PODERÁ SER O MESMO DO QUE O CAZAQUISTÃO

A Rússia se olha no espelho do Cazaquistão. Não só enviou suas tropas ao país da Ásia Central para proteger suas fronteiras, mas também por razões internas. Na Rússia, os “alarmes sociais” também estão soando, após dois anos de restrições sanitárias que mergulharam a maioria da população na miséria. Putin seguiu à risca as ordens da governança global do capital financeiro, recebeu pesados investimentos internacionais para fabricar e exportar sua própria vacina (Sputinik), aplicou rigorosamente no país a farsa do “Isolamento Social” como suposta maneira de deter o coronavírus, porém recebeu como “prêmio” por seu comportamento exemplar as forças da OTAN batendo em sua porta, além de ter provocado inutilmente uma crise em sua economia capitalista restauracionista, baseada fundamentalmente na exportação de gás natural, petróleo e armamentos. 

Em dezembro, Putin deu o alarme pelo mesmo motivo que no Cazaquistão: aumento dos preços. A inflação na Rússia é de 8%, mas os preços dos produtos alimentícios aumentaram 11% e os de frutas e vegetais 19%. A farinha de trigo subiu 11% e o grão favorito dos russos, o trigo sarraceno, que serve como alimento básico para grande parte da população, subiu 21%.  O preço dos legumes aumentou 98% e o da batata, 73%.

Um influente economista russo pediu a reintrodução de cartões de racionamento para garantir alimentação às famílias de baixa renda: “Se a pandemia é uma guerra, deve-se impor uma economia de guerra, que, além disso, serve também para a defesa contra ameaças externas”.

A OTAN vinha ameaçando diretamente na Ucrânia, enquanto “afiava a faca“ com a crise no Cazaquistão, país devorado há muitos anos pelas instituições financeiras do imperialismo e ONGs... além de seu próprio governo burguês neoliberal é claro.

Os imperialistas trouxeram seus peões para a liderança do aparato estatal restauracionista cazaque, verdadeiros cavalos de Tróia. O caso Massimov é apenas o mais conhecido. Há também o ex-ministro de Energia e Meio Ambiente, Mukhtar Ablyazov, um banqueiro que estava preso por peculato e depois se exilou na França. Através do Facebook, Ablyazov coordenou os protestos de Kiev na Ucrânia.

Um dos bandidos imperialistas que tem uma longa relação com o atual governo cazaque é Tony Blair, o pai da R2P, a suposta responsabilidade que os imperialistas assumiram de proteger as vítimas de violações de direitos humanos no mundo, o pretexto fútil para lançar guerras criminosas contra Iraque, Líbia e Síria. Não é por acaso que a rebelião no Cazaquistão, que custou 164 mortos e quase 6.000 feridos, saltou agora, em meio a um calendário muito apertado de negociações entre os Estados Unidos e a Rússia.

Começou ontem em Genebra a negociação entre os governos dos Estados Unidos e da Rússia sobre os dois tratados propostos por Moscou para impedir a adesão da Ucrânia à OTAN e a expansão da OTAN para as suas fronteiras. Amanhã é convocada uma reunião em Bruxelas entre a Rússia e a OTAN. Na quinta-feira há outra reunião em Viena no âmbito da OSCE.

Claro, falar sobre negociações é um eufemismo. Putin deixou bem claro que a entrada da Ucrânia na OTAN é uma linha vermelha que não permitirá que ninguém cruze. Porém a qualquer momento poderá estourar no próprio território russo uma “revolução colorida”, as bases políticas e sociais já estão bem fincadas para tal ação: Neoliberalismo e submissão ao cardápio programático do Fórum de Davos são os ingredientes decisivos para o início de uma guerra híbrida em qualquer parte do planeta, entretanto os governos do “nacionalismo tímido” insistem em seguir essa trilha...