quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

GUEDES E PETROBRAS COLOCAM A VENDA A MAIOR EMPRESA PETROQUÍMICA DO PAÍS: PREPARAR A GREVE GERAL DOS TRABALHADORES QUÍMICOS PARA BARRAR A ENTREGA DA BRASKEM 

De comum acordo, os Conselhos de Administração da Novonor (ex-Odebrecht) e da Petrobrás, detentores do controle acionário da Braskem, concordaram e deram andamento ao processo de venda das ações da companhia. As empresas anunciaram oferta secundária de até ações 154 milhões de papéis na B3 (Bolsa de São Paulo) e na Bolsa de Nova York. Desse total, 75,7 milhões de ações são da Petrobrás e 79,2 milhões pertencem à NSP Investimentos, holding da Novonor, ex-Odebrecht, que está em processo de recuperação judicial. Atualmente, a Novonor detém 38,3% da Braskem, sendo 50,1% de papéis ONs. A Petrobrás dispõe de 36,1% da Braskem, com 47% das ONs.

Na sexta-feira (14), protocolaram pedido de registro da operação junto na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) no Brasil e na Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados unidos da América do Norte, órgão reguladores do mercado acionário lá e cá. Pelo preço de fechamento da última sexta-feira das ações da Braskem, a operação movimentaria R$ 8 bilhões. Mais exatamente com base na cotação de fechamento das ações preferenciais da empresa na B3 e dos ADSs (recibo de ação negociado na Bolsa de Nova York), em 13 de janeiro de 2022, de R$ 52,05 e US$ 18,80, respectivamente.

A oferta é coordenada por Morgan Stanley, juntamente com J.P.Morgan, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Santander e UBS BB. Se a Novonor quer de desfazer de suas ações, inclusive para resgatar compromissos na sua condição de recuperação judicial é compreensível. A Petrobrás se desfazer da sua participação acionária está no contexto das privatizações predatórias levadas a efeito no programa de desinvestimentos da empresa desde 2015 que, junto com o foco exclusivo de exploração e exportação do petróleo do Pré-Sal, vem presidindo a companhia.

A Braskem é maior e mais importante empresa petroquímica do Brasil e uma das grandes do mundo. Foi a principal aposta da Petrobrás em desenvolver empresas no setor fortalecendo a iniciativa privada, entrando inclusive como sócia ou capital a custo zero. Foi também fortemente subsidiada por financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e por capital do Bandespar, braço de investimentos do BNDES.

A direção da Petrobrás, com a concordância do ministro rentista Guedes e do presidente neofascista Bolsonaro, ao abrir mão de todo esse esforço financeiro e de conquista de tecnologia nacional em um setor de ponta, estratégico para qualquer economia capitalista, não esconde a mentalidade subalterna ao imperialismo  que traz entre seus propósitos tornar o Brasil um produtor e exportador de matéria primas e mercado comprador dos produtos produzidos pelos países centrais. Uma repetição do colonialismo do século XIX, cuja execução está em curso desde os governos FHC, passando pelas gerências estatais do PT e produziu a maior crise econômica e social que o Brasil já viveu no período do atual presidente da extrema direita neoliberal.

Desemprego, queda na renda, endividamento das famílias, inflação, carestia, recessão econômica, miséria, fome, devastação ambiental. Um sistema internacional cuja “virtude” mais recente foi criar um novo bilionário a cada 26 horas desde o início da crise pandêmica. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de resinas termoplásticas no Brasil. Isso se traduz em vantagens competitivas, como escala de produção e eficiência operacional. A primeira geração produz os petroquímicos básicos como eteno e propeno a partir da nafta, do gás natural e do etano.

A Companhia tem por objeto: a) fabricação, comércio, importação e exportação de produtos químicos e petroquímicos, e derivados de petroquímica; b) produção, distribuição e comercialização de utilidades tais como: vapor, águas, ar comprimido, gases industriais, assim como a prestação de serviços industriais; c) produção, distribuição e comercialização de energia elétrica para seu consumo próprio e de outras empresas; entre ouras previstas no objeto social da empresa. É urgente mobilizar os trabalhadores químicos e petroleiros para a preparação da greve geral do setor, no sentido de barrar a venda e lutar pela estatização total da Braskem.