terça-feira, 10 de novembro de 2020

PSTU CHAMA A VOTAR NO PSOL EM VÁRIAS CIDADES: MORENISTAS INGRESSAM PELA “PORTA DOS FUNDOS” DA FRENTE POPULAR 

O PSTU denuncia que “em todo o país, as candidaturas do PSOL têm se apresentado como gestores de um capital ‘mais humano’, como um PT requentado. Mesmo em Salvador, o candidato Hilton Coelho, de uma corrente da “esquerda do PSOL”, defende um programa insuficiente para resolver a fundo as necessidades da classe trabalhadora, do povo pobre e negro de nossa cidade” (05.11). Entretanto logo depois chama o voto no PSOL: “Não tivemos condições de apresentar uma candidatura que expresse esta alternativa socialista e revolucionária em Salvador. Por este motivo, chamamos o voto crítico no PSOL e conclamamos os trabalhadores, jovens, negros e negras, mulheres e LGBTS a construir esta alternativa revolucionária”. O mesmo ocorre em Fortaleza e outras cidades como Guarulhos. Em resumo, para não chamar o voto nulo e denunciar o circo eleitoral burguês, o PSTU apoia o programa de conciliação de classes do PSOL e mesmo do PT, como ocorreu no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, quando apoiou Haddad.

O PSTU vem denunciando corretamente o programa da candidatura de Boulos-Erundina. Afirma que “A concepção da ‘revolução solidária' de Boulos é o contrário da solidariedade de classe. É igual à concepção burguesa e pequeno-burguesa: uma ação caritativa e beneficente. Não há nem uma palavra de incentivo à luta ou à organização da classe trabalhadora”. Por sua vez, denuncia que “Ao contrário da propaganda de Boulos, Erundina foi uma gestão burguesa que não enfrentou a máfia dos transportes. Ela se aliou a ela para esmagar a greve e privatizar os transportes”. Essa justa denuncia do PSTU entretanto é extremamente limitada porque quando pressionado pela disputa eleitoral da democracia fraudada dos ricos, o mesmo PSTU vota nos candidatos do PT e do PSOL em nome de “derrotar a direita”, esquecendo de todas as críticas que fez aos programas reformistas de colaboração de classes que antes tanto denunciava.

Foi assim as eleições municipais de 2016, quando votou em Freixo na disputa pela prefeitura do Rio e em 2018 quando chamou o voto em Haddad para “derrotar Bolsonaro”. O PSTU negava até ontem o avanço das tendências fascistas no Brasil e denunciava a pressão para apoiar o PT em nome desse “fantasma” acabou pregando o voto no PT e integrando uma frente “democrática” com o PDT e o PSB vamos impedir uma ditadura militar no Brasil! Quanta mudança em tão pouco tempo!

A militância do PSTU não tem qualquer moral política para criticar o grupo Resistência (PSOL), que aplica uma orientação socialdemocrata parida do ventre do seu progenitor Morenista. Tanto em Belém como no Rio de Janeiro as candidaturas do PSOL não representavam as “sombras” da burguesia e sim os seus mais declarados representantes, a começar pelo próprio Edmilson, que foi financiado por empreiteiras, empresas de ônibus e de limpeza urbana ou mesmo Freixo, apoiado pela Rede Globo. Não por acaso, tiveram ao seu lado o PCdoB, em uma típica frente popular de novo tipo nos mesmos moldes da montada pelo PT.

O certo é que os Morenistas estão completamente despreparados para travarem um debate político-programático consistente com o PSOL e seus ex-camaradas da Resistência, pela simples razão de que também estão corroídos pelo “cupim” da democracia burguesa e seu regime de benesses sindicais e corporativas, apesar de ainda proclamarem formalmente a vigência do partido Leninista.