segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

SOB ENCOMENDA DO CAPITAL FINANCEIRO: PANDEMIA ELEVA A DÍVIDA PÚBLICA DOS PAÍSES, INCLUSIVE A DOS EUA, A UM NOVO RECORDE DO PATAMAR HISTÓRICO MUNDIAL 


De acordo com o “Debtclock” um site norte-americano que registra o endividamento de alguns países, a relação dívida bruta pública em relação ao produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos atingiu na pandemia o patamar de 100,79%(ultrapassando a casa dos 100%, o que não ocorria desde a 2.ª Guerra Mundial).Esse acelerado aumento em um curto período é resultado direto dos gigantescos “pacotes da ajuda” financeira para grandes corporações, aprovados como justificativa no esforço de minimizar o impacto econômico da pandemia. Porém o que ocorreu na verdade com a “chuva de dinheiro jogada de helicóptero” pelos rentistas no mundo todo, foi o encobrimento da crise de superprodução capitalista, que com a quarentena global ganhou um álibi de peso. Só para se ter uma ideia da avalanche de capital virtual despejado na economia, em particular do imperialismo ianque, na década de 1960, 70 e 80 a dívida norte-americana girava na casa dos 30% a 35% do PIB, agora ultrapassou a casa do 100%, o que significa simbolicamente que toda a riqueza o país pode ser penhorada, ou mesmo resgatada pelos seus credores, é o fim da soberania nacional do país mais poderoso do mundo! Não por coincidência, agora é a governança global do capital financeiro que “fala mais grosso” no planeta, inclusive subjugando a gerência da própria Casa Branca, como ocorreu na pandemia e nas ultimas eleições presidenciais, onde o direitista Trump foi descartado como uma peça já inútil aos planos estratégicos do Deep State (braço operacional da governança global). 

Além da maior economia do mundo, ainda a dos EUA, merecem destaque também a relação entre dívida bruta e PIB registrada pelo “falido” Japão (269,62%), e pelos países imperialistas Reino Unido (108,08%), França (116,35%), Itália (162,30%) e Canadá (109,72%), ou seja, todos com endividamento maior do que a produção econômica nacional. Entre os países imperializados, os níveis de endividamento são historicamente mais baixos por causa das condições internas da economia periférica e dependente, mas com forte viés de alta no patamar, como Argentina (73,91%) e México (72,88%), por exemplo, também indica a gravidade da situação. No caso do Brasil, maior economia capitalista da América Latina, pela estimativa do governo federal, a dívida deve terminar o ano em 91% do PIB , no final do ano passado, estava em 74,3%, uma elevação de cerca de 20%, isto sem registrar ainda os últimos ingressos dos empréstimos para o reforço do Tesouro Nacional com o pagamento das obrigações financeiras do mês de dezembro. Se antes da pandemia os tecnocratas neoliberais do Planalto já afirmavam que não haviam recursos para investimentos públicos em áreas essenciais, imaginem agora pós pandemia.

Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que 90% dos países imperialistas estão com nível de endividamento muito maior agora do que na última recessão global, a chamada crise financeira internacional, que começou em 2007 e perdurou até meados de 2009. Só que nesta conjuntura pandêmica, o grande reset na economia capitalista foi “programado” sanitariamente, um artifício da governança global para maquiar a crise estrutural do modo de produção capitalista. O pior é que os idiotas da esquerda reformista domesticada não querem ver a clara “coincidência” na relação entre a virose mundial e o colapso capitalista, para a Social Democracia o coronavírus não passa de um acidente da natureza, um escape do patógeno de um “morcego para o homem”, qualquer questionamento marxista contrário deve ser logo carimbado como “teoria da conspiração”...

Um elemento central nesta crise mundial, e que não poderia “passar em branco” em uma análise econômica rigorosa do marxismo, é a China, a locomotiva capitalista do mundo, um dragão que “engole ferro e cospe aço”, já superando em muito a produção industrial dos EUA. Como foi o “modelo” dos reacionários protocolos de isolamento social orientados pela OMS, até por ter sido apontada inicialmente como o “foco” do coronavírus, a China se disse recuperada da pandemia muito antes dos países imperialistas, que afirmam viver o “inferno da segunda onda”. Sua economia, um misto de indução estatal e investimentos capitalistas privados, a maioria deles inclusive oriundos dos EUA, está agora operando com capacidade plena, e obteve um crescimento do PIB em 2020, apesar do lapso sofrido em quase três meses de uma quarentena rígida. 

O grande debate travado no seleto clube dos países imperialistas, diante do triunfo da China em meio à recessão mundial, é o de que o país asiático fez muitos empréstimos a países “em desenvolvimento” com condições que não são transparentes e com taxas de juros mais altas do que as que poderiam pagar. A este elemento se soma o fato dos investimentos reais(não financeiros) que o governo Chinês realizou em setores econômicos dinâmicos de vários países periféricos do mundo, seja para concretizar sua nova “rota da seda”, ou simplesmente por razões geopolíticas. Porém o fulcro do debate sobre a dinâmica econômica chinesa, se concentra em um ponto nevrálgico da correlação de forças internacional, cerca de um quarto da dívida pública dos EUA está nas mãos do governo chinês (3,5 trilhões de dólares só em títulos da dívida pública do Tesouro), o que se resgatados colocariam em colapso não somente a economia do imperialismo ianque, mas todo o capitalismo mundial. Por isso é que o Marxismo não pode falar de uma “autarquia chinesa socialista”’, sua economia está intrinsicamente ligada aos rumos financeiros do rentismo internacional, que ainda tem sua sede em Wall Street, e que do qual o “repentino” crescimento chinês é apenas uma criatura. Em síntese podemos concluir neste breve artigo, que tanto o “dragão chinês”, como a “águia ianque”, muito mais além das fortes escaramuças de uma “guerra comercial”, estão umbilicalmente entrelaçadas pelo mesmo capital financeiro, que é apátrida! Entretanto essa caracterização não elimina a possibilidade, ainda não tão iminente, de que o centro financeiro do planeta venha a “mudar de local”, se estabelecendo em Pequim, o que forçaria inevitavelmente a um conflito militar entre os blocos, de proporções imprevisíveis para a humanidade.