sábado, 2 de janeiro de 2021

2021 COMEÇA COM MAIS UM ASSASSINATO POLÍTICO A MANDO DO TERRORISMO DE ESTADO NA COLÔMBIA: 250 EX-GUERRILHEIROS DAS FARC MORTOS APÓS OS “ACORDOS DE PAZ”

Com mais um assassinato pelo terror estatal no começo de 2021 já foram 250 ex-guerrilheiros mortos desde a assinatura do Acordo de Paz em 2016. “As violações do Estado continuam sendo os pilares desse extermínio. Dói na alma”, destaca a direção do partido da FARC (Fuerza Alternativa Revolucionaria del Común) que se integrou ao simulacro de democracia da Colômbia. Nos primeiros dias de janeiro de 2021 ocorreu o assassinato de uma ex-guerrilheira das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e sua irmã. De acordo com uma mensagem no Twitter da organização política, o crime das signatárias da paz Yolanda Zabala, 22, e Reina, 17, ocorreu no município de Briceño (departamento de Antioquia). As mortes foram registradas poucos dias após o assassiato de outros dois ex-integrantes do grupo armado: Rosa Amalia Mendoza  em Quebrada Honda (Bolívar) e Manuel Alonso em Miranda, Cauca.

No total, desde a assinatura do Acordo de Paz em novembro de 2016 entre o governo colombiano do ex-presidente Juan Manuel Santos e as FARC, registrou-se 1.091 assassinatos de líderes sociais. A maioria dos líderes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados ao longo desses quatro anos eram  líderes indígenas (294), seguidos por líderes de comunidades camponesas (203) e líderes cívicos (125). No total, os conflitos agrários por terra, território e recursos naturais representam 79,37% dos homicídios.

Com uma plataforma reformista e de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as armas e se transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia. Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticaram publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC nesses três anos porque essas medidas desgraçadamente levaram paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar.

Através de concessões crescentes se apostou na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere. Sempre alertamos que a única ‘paz’ que sairia dos “acordos” é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC foram sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo.

É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras como o ELN, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias.

Perante o terror de Estado que assassina o povo na impunidade da justiça burguesa, devemos redobrar as denúncias, os bloqueios e a mobilização nas ruas! Todas as iniciativas e esforços devem ser colocados juntos para avançar na preparação da Greve Geral Indefinida na Colômbia e na constituição de comitês de autodefesa!

A LBI, apesar de nossas profundas divergências com o programa das FARC (hoje transformada em partido político legal) mantém de pé a tarefa da defesa militar e política incondicional dos militantes da guerrilha que não abandonaram a luta frente aos ataques do atual governo ultrarreacionário de Iván Duque, que permanecem mesmo após a sua deposição de armas. Em oposição pelo vértice aos revisionistas do Trotskismo e dos estalinistas “moderados” que condenaram as FARC pela adoção da luta armada, isolando-a ainda mais para que sejam presa fácil da burguesia na defesa da democracia dos ricos, defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação com os combatentes, porém com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. 

Honrando o sangue derramado pelos guerrilheiros das FARC assinados em combates ou depois do "acordo de paz", apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres!