NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA CEDAE/RJ: BARRAR A ENTREGA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DOS ESTADOS AOS TUBARÕES PRIVADOS COM A LUTA DIRETA DOS TRABALHADORES A NÍVEL NACIONAL!
Na calada da noite de 2020, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, aliado da familícia Bolsonaro colocou à venda a maior empresa do estado, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE/RJ), empresa responsável pela geração de água e tratamento do esgoto em boa parte do estado. O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, afirmou que a CEDAE é a “joia da coroa” de uma série de privatizações de empresas públicas de água e esgoto no Brasil.
A entrega deste imenso patrimônio público aos magnatas era uma agenda de todos golpistas, desde os tempos de Pezão e Temer. O modelo encontrado é terrível para a população e fantástico para os tubarões privados. De acordo com o projeto de privatização, os serviços de distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto passam a ser feitos por empresas privadas e a captação e tratamento de água continuam sob responsabilidade do Estado. A concessão terá validade de 35 anos.
O projeto privatista prevê a divisão do serviço em quatro blocos regionais, ou seja, quatro empresas vão realizar o serviço que atualmente é feito pela Cedae. Os envelopes com as empresas vencedoras da licitação serão abertos no dia 30 de abril de 2021, no prédio da Bolsa de Valores, em São Paulo. É preciso barrar essa entrega através da luta direta dos trabalhadores do sistema de água e saúde não só do Rio de Janeiro, mas de todo o país, na medida que o BNDES lançou um cronograma de privatização para todo o país.
Existem negociações para o BNDES iniciar a operação de privatizações em diversos Estados. O presidente do BNDES considera a privatização da empresa fluminense como uma prioridade. Para justificar a privatização da Cedae e de outras empresas públicas estaduais, Montezano citou a aprovação do Marco Legal do Saneamento Básico –conjunto de normas, regras e leis que tratam da regulação do setor. O texto facilita a entrega das empresas públicas aos tubarões privados. “Temos ativos federais e estaduais. O debate sobre privatização se concentra na esfera federal, mas a esfera estadual possui patrimônio enorme e temos secretários estaduais engajados nisso após a aprovação do marco do saneamento”, disse o presidente do BNDES.
Eis os Estados e municípios em que o BNDES atuará na privatização das empresas de água e esgoto, de acordo com seção do site do banco destinada ao tema (Ceará – edital previsto para o 2º trimestre de 2021; Porto Alegre (RS) – edital previsto para o 1º trimestre de 2021; Rio de Janeiro – edital previsto para o 1º trimestre de 2021; Rio Grande do Sul – edital previsto para o 1º trimestre de 2021).
A privatização da Cedae é uma exigência feita pelo governo federal em 2017, sob a gerência Temer/MDB, como condição para a suspensão de dívidas do estado do Rio de Janeiro com a União, sob o regime de Recuperação Fiscal e o oferecimento de um empréstimo de 3, 5 bilhões ao estado fluminense. A medida foi ratificada e aprovada à época pelo então governador e atualmente preso, Luiz Fernando Pezão. Em abril de 2020, o neofascista Wilson Witzel, atual governador afastado e que sofre processo de impeachment, mandou para a assembleia estadual um projeto de lei que prevê o retorno de um programa estadual de desestatização datado de 1995.
O projeto extingue os artigos 9º e 10º da lei nº 7941/2018
sob o argumento de que essa lei colocou um entrave à privatização que previa o
Regime de Recuperação Fiscal. Com isto, o terrorista Witzel autorizou a
privatização de 19 instituições, entre elas a Cedae. Em janeiro de 2020, quando
o estado do Rio de Janeiro passava por uma enorme crise hídrica, Witzel
declarou sordidamente que a despoluição da água do Guandu só seria viável com o
dinheiro arrecadado pela venda da empresa estatal. Isso, após ele mesmo ter
exonerado uma grande parcela dos funcionários da companhia, dando sequência a
um processo antigo de sucateamento e precarização dos serviços prestados pela
Cedae.
Witzel seguiu a cartilha. Quando um governo quer entregar
uma estatal para o capital privado não estatal começa por demitir, terceirizar
e sucatear a manutenção dos equipamentos. Assim, com a queda na qualidade do
serviço busca justificar a privatização, que leva à piora dos serviços e eleva
a exploração dos funcionários. Cada vez que um serviço é privatizado, o valor
da tarifa aumenta para garantir o lucro das empresas. Isso gera desemprego,
pois demitem trabalhadores de anos e contratam terceirizados, aumentando o
lucro da grande burguesia. É o que vem acontecendo com a Cedae.
Tentam justificar a privatização da CEDAE oferecendo duas
mentiras grosseiras à população. A primeira mentira é que os bilhões que
arrecadariam serviriam ao povo fluminense. Bolsonaro repete isso frequentemente
em suas lives falando que haverá dinheiro para investimento. Se recurso em
caixa do Estado significasse investimento o povo carioca não sofreria com
transporte precário, falta de moradia digna e falta de acesso à saúde pois não
faltam recursos do petróleo que entram ano a ano.
A segunda mentira que contam é que as empresas privadas
fariam grandes investimentos para melhorar a qualidade da água no Rio e até
mesmo despoluiriam a Baía de Guanabara. Olhando para Mariana e Brumadinho ou o
apagão do Amapá fica bem claro o que as empresas privadas fazem, buscam
freneticamente o caminho de maior lucro em detrimento do ambiente, das pessoas.
Porque seria diferente aqui? Ou por acaso a Supervia privatizada significou
maior frequência dos trens? Ou seriam as caríssimas barcas e metrô o modelo?
Está evidente que são desculpas esfarrapadas que Castro, Bolsonaro, Guedes, e a
Globo repetem.
Além da previsível falta de investimento, tal como acontece nas Barcas, na Supervia, a empresa ganhadora fará lobby com o governo do Estado para aumentar o preço da água fornecida, tal como acontece hoje em dia com a energia elétrica que é produzida por estatais como a Eletrobrás e Eletronuclear e vendida por empresas privadas a preços que são um verdadeiro assalto. Outro lobby previsível é de diminuição da população abrangida com a tarifa social da água, e assim, podendo cobrar água mais cara de mais gente haverá maiores lucros.
A privatização da CEDAE é um verdadeiro crime contra o povo
carioca e fluminense. Este crime atravessa governos e instituições, todas elas
à serviço dos negócios dos capitalistas. Conta com apoio do governo federal, do
Congresso Nacional que votou lei autorizando privatizações das empresas de
água, contando com isso com votos do PDT (de Ciro, Cid Gomes e Martha Rocha) conta, como sempre com a ajuda do judiciário que
atua para burlar, entortar as leis para garantir as privatizações, como vimos
recentemente em julgamento sobre as privatizações na Petrobras.
O leilão está marcado para daqui a 4 meses é preciso
aproveitar este tempo para organizar uma forte luta em defesa da CEDAE, do
emprego dos cedaeanos, e em defesa água segura e de qualidade para todo o povo, o que passa pela defesa de uma CEDAE 100% estatal e
administrada democraticamente por seus trabalhadores efetivos e terceirizados com controle operário e popular.
Bolsonaro e Castro se beneficiam da imensa trégua que a maioria dos sindicatos e centrais sindicais promovem, não organizando a resistência contra os ataques dos governos e empresários. Os trabalhadores da CEDAE já foram protagonistas de uma imensa batalha que adiou a privatização da empresa, podem, se tomarem os rumos da luta em suas mãos voltar a ocupar as ruas com suas camisetas azuis e inspirar outras categorias a lutar.
A LBI e a Oposição de Luta do Sindiágua/Ceará propõe
que que os diferentes sindicatos (SINTSAMA, SINDAGUA, SINDAGUA-Niterói, entre
outros) que representam a categoria ao longo do estado fluminense organizem
assembleias por local de trabalho e coordenem suas ações, unindo essa luta com
os demais sindicatos do país cujas companhias de água e esgoto, como a CAGECE no Ceará, serão alvos da privatização!