GUINADA À DIREITA DO GOVERNO MADURO: DOLARIZAÇÃO FINANCEIRA, ILUSÕES NO CARNICEIRO BIDEN, MANTER EM LIBERDADE GUAIDÓ E FORTALECIMENTO DA “BOLIBURGUESIA”
A chamada “Boliburguesia”, um poderoso setor capitalista da classe dominante na Venezuela acordou na “mesa de diálogo” com o governo Maduro um novo pacto de elites com a burguesia oligárquica ligada à direita. Este acordo consiste em impor de facto a flexibilização e desregulamentação das condições de trabalho, que se expressam em salários deprimidos, para garantir uma força de trabalho super explorada o serviço do capital, a ausência de acordos coletivos, a pulverização das prestações sociais e das pensões e reformas, a eliminação da estabilidade no emprego, a judicialização das lutas laborais e a quase prescrição das organizações sindicais.
Por outro lado, na economia impõe-se o crescimento da atividade financeira especulativa e das importações, a dolarização e privatização dos bens de propriedade pública, a eliminação de impostos e taxas à importação, enfim, a criação de um ambiente muito favorável para o investimento privado não produtivo. Essa denúncia quem faz é o próprio Partido Comunista da Venezuela
Segundo o PCV esta é uma política de entrega das conquistas
alcançadas depois de jornadas memoráveis de combate proletário, camponês,
comunitário, juvenil e estudantil, de mulheres, profissionais e intelectuais,
dos povos indígenas, correntes militares patrióticas e da diversidade cultural
popular, muitas delas obtidas durante a gestão do Presidente Chávez, e que hoje
nos estão a tirar para as negociar, em segredo, em cenáculos privilegiados com
o grande capital local e transnacional, em detrimento da própria soberania
nacional e dos direitos das maiorias populares.
O Tribuna Popular, órgão do partido, denuncia ainda que “Aos
setores do reformismo entreguista que governam o país só lhes interessa
fortalecer a velha oligarquia e construir a sua mal chamada ‘burguesia
revolucionária’, num novo pacto de elites da corte “puntofijista”. O Pacto de
Punto Fijo foi um acordo político firmado em 31 de outubro de 1958, entre os
três grandes partidos venezuelanos – a Acción Democrática (AD), de
centro-esquerda, a Unión Republicana Democrática (URD), de centro, e o
democrata cristão Comité de Organización Política Electoral Independiente
(Copei), de centro-direita. O propósito do acordo era assegurar a estabilidade
política do país no marco do regime burguês.
Esta política de profundo conteúdo neoliberal, que já está
em marcha, criou condições para obter grandes lucros, repatriar e branquear
capitais advindos da corrupção de novos ricos e investidores ligados à velha
oligarquia e ao governo, com dinheiro do desfalque dos cofres do Estado. Alguns
indicadores não associados à economia real, como as operações nas bolsas de
valores ou as transações em criptomoedas começam a apresentar números
positivos. Mas essa recuperação é fictícia, porque não está relacionada com o
aumento da capacidade produtiva do país; portanto, longe de levar a superar a
emergência social, vai potencializá-la, com a iminente dolarização financeira e
digitalização da economia.
O novo pacto neoliberal entre várias fações burguesas
(incluindo a que controla o governo) implementa um modelo econômico,
justificando-se com o cerco financeiro imposto aos país pelas "sanções
", que beneficia a burguesia financeira, comercial e importadora e coloca
todo o peso da crise nas costas dos trabalhadores.
O justo combate que os Marxistas Leninistas travam na
Venezuela, é por uma ação independente das massas em relação à política de
colaboração de classes do chavismo, convocando para a luta direta contra a
chamada “boliburguesia”, um entrave capitalista para a extensão das conquistas
operárias. Somente a construção de um verdadeiro poder revolucionário, será
capaz de conduzir à vitória da Venezuela.
É verdade que a condução do combate ao imperialismo ianque,
ainda é realizada de maneira torpe pelo Chavismo, agora retrocedendo de maneira
acelerada pelo governo Maduro que acentuou os vínculos do regime bolivariano
com a burguesia nacional (boliburguesia).
Está absolutamente cristalino que já existem sinais de
corrosão na cúpula do regime chavista, que até o momento segue a linha de
conciliação de classes se opondo a uma expropriação total dos bandos
capitalista que conspiram abertamente contra o governo Maduro. Neste quadro de
profunda polarização social, confiar todas as forças do regime nacionalista
exclusivamente na cúpula militar é um grave erro histórico, e que poderá custar
a “cabeça” de Maduro e a derrota de todo o campo popular. A única alternativa
política segura para aplastar a reação interna, é o armamento pleno das
brigadas populares e a expropriação completa do capital, rumo a um governo
genuinamente operário e camponês, o que passa pela prisão de Gauidó, que Biden
reconheceu como presidente da Venezuela!
Ainda assim Maduro tem ilusões no carniceiro "Democrata": “Me chamou a atenção que o presidente Joe Biden falou sobre a ‘demonização’ que fizeram a eles [Democratas]. Eles pediram para superarmos a demonização que os supremacistas e a extrema direita fizeram das forças políticas lideradas por Biden, então pensei: ‘podemos fazer o mesmo’. Peço ao governo dos EUA para superar a demonização que fizeram da revolução bolivariana” e concluiu "Estamos dispostos a trilhar um novo caminho de relações com o Governo de Joe Biden com base no respeito mútuo, o diálogo, a comunicação e o entendimento dos temas de interesse mútuo".
Defendemos três medidas básicas diante dessa situação 1)
Prisão imediata para toda a oposição golpista, sejam militares de alta patente,
empresários ou parlamentares da direita, 2) Expropriação completa (sem
indenização) de todos os ramos da economia capitalista, 3) Armamento pleno das
milícias Bolivarianas, dos destacamentos do Partido Comunista da Venezuela
(PCV, maior organização da esquerda) e principalmente dos sindicatos e
associações de bairros e distritos do país.