domingo, 31 de janeiro de 2021

“SANTA ALIANÇA” CONTRARREVOLUCIONÁRIA: RUI PIMENTA E O PASTELÃO GOLPISTA FOLHA DE SÃO PAULO UNIDOS PARA FALSIFICAR AS VERDADEIRAS POSIÇÕES DE TROTSKY SOBRE O STALINISMO

Rui Pimenta acaba de ser entusiasticamente elogiado pela Folha de São Paulo por atacar sob a ótica da direita reacionária Josef Stálin, falsificando as genuínas posições de Trotsky sobre o Secretário-Geral do PCUS, que ocupou o lugar de Lenin após sua morte. Na reportagem em questão, o pastelão golpista que apoiou a “ditabranda” no Brasil afirma em êxtase “Curso do PCO sobre stalinismo retrata ditador soviético como santo do capitalismo”. Segundo o jornal burguês “O santo padroeiro do capitalismo. Deveria ser São José Stálin, o salvador do capitalismo, diz o presidente do PCO” e completa “O stalinismo e a direita têm muito mais em comum do que um contra o outro. Esse negócio dos stalinistas se apresentarem como grandes inimigos da burguesia, e essa do stalinismo, é uma farsa”, diz Rui Pimenta. Como o PCO caracteriza publicamente a LBI a representação do “Trotskismo stalinista” no Brasil, nos acusando caluniosamente “Grupo tenta surfar na onda ‘neostalinista’ para, através de falsificações, defender Stálin” (DCO, 21.09.2020) somos obrigados a entrar nesse debate político que unifica a Folha de São Paulo e o Rui Pimenta em uma “santa aliança” contrarrevolucionária voltada a falsificar as verdadeiras posições de Leon Trotsky, fundador da IV Internacional, sobre a figura de Stálin. A “onda” que Rui pretende surfar já perdura mais de um século, é exatamente a “onda” da mídia corporativa contra tudo que esteve vinculado ao antigo Estado Operário Soviético!


É preciso inicialmente registrar que o PCO lançou esse artigo acusando grosseiramente a LBI de falsificar suas posições políticas sobre a restauração capitalista que levou o fim da URSS. Intitulado “Um ‘trotskismo’ stalinista. Uma falsificação histórica em defesa do stalinismo”, Rui alega que que os autores dos textos da LBI “usam e abusam do método stalinista de falsificação da história para de uma maneira caricatural e grotesca apresentar Trotsky como o maior defensor da burocracia stalinista”.

Antes de entrar na polêmica propriamente dita do apoio de Rui Costa Pimenta a Yeltsin e as forças restauracionistas que levaram a cabo a liquidação da URSS em nome do combate ao “Stalinismo”, é necessário esclarecer que todos os textos do PCO sobre os acontecimentos que ocorreram entre 1989 e 1991 (Queda do Muro de Berlim na Alemanha e o golpe de agosto de 1991 na União Soviética) não estão disponíveis no atual site de Causa Operária.

Os artigos referentes ao tema foram apagados pela própria direção do PCO da página do partido, assim como fizeram também com os textos em que denunciavam o caráter burguês do governo Lula e do PT. Portanto é até cômico que Rui Pimenta nos acuse de “falsificar” suas posições sobre o “Stalinismo” quando ele mesmo tratou de “deletá-las” para melhor se adaptar a Frente Popular e ao reformismo.

Os documentos citados por PCO em sua inútil defesa contra as críticas da LBI se resumem a um livreto lançado após nossa ruptura (1995) e não os artigos publicados por Rui Pimenta no calor dos acontecimentos. Os verdadeiros impostores políticos são aqueles que após terem defendido o fim da URSS e da RDA em nome do “combate ao Stalinismo” apagaram sua própria história para agora tentarem melhor camuflar suas posições escandalosas de ruptura frontal com os ensinamentos basilares que nos legou Trotsky.

Esse é o mesmo método que usam para encobrir sua corrupção política e material ao PT, quando passaram da denúncia do “coronel burguês Lula” entre 2002 a 2010 para o apoio entusiasta ao dirigente petista, agora apresentado como o “maior líder popular da história do país”, uma completa guinada a política a direita que ocorreu durante a gestão burguesa de Dilma Roussef.

O mais irônico é que o único texto em que Causa Operária diz “provar” que nunca foi a favor dos restauracionistas diz justamente o contrário. Basta ler um trecho do livreto “Um grupo de impostores políticos. Algumas considerações sobre a chamada Liga Bolchevique Internacionalista” atacando a posição defensista da LBI na URSS (os grifos e os sic são do próprio Rui Pimenta): “Segundo os farsantes, contudo, esta seria a posição do próprio Trotsky: ‘Como Trotski nos ensinou ‘Stalin derrotado pelos trabalhadores será um passo adiante para o socialismo, Stalin aplastado (sic, os sábios quizeram dizer ‘esmagado’) pelos imperialistas significa a contra-revolução (sic) triunfante. Este é o sentido preciso da nossa defesa da União Soviética em escala Mundial.’ (‘Uma vez mais a URSS e sua defesa’, L. Trotsky). Já na época dos padres da Igreja e do escolasticismo foi verificado este grave problema com citações, ou seja, que tomadas abstratamente dão lugar a todo o tipo de sandices. Então Trotski era a favor de que os trabalhadores, e não o imperialismo, derrubassem Stalin: extraordinário!... (sic) O único problema é que as coisas não ocorreram desta forma. O muro de Berlim não foi derrubado pelas tropas norte-americanas estacionadas em Berlim Ocidental, mas por um levante popular que sacudiu toda a Alemanha Oriental... Mas os impostores não conseguiram distinguir a revolução política no panorama do Leste europeu...” (livreto “Um grupo de impostores políticos”, Rui C. Pimenta, pp.58-59).

Ainda segundo as próprias palavras de Rui Pimenta “... para construir um partido revolucionário no Leste europeu (em Cuba, na China etc.) seria, e é, necessário impulsionar o movimento antiburocrático das massas e disputar no seu interior a sua direção com todas as forças direitistas e reacionárias que apresentassem suas candidaturas à direção deste movimento...” (Idem, pág. 60). Para Causa Operária os trotskistas teriam que estabelecer uma frente única (movimento antiburocrático) com a direita e os restauracionistas, caso contrário, estaríamos agindo “...como alguém que tivesse sofrido lobotomia, apoiando a ditadura da burocracia contra as massas” (ibdem, pág. 60).

Segundo Causa Operária, o próprio Trotsky seria um destes “lobotomizados” quando defendia, no Programa de Transição, exatamente o contrário: “Assim, não é possível negar antecipadamente a possibilidade, em casos estritamente determinados, de uma frente única com a parte termidoriana da burocracia contra a ofensiva da contrarrevolução capitalista.” Apoiar incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou panaceias que tenham slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases sociais de um Estado operário significa jogar objetivamente no campo da contrarrevolução imperialista. Ao vestir a camisa do time “antiburocrático” de Yeltsin e CIA, Rui Pimenta foi cúmplice da restauração capitalista mesmo tentando apagar a todo custo sua história, apagando os artigos que escreveu na época, assim como fez com relação ao PT antes do PCO se tornar uma sublegenda do lulismo!

Não por acaso, quando outros setores no interior de Causa Operária saíram da organização questionando sua linha pró-imperialista, CO afirmou que “colocam-se simplesmente na defesa da política restauracionista da burocracia somente que aplicada com métodos totalitários, ou seja, de guerra civil contra a classe operária, tal como ocorre na China e em certa medida em Cuba. Nestes países, a política da burocracia tem um caráter cristalinamente capitalista, o que implica em uma profunda integração com o capitalismo mundial, a serviço de cujos lucros coloca o país. Nestas condições, o Estado transformou-se em instrumento da super exploração dos operários em benefício do capitalismo mundial” (Um esclarecimento à Praça, Ed. Causa Operária, pág. 51).

O “genial” Rui Pimenta, não por acaso à época sob a influência direta do seu mestre Jorge Altamira (PO argentino), que andava espalhando a estúpida ideia que a antiga Alemanha Oriental não era um Estado operário e sim uma “colônia financeira” do Ocidente, chegou a afirmar que Cuba era explorada pela antiga URSS: “é importante assinalar que a tese que apresentava este comércio Cuba-URSS como um subsídio a ilha é completamente falsa (Causa Operária, nº 149)

Sobre o debate propriamente dito sobre o “Stalinismo”, deixamos claro que como Trotskistas não temos qualquer “simpatia” pela figura pessoal de Stálin e do papel político e histórico que jogou na liquidação da vanguarda bolchevique, organizando os Processos de Moscou contra as oposições internas e preparando pessoalmente o assassinato do fundador da IV Internacional.

Foi a política de pacto com Hitler primeiro e defesa da “paz mundial” com o imperialismo depois que abortou e traiu as revoluções no pós-guerra. Entretanto, como Marxistas Revolucionários, consideramos a burocracia stalinista um produto do isolamento e da degeneração do Estado Operário soviético, ela como casta parasitária teve um papel dual: ao mesmo tempo que solapava suas bases por sua orientação política e econômica equivocada se viu obrigada “por métodos torpes” a defender a URSS, fonte de sua própria existência social.

Os que hoje papagaiam baboseiras palatáveis a “opinião publicada” pelos jornalões burgueses, enumerando os “crimes de Stálin” como Rui Pimenta em seu curso e não fazem qualquer menção a essa dualidade são os que se negaram a defender a URSS mesmo degenerada quando esta foi liquidada pela ação de uma ala da burocracia (Yeltsin) que se converteu em agente direta do imperialismo ianque e europeu, rompendo com o PCUS.

Esses arautos que não se cansam em denunciar Stálin por ter comandado a burocratização da URSS, não moveram um dedo para defendê-la frente a restauração capitalista e apresentar uma alternativa revolucionária desde o campo de luta da defesa das conquistas da Revolução de Outubro, como nos ensinou Trotsky. Os que pensam ser grandes “intelectuais” espalhando praticamente cópias de panfletos da Casa Branca sobre Stalin, “o sanguinário assassino”, sequer conhecem as posições do “velho” sobre o caráter dual do stalinismo, seu papel na contrarrevolução que sedimentou as bases para a burocratização da URSS, destruiu a III Internacional fundada por Lenin, porém estabeleceu ao mesmo tempo um limite de contenção para a expansão imperialista em todo o mundo.

PCO, PSTU, CST, O Trabalho, Esquerda Marxista, MES, Esquerda Diário (MRT) e toda uma cepa de “intelectuais progressistas” ... se aliaram as forças políticas e sociais (Yeltsin e os restauracionistas) que em nome do combate ao Stalinismo e da “defesa da democracia” se aliaram a Casa Branca e as potências capitalistas para liquidar a URSS, que por mais degenerada estivesse, ainda era um Estado Operário a ser defendido para se avançar em uma revolução política.

A burocracia stalinista atuou como uma casta que defendeu “até a morte” seus próprios privilégios materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado operário). Esse foi um dos ensinamentos preciosos de Trotsky completamente desprezados por esses senhores que não se cansam em usar o “trotskismo” como passaporte de “bom trânsito” com a intelectualidade pequeno-burguesa defensora da democracia como valor universal e avessa ao “autoritarismo” personificado por Stálin.

A tentativa de apresentar a figura de Stalin como o “grande demônio”, muito pior do que qualquer ditador fascista ou imperialista não é propriamente uma “novidade”. O próprio Trotsky no final dos anos 30 teve que combater esta posição liquidacionista no seio da seção norte-americana da IV Internacional, o SWP, representada pela fração antidefensista de Shachtman e Burnham. Para este setor do “velho” SWP que deu origem ao revisionismo atual, Stalin era igual a Hitler, um “ditador sanguinário”, esta caracterização impediria, portanto, a possibilidade de se estabelecer qualquer política de frente única com o Stalinismo na defesa das bases sociais do Estado operário soviético.

No seu livro “Em defesa do Marxismo”, Trotsky elaborou um artigo, “De um simples arranhão ao perigo de uma gangrena”, onde desconstrói na gênese a stalinofobia, tanto praticada pelos revisionistas da atualidade. Para Trotsky: “Stalin derrubado pelos trabalhadores significava a revolução, mas Stalin derrubado pelos imperialistas representava a contrarrevolução”. Não por coincidência, os dirigentes revisionistas do SWP acabaram seus dias de vida como colaboradores diretos do imperialismo norte-americano, inclusive a serviço das suas intervenções militares para “salvar a democracia”.

A “peste teórica” da stalinofobia vem servindo há várias décadas como instrumento aberto da contrarrevolução, sendo utilizada pelo imperialismo ianque para atacar não só os Estados Operários, mas também o conjunto de conquistas sociais históricas do proletariado em todas as partes do planeta. As duas principais vertentes que hoje debatem o chamado “legado” de Stalin, ou seja, os stalinofóbicos e os stalinofílicos, não servem como instrumento para a revolução socialista e nada tem a ver com a gigantesca herança teórica deixada por Leon Trotsky.

Estes “senhores intelectuais”, em conjunto com uma gama de correntes revisionistas do Programa de Transição como o PCO, não podem se diferenciar das vulgares calúnias imperialistas lançadas contra Stalin, simplesmente porque são correia de transmissão dos EUA no movimento operário mundial, com o “presidente cowboy” Ronald Reagan saudaram a destruição reacionária da URSS como sendo uma verdadeira “Revolução Democrática” e seguindo a mesma trilha política ajudaram a OTAN a derrubar “outro ditador sanguinário” na Líbia, levando na bagagem desta “ação revolucionária” a devastação inteira de um país e seu povo, que hoje vive a “barbárie democrática”.

Os revisionistas contemporâneos como Rui Pimenta não em poucas oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta contra o autoritarismo Stalinista”. O processo contrarrevolucionário que destruiu as conquistas sociais do Estado operário soviético, e na sequência de todo Leste europeu, contou com o apoio frenético de organizações revisionistas. Para estes canalhas que enlameiam a referência do genuíno trotsquismo, a defesa das “liberdades democráticas” formais estava acima da luta para conservar as bases da economia socializada da URSS. Por isso a Folha “aplaude” seus ataques a Stálin!

Não por acaso, estes revisionistas stalinofóbicos tem seguido o mesmo caminho político de seus “mestres” Shachtman e Burhnam, colaborando com as ações militares da OTAN contra as “ditaduras sanguinárias” da Líbia, como fez o PCO. Diante dessa “folha corrida” e como essas posições abertamente anti-trotskistas usadas para atacar pela direita Stálin, não nos surpreende que Rui Pimenta tenha ganho ampla reportagem do jornal dos Frias, em razão do curso que oferece sobre o stalinismo, cujas análises se aproximam e são festejadas pelos falsos “democratas” da Folha de São Paulo.