sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

HÁ TRINTA ANOS DA GUERRA DO GOLFO: “A MÃE DE TODAS AS GUERRAS” IMPERIALISTAS PARA UM MUNDO SEM A URSS

Para o presidente dos Estados Unidos, George Bush pai, a “Operação Tempestade no Deserto” não pretendeu somente a derrotar o Iraque, mas a estabelecer uma "Nova Ordem Mundial", em mundo já sem o contraponto do poderoso Estado Operário Soviético, no marco da agonia final do governo de Mikhail Gorbatchev. Tratava-se de mostrar que a URSS estava morrendo e de criar um mundo dominado plenamente pelo imperialismo ianque, seja no aspecto político, econômico e militar. Há trinta anos, na madrugada de 17 de janeiro de 1991, teve início no Golfo Pérsico a “Operação Tempestade no Deserto”, a guerra contra o Iraque que deu início à sequência de guerras e agressões imperialistas contra nações do mundo inteiro após o fim da chamada “Guerra Fria”.

Os Estados Unidos e seus aliados começam a guerra em um momento em que após a queda do Muro de Berlim, o Pacto de Varsóvia e até a União Soviética estavam prestes a se dissolver, em um processo contrarrevolucionário. Esse contexto cria uma situação geopolítica inteiramente nova, e os Estados Unidos elaboram uma nova estratégia agressiva para aproveitá-la ao máximo, do ponto de vista dos interesses de suas corporações. Este período histórico ficou conhecido por “Nova Ordem Mundial”, com os profetas do reformismo pregando o fim da luta de classes e do socialismo revolucionário. A política da Social Democracia foi apresentada como o “socialismo democrático, renovado e possível pela via eleitoral”. A estratégia da revolução socialista e da consequente demolição do Estado capitalista foi considerada uma “utopia ultrapassada e reacionária”, pelos arautos da Nova Ordem Mundial e após trinta anos qualquer semelhança com o ingresso desta Nova Ordem Mundial do Isolamento Social e Controle Sanitário, não é mera coincidência.

Na década de 1980, os Estados Unidos apoiaram o Iraque do presidente Saddam Hussein durante a guerra contra o regime iraniano do aiatolá Khomeini. Mas, ao final dessa guerra, em 1988, os Estados Unidos temiam que o Iraque tivesse um papel predominante na região. Washington recorre então à estratégia de "dividir para conquistar": empurra o Kuwait a exigir o pagamento imediato do crédito financeiro que aquele emirado havia concedido ao Iraque e ao mesmo tempo prejudicar o pais de Saddam Hussein com a exploração excessiva dos campos de petróleo que se estendem sob a fronteira comum. Washington faz Saddam Hussein acreditar que os Estados Unidos não vão intervir em seu conflito com o Kuwait. Mas em julho de 1990, quando as tropas iraquianas invadiram o Kuwait, Bush montou uma coalizão internacional contra o Iraque. Uma força de 750.000 soldados - dos quais 70% são americanos - é enviada para a região do Golfo sob o comando do general norte-americano Norman Schwarzkopf.

Posteriormente, a partir de 17 de janeiro, os Estados Unidos e seus aliados utilizaram 2.800 aviões de guerra contra o Iraque, realizando 110.000 missões de bombardeio, lançando 250.000 bombas sobre a população iraquiana, incluindo as chamadas “bombas coletivas”.  cada um liberando um grande número de pequenos dispositivos letais.Conjuntamente com a Força Aérea dos Estados Unidos, aeronaves das Forças Armadas do Reino Unido, França, Itália, Grécia, Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega e Canadá participam desses bombardeios. Em 23 de fevereiro, as tropas da coalizão iniciaram a ofensiva terrestre com mais de meio milhão de soldados, ofensiva que terminou em 28 de fevereiro com um "cessar-fogo temporário" proclamado pelo presidente George Bush pai.

Imediatamente após a Guerra do Golfo, na Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos emitida em agosto de 1991, Washington envia a seus adversários, e também a seus aliados, uma mensagem clara: "Os Estados Unidos são o único estado com uma  força, alcance e influência em todos os campos - político, econômico e militar. O maior poder global e que não há substituto para a liderança norte-americana”.

Assim nasceu, com a Guerra do Golfo, a estratégia que norteia as demais guerras imperialistas sucessivas sob o comando dos Estados Unidos - Iugoslávia em 1999, Afeganistão em 2001, Iraque em 2003, Líbia em 2011 e Síria até hoje. Há também guerras apresentadas como "operações humanitárias para exportar democracia". Como prova de quão “humanitárias” essas intervenções são, temos os milhões de iraquianos mortos, deficientes, órfãos e refugiados como resultado da Guerra do Golfo, que o presidente Bush pai descreveu em 1991 como um “Caldeirão de Nova ordem mundial".  Soma-se a isso um milhão e meio de mortes - incluindo meio milhão de crianças - durante os próximos 12 anos que durou o "embargo" contra o Iraque, bem como as muitas mortes causadas pelos efeitos de longo prazo das munições de urânio empobrecido que os Estados Unidos usaram maciçamente durante aquela guerra de rapinagem imperialista.