HÁ TRINTA ANOS DA GUERRA DO GOLFO: “A MÃE DE TODAS AS GUERRAS” IMPERIALISTAS PARA UM MUNDO SEM A URSS
Para o presidente dos Estados Unidos, George Bush pai, a “Operação Tempestade no Deserto” não pretendeu somente a derrotar o Iraque, mas a estabelecer uma "Nova Ordem Mundial", em mundo já sem o contraponto do poderoso Estado Operário Soviético, no marco da agonia final do governo de Mikhail Gorbatchev. Tratava-se de mostrar que a URSS estava morrendo e de criar um mundo dominado plenamente pelo imperialismo ianque, seja no aspecto político, econômico e militar. Há trinta anos, na madrugada de 17 de janeiro de 1991, teve início no Golfo Pérsico a “Operação Tempestade no Deserto”, a guerra contra o Iraque que deu início à sequência de guerras e agressões imperialistas contra nações do mundo inteiro após o fim da chamada “Guerra Fria”.
Os Estados Unidos e seus aliados começam a guerra em um
momento em que após a queda do Muro de Berlim, o Pacto de Varsóvia e até a
União Soviética estavam prestes a se dissolver, em um processo
contrarrevolucionário. Esse contexto cria uma situação geopolítica inteiramente
nova, e os Estados Unidos elaboram uma nova estratégia agressiva para
aproveitá-la ao máximo, do ponto de vista dos interesses de suas corporações.
Este período histórico ficou conhecido por “Nova Ordem Mundial”, com os
profetas do reformismo pregando o fim da luta de classes e do socialismo
revolucionário. A política da Social Democracia foi apresentada como o
“socialismo democrático, renovado e possível pela via eleitoral”. A estratégia
da revolução socialista e da consequente demolição do Estado capitalista foi
considerada uma “utopia ultrapassada e reacionária”, pelos arautos da Nova
Ordem Mundial e após trinta anos qualquer semelhança com o ingresso desta Nova
Ordem Mundial do Isolamento Social e Controle Sanitário, não é mera
coincidência.
Na década de 1980, os Estados Unidos apoiaram o Iraque do
presidente Saddam Hussein durante a guerra contra o regime iraniano do aiatolá
Khomeini. Mas, ao final dessa guerra, em 1988, os Estados Unidos temiam que o
Iraque tivesse um papel predominante na região. Washington recorre então à
estratégia de "dividir para conquistar": empurra o Kuwait a exigir o
pagamento imediato do crédito financeiro que aquele emirado havia concedido ao
Iraque e ao mesmo tempo prejudicar o pais de Saddam Hussein com a exploração excessiva
dos campos de petróleo que se estendem sob a fronteira comum. Washington faz
Saddam Hussein acreditar que os Estados Unidos não vão intervir em seu conflito
com o Kuwait. Mas em julho de 1990, quando as tropas iraquianas invadiram o
Kuwait, Bush montou uma coalizão internacional contra o Iraque. Uma força de
750.000 soldados - dos quais 70% são americanos - é enviada para a região do
Golfo sob o comando do general norte-americano Norman Schwarzkopf.
Posteriormente, a partir de 17 de janeiro, os Estados Unidos
e seus aliados utilizaram 2.800 aviões de guerra contra o Iraque, realizando
110.000 missões de bombardeio, lançando 250.000 bombas sobre a população
iraquiana, incluindo as chamadas “bombas coletivas”. cada um liberando um grande número de
pequenos dispositivos letais.Conjuntamente com a Força Aérea dos Estados
Unidos, aeronaves das Forças Armadas do Reino Unido, França, Itália, Grécia,
Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega e Canadá participam
desses bombardeios. Em 23 de fevereiro, as tropas da coalizão iniciaram a
ofensiva terrestre com mais de meio milhão de soldados, ofensiva que terminou
em 28 de fevereiro com um "cessar-fogo temporário" proclamado pelo
presidente George Bush pai.
Imediatamente após a Guerra do Golfo, na Estratégia de
Segurança Nacional dos Estados Unidos emitida em agosto de 1991, Washington
envia a seus adversários, e também a seus aliados, uma mensagem clara: "Os
Estados Unidos são o único estado com uma
força, alcance e influência em todos os campos - político, econômico e
militar. O maior poder global e que não há substituto para a liderança
norte-americana”.
Assim nasceu, com a Guerra do Golfo, a estratégia que
norteia as demais guerras imperialistas sucessivas sob o comando dos Estados
Unidos - Iugoslávia em 1999, Afeganistão em 2001, Iraque em 2003, Líbia em 2011
e Síria até hoje. Há também guerras apresentadas como "operações
humanitárias para exportar democracia". Como prova de quão “humanitárias” essas intervenções são, temos os
milhões de iraquianos mortos, deficientes, órfãos e refugiados como resultado
da Guerra do Golfo, que o presidente Bush pai descreveu em 1991 como um
“Caldeirão de Nova ordem
mundial". Soma-se a isso um milhão
e meio de mortes - incluindo meio milhão de crianças - durante os próximos 12
anos que durou o "embargo" contra o Iraque, bem como as muitas mortes
causadas pelos efeitos de longo prazo das munições de urânio empobrecido que os
Estados Unidos usaram maciçamente durante aquela guerra de rapinagem
imperialista.