NO ANIVERSÁRIO DE 42 ANOS DA REVOLUÇÃO SANDINISTA... GOVERNO DA CENTRO-ESQUERDA BURGUESA DE ORTEGA É CERCADO PELA OEA E A DIREITA PRÓ-IMPERIALISTA
Como Marxistas sabemos que a profunda degradação política dos Sandinistas teve como "inspiração" os governos do PT, do qual foram diretamente aconselhados (inclusive com assessoria econômica) em mais de uma década de gestão estatal. Se é plena verdade que Daniel Ortega hoje não já não tem o menor traço do antigo guerrilheiro socialista, podemos afirmar o mesmo do "sindicalista combativo" Lula, ambas lideranças políticas corrompidas ideologicamente pelo poder do capital financeiro em suas "gerências" do Estado Burguês. Porém da mesma forma que a reação não poderia tolerar mais de uma década de gestões da Frente Popular no Brasil, com sua política de "compensação social" e conciliação de classes, bastou eclodir com força a crise econômica para que o imperialismo "pautasse" a derrocada do governo petista, impulsionando as "Jornadas de Junho" em 2013. Para entender esse rico processo vamos abordar desde a gênese do Sandinismo, seu ascenso e derrota até o atual retorno de Daniel Ortega a presidência do país, hoje alvo de protestos patrocinados pelo imperialismo.
Em comemoração a esta data histórica, 42 anos da revolução sandinista, analisamos tanto a vitória da revolução naqueles memoráveis dias como sua derrota pela via eleitoral quase duas décadas depois devido a política democratizante de sua direção pequeno-burguesa.
A Revolução Sandinista foi a última insurreição popular armada vitoriosa a derrotar um governo títere do imperialismo, mas a política da direção reformista estrangulou todas as perspectivas de construir um Governo Operário e Camponês e tornar a Nicarágua um Estado operário em extensão para toda a América Central.
Atualmente convertida a um partido da centro-esquerda burguesa e paladina do já falido “Socialismo do Século XXI”, a FSLN voltou a governar o país de pela via eleitoral e de forma completamente adaptada a democracia burguesa, sem grandes conflitos com o imperialismo ianque.
Abstrair as lições programáticas dessa derrota em nossos dias é fundamental para a vanguarda militante combater a lógica reformista aplicada na Nicarágua já no final dos anos 80, onde o Sandinismo entregou a revolução em uma eleição burguesa em que previamente estava derrotado pela direita pró-ianque. Após vários anos dessa entrega sem luta, o Sandinismo retornou ao governo nacional pela via eleitoral, porém o regime da Nicarágua já não tem nenhum traço das conquistas revolucionárias de 1979.
O golpismo da OEA, um mero apêndice do Departamento de Estado ianque, põe em evidência quem são os inimigos da humanidade, como os países imperialistas que acumularam capital sob a exploração dos povos. Os EUA estão entrincheirados atrás de suas fronteiras e continua com sua política de guerras coloniais, de ingerência política, econômica e militar, especialmente em seu projeto de recolonização da América Latina e do Caribe. Em um momento histórico em que, devido ao surgimento de outra potência capitalista mundial como a China, os Estados Unidos e seus principais parceiros Israel, Grã-Bretanha e os governos colonizados da Europa, querem assumir o velho protagonismo de intervenções militares contra países soberanos.
No momento a Nicarágua é um alvo direto da Casa Branca, tanto pelo que significou desafiar o governo de Daniel Ortega, eleito pelo povo nicaraguense, com mais de 70 por cento dos votos, nas últimas eleições desde que o FSLN voltou ao governo em 2007.
Em 2018 introduziram no país o “modelo das guarimbas” contra-revolucionárias e criminosas que se passaram na Venezuela. Foram supostas manifestações estudantis, como tela para os mercenários que mataram dezenas de policiais sandinistas e a população civil em confrontos. O governo Ortega foi alertado por seus organismos de segurança sobre outra tentativa de golpe para ativar sua derrubada, por meio da mobilização de forças de direita ligadas aos EUA reorganizadas para o período eleitoral que se aproxima.
A mídia corporativa internacional lançou uma campanha onde acusa o presidente Ortega de mandar prender os principais candidatos da oposição, além é claro de qualificá-lo como “negacionista” em virtude de suas posições críticas a utilização do Isolamento Social e lockdown.
No momento, quem representa o principal ponto de apoio dos EUA no país é a “Fundação Violeta Chamorro para Reconciliação e Democracia", que é fundamental para o apoio financeiro, técnico e logístico maciço de Washington à oposição pró-imperialista da Nicarágua, agindo como o que a CIA chama um “ponto de passagem”, uma organização terceirizada que atua como um canal aparentemente independente para fornecer financiamento do governo dos EUA para a mídia de oposição e partidos políticos.
O atual governo Sandinista, está muito longe de representar o fio histórico de continuidade programática da heróica revolução socialista de 79. O atual modelo “capitalista de esquerda” levado a cabo por Ortega, é muito semelhante ao Chavismo venezuelano, oscila entre o nacionalismo burguês e o neoliberalismo. Entretanto para os Marxistas Leninistas, que não apoiam politicamente o governo nicaraguense, há um diferença fundamental entre combater politicamente o sandinismo sob a ótica da classe operária, e aliar-se a oposição burguesa da direita pró-imperialista. Denunciar as ingerências golpistas do imperialismo ianque seja nas suas versões “Democratas ou Republicanas”, é uma questão de princípio para os Revolucionários, entretanto no afã da esquerda reformista em se integrar a Nova Ordem Mundial, a fez passar para o campo ideológico do “Imperialismo Civilizatório”, comandado pelo genocida Joe Binden. Por isso os reformistas se integraram a campanha para derrubar Daniel Ortega pelas mãos da OEA/CIA.