quinta-feira, 29 de julho de 2021

RENTISMO É O “REI” DA PANDEMIA: ENQUANTO ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS COM O SISTEMA FINANCEIRO QUASE DOBROU, SANTANDER TEM LUCRO ACRESCIDO DE 102%

O Banco espanhol Santander obteve no Brasil uma alta de 102,6% em seus lucros no segundo trimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020, o que representa quase o dobro de lucratividade. Enquanto isso, com a renda salarial arrochada e o desemprego atingindo vários membros das famílias, o endividamento dos trabalhadores brasileiros com o sistema financeiro chegou a 58,5% em abril, um recorde histórico, segundo dados do próprio Banco Central, divulgados na quarta-feira (28/07). É o maior porcentual da série histórica, iniciada em janeiro de 2005.

O banco considera endividados os que têm dívidas em atraso por mais de 90 dias. Os números foram divulgados no mesmo dia em que o Santander deu início à divulgação do balanço dos bancos do segundo trimestre deste ano. O banco espanhol teve um lucro líquido no Brasil de mais de 100% em relação ao primeiro trimestre de 2020. Um lucro histórico para o banco, em plena pandemia da Covid-19, quando a indústria, o comércio varejista e o setor de serviços ainda patinam para recuperar as perdas de uma já sofrível crise econômica agravada pela crise sanitária, “fabricada” pelos próprios rentistas do Fórum Econômico de Davos.

Segundo o atual chefe do Departamento de Estatísticas do BC, o “insuspeito” Fernando Rocha, “o crescimento do endividamento das famílias mostra que o saldo de crédito para pessoas físicas tem avançado em um ritmo maior que o da renda dos trabalhadores”.Com boa parte da renda comprometida com as parcelas dos empréstimos junto ao sistema financeiro, o brasileiro ainda enfrenta uma carestia sem tamanho, nos alimentos, no gás de cozinha, nos combustíveis, no aluguel, na conta de luz… E cada vez se enrosca mais com os bancos que cobram juros extorsivos. Enquanto o crédito para empresas, que amargaram sérios prejuízos na pandemia e ficaram sem apoio do governo, desacelera, o crédito pessoal segue alto.

Os bancos se aproveitam do crédito consignado, com retorno garantido, já que é descontado na fonte, no salário do trabalhador, para quitar as dívidas como os próprios bancos. Os juros do crédito pessoal consignado estão em 18,7% ao ano e do crédito pessoal não-consignado em 82,4% ao ano, segundo o BC. Tudo isso com aval do governo neofascista de Bolsonaro, que elevou o Brasil ao segundo lugar entre os países com as maiores taxas de juros reais do mundo.

Os juros do cheque especial subiram de 122,9% em maio para 125,6% em julho ao ano. O juro médio do cartão de crédito, que segundo a Confederação Nacional do Comércio é a modalidade de maior endividamento das famílias brasileiras (80%) atingiu o absurdo 327,5% ao ano em junho. Muitas famílias têm constantemente recorrido ao cartão de crédito para pagar as contas básicas, como luz e água, e só. É significativo que o pequeno Comércio Varejista reclame a queda nas vendas em segmentos como vestuário, calçados, entre outros, e o setor de Serviços continua patinando. Se já não há dinheiro para comida…