segunda-feira, 1 de novembro de 2021

A FARSA DO “CAPITALISMO VERDE”: HIDROGÊNIO UMA FONTE MENOS “LIMPA” DO QUE DIZ O RENTISMO FINANCEIRO 

Como em outros setores econômicos capitalistas (financeiro, serviços, fundiário, industrial,etc..), os problemas energéticos não podem ser resolvidos sob o capitalismo, com mudanças superficiais nas forças produtivas, nem com a introdução das “novas tecnologias. Somente revolucionando as relações de produção, estatizando as grandes corporações e planejando centralmente o mercado na transição socialista, os gargalos energéticos poderão ser superados. A energia está no centro dos movimentos econômicos e também está intimamente ligada ao imperialismo e ao controle político das grandes potências sobre os mercados mundiais. Em outras palavras, para muitos países periféricos o fornecimento de energia gera a dependência internacional. Aqueles que precisam se livrar dessa dependência não podem colocar todos os “ovos na mesma cesta”. Eles precisam recorrer a todas as fontes possíveis de abastecimento: convencionais (carvão, petróleo, hidrelétrica), alternativas (eólica, fotovoltaica) e até nuclear.

O hidrogênio foi incorporado às “novas tecnologias” de energia, embora ainda haja um longo caminho a percorrer. Os grandes blocos econômicos, como a União Européia, começaram a fazê-lo após um “banho de realismo” com a energia eólica e fotovoltaica. Bruxelas, sede da UE, fez do hidrogênio seu principal objetivo e alocou 2 bilhões de Euros até o próximo ano para apoiar a produção de hidrogênio.

No ano passado, o governo sul-coreano alocou 267 milhões de Euros para apoiar o desenvolvimento de veículos com células de combustível (que produzem eletricidade a partir do hidrogênio) e postos de abastecimento de hidrogênio. O objetivo é se tornar um país líder na produção e gestão desse combustível.

A Korea Gas anunciou sua intenção de investir cerca de 3,6 bilhões de Euros até 2030 na construção de 25 usinas de produção de hidrogênio e 700 quilômetros de gasodutos. Em março de 2019, o Ministério do Comércio, Indústria e Energia da Coréia do Sul criou uma empresa especializada, HyNet, para construir uma infraestrutura de carregamento de hidrogênio.

Uma ampla penetração do hidrogênio no sistema energético só pode ser alcançada gradativamente, dado o atual desenvolvimento das forças produtivas no capitalismo e as limitações econômicas, industriais e políticas. A meta da Comissão Europeia é que o hidrogênio represente entre 13 e 14% da matriz energética até 2050. Isso significa que a transição levará algum tempo.

O preço do quilo de hidrogênio está longe de ser competitivo no mercado de fontes de energia. Para garantir sua rentabilidade, é fundamental reduzir drasticamente esse custo até atingir, em primeira instância, o obtido com o gás natural.  No entanto, se os preços da energia continuarem subindo, a lucratividade do hidrogênio poderá se acelerar rapidamente.

Os pseudoecologistas e a esquerda reformista, apologistas da farsa do “capitalismo verde”, afirmam que o hidrogênio é uma fonte de energia "limpa", o que é apenas parcialmente verdadeiro. O processo de fabricação de hidrogênio mais barato, com o atual estado de desenvolvimento das forças produtivas, utiliza o metano, um gás tão vilipendiado quanto o carvão ou o petróleo.

Na atualidade, os investimentos necessários para transformar o hidrogênio em combustível somam quantias extravagantes que só podem ser realizadas com dinheiro público. As grandes potências estão lançando esses desembolsos como um subsídio disfarçado dos grandes monopólios de energia. Despesas estatais e benefícios privados, essa é a receita do rentismo financeiro para impulsionar a fraude do seu “capitalismo verde”, que paulatinamente vai quebrando os Estados nacionais com o aumento das dívidas públicas. Esses investimentos estatais visam também aprimorar uma nova tecnologia, naturalmente patenteada, que mantém as posições de domínio das grandes potências sobre o resto do mundo, ou seja, a grande maioria dos países dependentes, resignados a serem classificados como "poluentes" e "sujos".