terça-feira, 9 de novembro de 2021

“BICO” JÁ É A OCUPAÇÃO MAJORITÁRIA DO POVO BRASILEIRO: SITUAÇÃO AGRAVOU-SE COM BOLSONARO E PANDEMIA, PORÉM É PRODUTO DA CRISE CAPITALISTA E NÃO DE SUAS GERÊNCIAS DE “DIREITA OU DE ESQUERDA”...

Em um ano, mais 3,8 milhões de brasileiros integram o contingente de trabalhadores por conta própria, o famoso “Bico”. Desde 2019, aumentou em 2 milhões o número de trabalhadores por conta própria, sem carteira assinada, com ganho mensal de até um salário mínimo. Hoje, representam mais da metade dos 25 milhões de trabalhadores, os que vivem de “Bico”. Entre o segundo trimestre de 2019 e o segundo de 2021, o número de pessoas no trabalho precário, vivendo de “bico”, com remuneração máxima de um salário mínimo, aumentou exponencialmente, segundo um estudo feito pela consultoria “IDados”, com base nos dados da Pnad Contínua do IBGE. Esse contingente do proletariado exerce atividades sem carteira assinada ou qualquer vínculo formal, obtém remuneração a partir dos bens ou serviços que produz e tem uma renda máxima de um salário mínimo por mês, R$ 1,1 mil. 

No segundo trimestre de 2019 eram 48,2% os trabalhadores nessas condições, hoje já são mais da metade, 55,6% dos trabalhadores por conta própria com ganho mensal de até um salário mínimo. O número de brasileiros com curso superior trabalhando por conta própria também cresceu no período para 643,6 mil pessoas. É uma maior precarização de um tipo de trabalho que sempre foi precarizado, face ao trabalho com carteira assinada. Com o desemprego batendo níveis recordes no país, a economia estagnada e a inflação corroendo a renda do trabalhador, é cada vez maior o número de pessoas se “virando” por conta própria, sem qualquer direito trabalhista.

Em apenas um ano, no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o mesmo período de 2020, segundo a Pnad Contínua do IBGE, mais 3,9 milhões de brasileiros passaram a integrar o contingente de trabalhadores por conta própria, uma alta de 18,1%. São 25,4 milhões de trabalhadores por conta própria em agosto de 2021.

O primeiro ano do governo neofascista Bolsonaro terminou com 19,4 milhões de trabalhadores por conta própria, na informalidade. A taxa de informalidade subiu para 41,1%, ou o equivalente a 38,4 milhões de pessoas no trabalho informal, sem carteira assinada. Naquele ano, alguns setores do chamado “mercado”, da mídia corporativa e alguns economistas neoliberais comemoravam a “mudança na forma de trabalho”, considerando o “advento da tecnologia”, o “empreendedorismo”, etc, etc, etc, a “uberização” dos postos de trabalho, sem direito trabalhista, com sérios prejuízos à aposentadoria, foi cantada em verso e prosa. O aumento da precarização do trabalho era apresentado como algo “novo” e “moderno” na linha do tempo do capitalismo.

A pandemia da Covid, “pensada” na medida do capital financeiro, escancarou essa tragédia, milhões de brasileiros desempregados se somaram ao contingente daqueles que já vinham no trabalho precário. Com a economia estagnada, sem emprego para milhões de brasileiros, a busca pelo “bico” não tinha nada de “novo”, era mais mais do que uma necessidade diante do agravamento da crise econômica, do tombo histórico na renda e da explosão da carestia.

Quando não há emprego, quando não há renda que mal paga a cesta básica que já custa mais de R$ 700, o botijão de gás de cozinha que atingiu R$ 140, a conta de luz mais cara, com os custos da falência do modelo neoliberal no setor energético sendo lançados nas costas do consumidor e os preços dos alimentos e combustíveis lançados na Lua, o “Bico” é a única tábua de salvação do proletariado brasileiro. Porém ao contrário do que afirma a esquerda domesticada pelo capital, a crise econômica não é produto da “má” gerência do Estado burguês, é sim um produto da crise estrutural do regime de produção capitalista. Portanto a situação dramática da classe trabalhadora e do povo pobre não irá mudar apertando o número “13” na urna “roubotrônica”, nas próximas eleições presidenciais. O Brasil precisa urgente de uma revolução socialista!