ASSANGE PRESO EM CONDIÇÕES DESUMANAS NA “GUANTÁNAMO BRITÂNICA”: LIBERDADE IMEDIATA PARA O FUNDADOR DO WIKILEAKS!
Investigação feita pela própria Inspetoria das Prisões de Sua Majestade (IP) na semana passada constatou “condições chocantes” na prisão de segurança máxima de Belmarsh – a “Guantánamo britânica”, onde o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, vem sendo mantido desde abril de 2019, sob ameaça de extradição para os Estados Unidos por suas denúncias dos crimes de guerra norte-americanos no Iraque e Afeganistão.
Como registrou a imprensa russa, o novo relatório “pintou
um quadro desolador da prisão”, segundo um relatório do órgão britânico
divulgado no dia 12, trazendo os resultados de duas inspeções “sem prévio
aviso”, realizadas em julho e agosto deste ano.
Os investigadores britânicos descobriram que a equipe da
Belmarsh “não prestou atenção suficiente aos níveis crescentes de
automutilação”, “e não houve supervisão ou cuidado suficiente dos prisioneiros
em risco de suicídio”, o que significa “ação urgente necessária” para garantir
que os prisioneiros fossem mantidos em segurança.
Desde a última visita da Inspetoria em 2018, houve quatro
suicídios, enquanto o número de casos de automutilação registrados foi quatro
vezes maior. Os números de tentativas de suicídio não foram citados, embora as
investigações internas sobre tais incidentes tenham sido consideradas “muito
fracas”.
O número de incidentes registrados de automutilação dobrou
devido às restrições da Covid-19, com 315 incidentes registrados, envolvendo 94
prisioneiros, nos 12 meses até junho de 2021.
É possível que Assange esteja entre este número – como
observou a decisão de extradição do juiz Baraitser, ele ligou para os
Samaritanos, uma linha de ajuda humanitária do Reino Unido que fornece apoio
emocional para pessoas em sofrimento emocional, lutando para lidar com a
situação ou em risco de suicídio, “virtualmente” todas as noites e, quando
incapaz de alcançá-los, chegou a cortar sua coxa e abdômen sob o stress do
isolamento.
A Inspeção descreveu um quadro inquietante de agentes
penitenciários pouco se lixando para os reclusos vulneráveis. “Muitos
funcionários” teriam “falhado rotineiramente em coletar ou ligar câmeras no
corpo”, durante a visita dos investigadores, e “policiais que deveriam estar
supervisionando os prisioneiros mais vulneráveis” foram vistos “sentados lendo
jornal”.
Além disso, apenas 50% dos reclusos não sofreram qualquer
vitimização de parte dos agentes penitenciários e os casos de abusos verbais ou
físicos cometidos pelos guardas do presídio foram “significativamente maiores”
do que o verificado em prisões semelhantes.
A Inspetoria também constatou risco elevado de que os presos
vulneráveis sofressem danos de outros reclusos. A investigação registrou níveis
significativamente elevados de violência desde sua última visita, apesar das
restrições da Covid-19 que limitavam o tempo que a maioria dos presos ficava
fora de suas celas. Não houve nenhuma reunião estratégica formal para lidar com
a violência por mais de 18 meses.
Ao todo, 341 incidentes violentos foram registrados nos 12
meses anteriores, um aumento de quase 70 em relação ao ano anterior, a maior
parte do aumento atribuível à violência entre prisioneiros. Isso criou um
ambiente em que “muitos presos se sentiam inseguros”, com 60% dizendo que se
sentiram em risco em algum momento durante o encarceramento e um em cada quatro
preocupados com seu bem-estar quando a Inspetoria bateu inesperadamente.
Além disso, os números internos foram falsificados para
sugerir que a violência tinha reduzido devido a menos incidentes, mas, na
realidade, isso se deveu ao menor número de prisioneiros na prisão.
Dado este ambiente sombrio talvez não seja surpreendente que
uma avaliação psicológica tenha diagnosticado Assange com transtorno depressivo
recorrente grave, tipificado por pensamentos suicidas frequentes, “perda de
sono, perda de peso, concentração prejudicada, uma sensação de frequentemente à
beira das lágrimas e em um estado de agitação aguda em que ficava andando de um
lado para o outro em sua cela até ficar exausto, socando sua cabeça ou
batendo-a contra a parede da célula”, destacou Klaremberg. Ainda segundo a
avaliação psicológica citada no tribunal, Assange pensava em tirar a própria
vida “centenas de vezes por dia” e tinha um “desejo constante” de se ferir ou
cometer suicídio.
Essa avaliação concluiu que, se Assange fosse mantido em
confinamento solitário nos EUA por um período prolongado, sua saúde mental “se
deterioraria substancialmente, resultando em depressão clínica persistentemente
severa e na severa exacerbação de seu transtorno de ansiedade, PTSD e idéias
suicidas”.
Na recente audiência de apelação de extradição, os advogados
do governo Biden ofereceram “garantias” de que Assange não seria preso no
notório ADX Florence no Colorado, a prisão mais extrema da América, nem sujeito
a excessivamente severas ‘Medidas Administrativas Especiais’ (SAMs), mas
afirmaram que os EUA “detêm o poder” para fazer isso quando bem entender.
A decisão sobre a extradição é aguardada para dezembro. Em
janeiro, a juíza Vanessa Baraitzer, apesar de aceitar as alegações dos EUA
sobre as supostas infrações de Assange, decidiu por não conceder a extradição,
em razão do risco de suicídio caso Assange fosse enviado para confinamento em
solitária em uma prisão de segurança máxima dos EUA, melhor dizendo, da CIA,
mas uma instância superior aceitou apelo de Washington para rever o caso.