HÁ 83 ANOS DA TRÁGICA “NOITE DOS CRISTAIS” NA ALEMANHA:
TROTSKY ALERTAVA QUE O “NAZIFASCISMO SE DERROTARIA COM O ARMAMENTO DA CLASSE
OPERÁRIA E NÃO NO PARLAMENTO BURGUÊS”
A "Noite dos Cristais " ou “Kristallanacht” marcou o primeiro ato de violência anti-semita organizado pelos serviços nazistas de inteligência alemães contra a população judia. O nome se refere à série de atos violentos contra judeus perpetrados na Alemanha e em algumas áreas da Áustria e da República Tcheca entre 9 e 10 de novembro de 1938. As estimativas sobre o número de vítimas causadas pela violência variam. Os primeiros relatos indicavam que 36 judeus tinham sido mortos durante os ataques.Mais recentemente, com as análises a documentos acadêmicos feitas por historiadores marxistas relatam um número mais elevado, cerca de 91 mortos. Quando se inclui as mortes posteriores, devido a maus-tratos dos judeus detidos, e suicídios, o número de mortos ascende a centenas. Para além das vitimas mortais, cerca de 30.000 judeus foram detidos e enviados para campos de concentração.
O evento foi denominado "Noite do Cristal Quebrado" devido ao incontável número de fragmentos de vidros quebrados de sinagogas, residências e estabelecimentos comerciais pertencentes aos judeus atacados. “A Noite do Cristal Quebrado” foi um reflexo das políticas odiosas contra a população judaica promovidas por Adolf Hitler e a liderança do regime da Alemanha nazista, marcando o início do Holocausto, onde pelo menos 6.000.000 de judeus foram assassinados durante a Segunda Guerra. Mundo (1939- 1945).
Em apenas 48 horas, os nazistas destruíram cerca de 1.574 sinagogas, saquearam e destruíram cerca de 7.000 lojas, invadiram milhares de casas e atacaram cemitérios, hospitais e escolas. Morreram pelo menos 90 judeus alemães e o número de detidos foi em torno de 20.000, embora alguns autores apontem que esse número aumentaria para 30.000. A maioria dos judeus presos foi deportada para os campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen. Depois da “Noite dos Cristais Quebrados” o governo nazista impôs uma multa de um bilhão de marcos à comunidade judaica. Também os obrigou a limpar e reparar os danos causados às suas propriedades e foram proibidos de fazer seguro em bancos pelos danos sofridos pelas suas propriedades.
Nas semanas que se seguiram, o governo alemão promulgou dezenas de leis e decretos destinados a privar os judeus de suas propriedades e meios de subsistência. Negócios de propriedade de judeus também foram proibidos de reabrir, a menos que administrados por não-judeus. Os nazistas impuseram toques de recolher aos judeus, o que limitou as horas do dia em que eles podiam deixar suas casas.
Desde sua chegada ao poder em 1933, Hitler lançou uma série de ações contra a população judaica, um exemplo disso pode ser encontrado nas leis raciais de Nuremberg de setembro de 1935. A curto e médio prazo, a "Noite dos Cristais Quebrados" atingiu o objetivo do governo nazista e forçou a emigração judaica. O que inicialmente começou como uma discriminação violenta contra os judeus levou à deportação e extermínio de milhões de pessoas.
O pretexto para os ataques nazistas foi o assassinato do diplomata alemão Ernst vom Rath por Herschel Grynszpan, um polaco judeu nascido na Alemanha que vivia em Paris. O revolucionário Leon Trotsky saiu em defesa de Grynszpan, embora divergindo do seu método de ação. O stalinismo internacional logo exigia uma punição severa e letal ao jovem judeu, acusando-o de “provocador”. O velho Bolchevique discorreu sobre a necessidade de defender a vida de Grynszpan, apontando que o nazifascismo deve ser combatido com a ação direta da classe operária, devendo estar armada nas ruas para defender suas liberdades democráticas contra a ofensiva da extrema direita. Trotsky assinalou que é de uma “perigosa inutilidade pensar que o nazismo pode ser derrotado no parlamento ou nas redações da imprensa liberal”. Desgraçadamente hoje a esquerda domesticada pelo capital financeiro, elege como os “guardiões da democracia” as instituições da república burguesa, e até mesmo o gerente do imperialismo ianque é tratado como o “grande herói” da luta antifascista.