02 ANOS APÓS DERRUBADA DE EVO MORALES PELAS MÃOS DA
DIREITA... POR BOLIVIANO SEGUE AFIRMANDO QUE NÃO HOUVE GOLPE DE ESTADO
E SIM UMA “REBELIÃO POPULAR”
Dois anos depois do golpe de estado contra Evo Morales na Bolívia desferido em 09 de novembro de 2019, o POR boliviano segue dizendo que se tratou de uma rebelião popular. A capa do jornal de 03.11.2021, é clara nesse sentido, relembrando os acontecimentos de novembro de 2019: “EVO MORALES ACORRALADO POR EL MULTITUDINARIO REPUDIO NACIONAL”. Na época, em uma tentativa desesperada de encobrir sua traição histórica a luta do proletariado boliviano ao se emblocar com a direita e o fascismo contra o governo de colaboração de classes do MAS, o POR boliviano resolveu atacar os “impostores que se fingem como trotskistas” (Jornal Masas, 29/11/2019) em uma referência indireta e furiosa a LBI que tratou de polemizar desde o início da crise boliviana com as posição dos Loristas na Bolívia e no Brasil, inclusive identificando um certo “desconforto” da TPOR brasileira em aceitar a linha escandalosa do POR da Bolívia de caracterizar como uma “rebelião popular” as manifestações reacionárias e neofascistas que desembocaram no Golpe de Estado apoiado pelo imperialismo ianque e Bolsonaro.
A seção brasileira do CERCI defendeU a existência do golpe, ainda que de forma centrista colocou o termo entre aspas em sua primeira declaração sobre a Bolívia. Segundo o POR boliviano “Son los estalinistas, los derrocados masistas y algunos impostores que fungen como trotskistas, que hacen circular la falacia de que el POR habría conspirado, bajo las mismas banderas, con la derecha tradicional para acabar con un ‘gobierno progresista y antiimperialista’ que ha llevado adelante un interesante y novedoso 'proceso de cambio' y ha transformado radicalmente la estructura económica de este país”.
O cenário armado pelo POR trata-se de uma farsa completa! Desde seu início, quando entrou em uma espécie de convulsão social devido a convocação de uma greve nacional e uma marcha para cercar La Paz, iniciativa dos governadores departamentais da oposição de direita (Santa Cruz e outros), com o apoio de Carlos Mesa e o aval da OEA, ficara evidente para os Marxistas Leninistas que estava em andamento na Bolívia um processo de desestabilização do governo Evo Morales rumo a um golpe de estado ou, no mínimo, para obrigar a convocação de novas eleições a fim de que a vitória nas urnas fosse de Mesa ou de um candidato ainda mais à direita. A famigerada OEA, que supervisionava todo o processo eleitoral, já havia “aconselhado” Morales a aceitar uma segunda volta, independente dos votos depositados nas urnas (soberania popular). Ocorreu que Carlos Mesa e o arco político da extrema direita comandado por Camacho intensificaram o cerco a Morales, com ações violentas e terroristas com incendiar as sedes de vários tribunais regionais eleitorais e locais partidários do MAS, acabando por ganhar o apoio da polícia, das FFAA e da Casa Branca, o que levou à renúncia de Morales e sua fuga covarde para o México.
Registre-se que nesse contexto, o POR Lora somou suas forças (sindicais e partidárias) com a oposição de direita a Evo Morales em nome de “disputar as massas”. Por essa razão o POR cinicamente afirmou “Hemos sostenido un duro combate contra todas las expresiones de la vieja derecha y la ultraderecha del Comité pro Santa Cruz al interior de los comités cívicos y de la movilización nacional”.
Como não havia nada de “progressivo” nos protestos, desde a LBI alertamos como Marxistas Leninistas que estabeleceram a oposição operária e camponesa aos governos de Frente Popular, não admitir qualquer “unidade de ação” com a extrema direita para “derrubar os reformistas do poder”, como defendem os revisionistas do POR que desgraçadamente enxergam “rebeliões” dirigidas pela CIA e a OEA.
Atuamos com esse princípio leninista mais uma vez na Bolívia, tudo o oposto do que fizeram os filisteus do POR que maculam a bandeira da IV Internacional! Consumado o golpe de Estado, com a covarde renúncia do presidente Evo Morales e todo seu staff político traidor, empossado fraudulentamente um governo títere do imperialismo ianque, se instalou no país uma enorme resistência espontânea de massas violentamente reprimida pelos golpistas.
O POR frente a uma escolha elementar para uma corrente que se reivindica trotskista, ou seja, lutar com a forças da resistência contra o golpe (por mais heterogêneas que sejam), ou juntar-se ao bloco da reação (o que obviamente incluí o governo títere), os Loristas fixaram a segunda opção. Tanto que na sua mais recente publicação, o Jornal Masas (03/11/2021) segue comemorando a queda de Evo pelas mãos da direita reacionária ao afirmar em letras garrafais: “Não derramamos nenhuma lágrima pela derrubada do governo impostor do MAS! Caiu como merecia: repudiado por amplos setores da massas”... Os Loristas só não dizem que foram os fascistas e o imperialismo ianque que tramaram a queda de Evo!
Triste fim do POR, organização que é a maior referência histórica de Trotskismo na Bolívia mas que sob uma direção abertamente revisionista aniquilou a trajetória de uma corrente que se orgulhava de ter tido um dirigente, Guilhermo Lora, que redatou as históricas “Teses de Pulacayo” (1946), um norte programático que apontava a necessidade da tomada de poder político para os mineiros e operários da Bolívia, todo o oposto de sua vexatória trajetória atual. Chamamos os militantes do POR boliviano, da TPOR do Brasil e demais membros do CERQUI a romperem com essa política suicida e anti-trotskista de sua direção revisionista, lutando para derrotar nas fileiras Loristas essa traição vergonhosa que macula as fileiras da IV Internacional.