segunda-feira, 1 de novembro de 2021

THE WALL STREET JOURNAL AFIRMA: “SOLDADOS TREINADOS PELOS EUA SE JUNTAM AO DAESH (ESTADO ISLÂMICO) PARA RESISTIR AO TALIBÔ

Os talibãs têm acusado por muito tempo Washington de financiamento do Daesh (organização terrorista Estado Islâmico), mas agora a organização que governa o Afeganistão diretamente têm razão, segundo o insuspeito The Wall Street Journal, um dos principais porta-vozes do rentismo ianque. Os Estados Unidos gastaram US$ 88 bilhões (R$ 496,7 bilhões) em armamento e treinamento de militares, apenas para que as forças afegãs aliadas da Casa Branca se organizassem antes da rápida conquista do governo afegão pelo Talibã em agosto.

Embora o Talibã tenha prometido anistia aos seus opositores, circulam rumores de represálias. De acordo com o veículo da imprensa corporativa norte-americana, “Um número relativamente pequeno, mas crescente, de ex-soldados e espiões afegãos está se juntando às fileiras do Daesh para lutar contra os talibãs”. O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), um ramo do Daesh, está “ansiosamente” absorvendo esses soldados treinados pelos EUA. Conforme ex-oficiais de segurança e membros do Talibã entrevistados pelo The Wall Street Journal, algumas tropas antigas do governo se juntaram por um salário e outras por falta de uma melhor alternativa ao poder do Talibã."Se houvesse uma resistência, eles teriam se juntado à ela", afirmou o ex-chefe do serviço secreto, Rahmatullah Nabil, acrescentando que, "por enquanto, o Daesh é o único grupo armado".

Ainda não é certo quais "conhecimentos críticos em técnicas de coleta de informações e de guerra" esses novos soldados vão fornecer ao EI-K, levando em consideração que os supostos 300.000 militares afegãos, de onde eles vieram, sucumbiram perante o Talibã em questão de semanas, com seus membros frequentemente fugindo ou se rendendo sem disparar um único tiro.

No entanto, aponta a mídia ianque, o fato de que esses combatentes financiados pelos EUA aderiram a um grupo “terrorista linha-dura”, apenas meses após a saída dos Estados Unidos do Afeganistão, demonstra um problema que os tomadores de decisões em Washington obviamente não aprenderam em quatro décadas de sua desastrosa “experiência”.

Tal como os afegãos mujahideen financiados pelos EUA acabariam por se transformam no Talibã no final dos anos 80, os ex-militares do governo títere afegão estão no mesmo caminho para reforçar o EI-K. Também os soldados iraquianos descontentes, que ficaram sem emprego após a invasão dos EUA em 2003, acabaram fornecendo um fluxo constante de recrutas para o Daesh vários anos depois.

O establishment de segurança imperialista já começou a soar o alarme sobre o ressurgimento do EI-K, com o subsecretário de Defesa dos EUA, Colin Kahl, dizendo ao Senado na semana passada que o grupo poderia estar em posição de atacar o Ocidente a partir do Afeganistão dentro de seis meses.O Talibã, pelo menos em público, está tranquilo. "Nós não somos confrontados com uma ameaça nem estamos preocupados com eles", declarou ao jornal norte-americano Mawlawi Zubair, alto comandante dos talibãs: "Não há necessidade, nem mesmo uma pequena necessidade, de procurarmos ajuda de alguém contra o Daesh".