sexta-feira, 26 de novembro de 2021

GREVE METALÚRGICA NA ESPANHA: TRABALHADORES ENFRENTAM O “AJUSTE” DOS PATRÕES E DURA REPRESSÃO DO GOVERNO SOCIAL DEMOCRATA 

Mais de 30 mil metalúrgicos da província de Cádis (localizada no Sul da Espanha, cuja capital também leva o nome de Cádis) se encontram em greve por tempo indeterminado desde o dia 15 de novembro. Os trabalhadores se opõem às empresas que tentam impor um contrato leonino de arrocho salarial. Os operários realizaram diversos protestos, piquetes e bloqueios para defender suas reivindicações. Também enfrentaram a dura repressão do governo Social Democrata que tenta impedir os metalúrgicos de se manifestarem, utilizando o aparelho policial do regime franquista com  balas de borracha, cassetetes e até tanques de guerra.

No dia último dia 22/11, os trabalhadores bloquearam a rodovia CA-23, às 5 da manhã, que liga os municípios La Línea de Concepción a San Roque, onde fica a sede de várias grandes indústrias no Campo de Gibraltar. Os bloqueios foram realizados com galhos em chamas, pedras e contêineres. Uma dúzia de viaturas e um carro militar blindado reprimiram os trabalhadores no local. No bairro de Bazán de San Fernando, os operários também formaram piquetes para interromper o trânsito na ponte de ferro, única estrada de acesso ao estaleiro da empresa imperialista Navantia (a maior construtora naval hispânica). Um grande destacamento policial foi acionado e tentou dispersar os manifestantes se utilizando da força bruta contra os trabalhadores, que se mantiveram no local e enfrentaram as forças de repressão. O entorno da fábrica Dragados y Alestis, em Puerto Real, e a sede da Federação dos Empresários de Metal de Cádis (Femca), na capital Cádiz, também foram alvos de protestos. Os operários metalúrgicos também fecharam os acessos ao terminal de contêineres do terminal APM do porto de Algeciras.

Em 23/11, no oitavo dia de greve, ocorreu um grande protesto na capital da província que contou com 5 mil pessoas, entre elas os operários metalúrgicos e estudantes e jovens que demonstravam sua solidariedade com os trabalhadores. Eles carregavam uma faixa escrita “A juventude com a greve dos metalúrgicos!”. Os estudantes iniciaram também, nesse dia, uma greve geral em seu apoio. A manifestação, que ocorreu durante o período da manhã, foi brutalmente reprimida pela polícia com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Os manifestantes responderam lançando pedras e garrafas. Dispersos através da força bruta, os trabalhadores e estudantes continuaram a enfrentar a polícia em diversos bairros operários como Loreto e Cerro del Moro.

Os trabalhadores da indústria metalúrgica exigem um salário que acompanhe a inflação, com um reajuste de 2% para o primeiro ano de vigência do contrato (2022) e 3% para o segundo. Enquanto isso, os grandes empresários, através da Femca, oferecem um aumento de apenas 0,5% nos salários. A inflação na Espanha, medida a partir do índice de preço de consumo (IPC), aumentou 5,5% somente no mês de outubro. O novo contrato está em aberto há quase um ano após o antigo ter expirado em dezembro do ano passado.A greve teve adesão, também, em diferentes municípios da província de Cádis, como San Fernando e Puerto Real. A adesão à greve no município foi de 98%.

Os trabalhadores da província de Cádis enfrentam há muito a exploração das grandes empresas imperialistas europeias e as consequências da crise econômica capitalista, atualmente, a província é a segunda em número de desempregados em todo o país. Esse número já chegou a 40,6% de desempregados no início de 2013, como consequência da crise mundial de superprodução de 2008. O reacionário governo da província tem contado com o apoio do presidente Pedro Sanchez, o Social Democrata apoiador de Lula, para incrementar a covarde repressão policial do regime franquista contra a greve metalúrgica.