domingo, 25 de outubro de 2020

45 ANOS DO ASSASSINATO DE VLADIMIR HERZOG: HONRAR OS QUE TOMBARAM PELA TORTURA DOS GENOCIDAS MILITARES COMBATENDO O GOVERNO DO NEOFASCISTA BOLSONARO! 

Há 45 anos, no dia 25 de outubro de 1975, era assassinado pela ditadura militar o jornalista iugoslavo de origem judaica e naturalizado brasileiro, Vladimir Herzog. Logo após o golpe de 1964, o nome de Vladimir Herzog passou a constar das listas do DOPS, entre jornalistas considerados inimigos do regime, pois assinara, em 1965, um manifesto de intelectuais contra as perseguições políticas. 

Contratado por três anos pela BBC, em junho de 1966, deixou o país rumo à Inglaterra, seguido por Clarice em dezembro do mesmo ano. Lá, onde Vlado trabalhou até o final de 1968, nasceram os filhos Ivo e André. Mesmo com a decretação do AI-5, decidiu por retornar ao Brasil quando seu contrato com a TV estatal inglesa terminou. Foi trabalhar na produção de comerciais em uma agência de publicidade e, em 1970, virou freelancer na Revista Visão, tornando-se depois seu editor de cultura. Em 1973, Vlado foi convidado a integrar a equipe de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, mas a experiência terminou em dezembro de 1974, após muitas pressões contra o “bando de subversivos” que buscavam renovar o formato dos noticiários, apesar de toda censura. 

Vlado dedicou-se a roteiros de cinema (um documentário sobre Canudos e o filme Doramundo, de Geraldo Ferraz), deu aulas na Escola de Comunicação e Artes da USP, teve passagem relâmpago pelo jornal Opinião e decidiu entrar para o PCB, na célula dos jornalistas da revista Visão. Dizia, com certo grau de humor, ter optado pelo Partido Comunista por entender que somente duas organizações nacionais tinham condições de derrotar a ditadura: a Igreja Católica e o PCB. Reforçou sua opção pelo PCB o fato de o partido não ter optado à época pela luta armada. 

Entretanto, a tática adotada pelos comunistas não impediu o massacre que veio a seguir, do qual o próprio Vlado seria vítima, ao aceitar o convite para retornar à TV Cultura, assumindo a direção do Departamento de Jornalismo. Herzog se apresentou espontaneamente às instalações do DOI-CODI, no dia 24 de outubro de 1975. O local funcionava dentro do quartel-general do II Exército, em São Paulo. Foi lá para “prestar esclarecimentos” sobre suas “ligações e atividades criminosas” por sua ligação com o PCB que não tinha aderido a luta armada... e nunca saiu. No local, foi torturado e morto. 

O DOI-CODI, onde Herzog foi morto, foi comandado pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, saudado por Bolsonaro no Congresso Nacional, em abril de 2016, quando votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). 

O Serviço Nacional de Informações (SNI) foi comunicado em Brasília de que naquele dia 25 de outubro: “cerca de 15h, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI/II Exército”. No laudo cadavérico expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Herzog se enforcara com uma tira de pano – a “cinta do macacão que o preso usava” – amarrada a uma grade a 1,63 metro de altura. Ocorre que o macacão dos prisioneiros do DOI-CODI não tinha cinto, o qual era retirado, juntamente com os cordões dos sapatos, segundo a praxe naquele órgão. 

No laudo, foram anexadas fotos que mostravam os pés do prisioneiro tocando o chão, com os joelhos fletidos – posição em que o enforcamento era impossível. Foi também constatada a existência de duas marcas no pescoço, típicas de estrangulamento. O ato ecumênico pela morte de Herzog, na Catedral da Sé, em São Paulo, no dia 31 de outubro de 1975, foi a primeira grande manifestação pública contra a ditadura desde a promulgação do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968. Oito mil pessoas conseguiram entrar na catedral e uma multidão ficou de fora. Além disso, em 1978, o legista Harry Shibata confirmou ter assinado o laudo necroscópico sem examinar ou sequer ver o corpo. 

Hoje 45 anos após o assassinato de Vladimir Herzog é necessário tirar as lições de sua morte pela ditadura: organizar a luta do proletariado contra a ofensiva reacionária, sem depositar nenhuma ilusão no circo eleitoral da democracia dos ricos. 

A LBI se mantém firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como uma face da ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção do Partido Revolucionário. Alertamos que não é patrocinando ilusões nas eleições burguesas e na Frente Popular que combateremos o fascismo ou seus herdeiros da ditadura militar como Bolsonaro! Para honrar a vida dos que tombaram mortos pelos gorilas é necessário organizar a resistência através da luta direta da classe operária, com seus métodos de luta tendo como objetivo liquidar a ditadura do capital e marchar na construção do Comunismo!