sábado, 17 de outubro de 2020

SOLIDARIEDADE COM A LIGA DOS CAMPONESES POBRES (LCP) E OS LUTADORES DO ACAMPAMENTO TIAGO DOS SANTOS: ABAIXO O TERROR ASSASSINO NO CAMPO! POR COMITÊS DE AUTODEFESA EM LUTA PELA REVOLUÇÃO AGRÁRIA!

Vários camponeses do Acampamento Tiago dos Santos foram executados em meio da mata ou desapareceram em uma ação policial no último dia 10 de outubro como denuncia a nota da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de ontem. Outros vários apoiadores foram detidos e presos. Começaram a aparecer fotos de prisões de camponeses da área e de camponeses executados na mata. A ação coordenada pelo governo de extrema direita do Coronel Marcos Rocha (PSL) contou com mais de 300 homens da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Militar do Estado, fortemente armados e encapuzados para não serem identificados pelos crimes que iriam cometer. 

A ação extremamente violenta contra as 600 famílias de camponeses que ocupam uma área de 57 mil hectares griladas pela empresa Leme Empreendimentos Ltda, de propriedade do latifundiário, grileiro e organizador de milícias Antônio Martins (Galo Velho).

O acampamento foi cercado, crianças sem leite (leite doado por pequenos sitiantes do distrito de Nova Mutum Paraná), helicópteros sobrevoando a área atirando e despejando cápsulas de munição (as munições das armas de grosso calibre anunciadas pela PM que seriam dos “bandidos” da LCP mas que na verdade são dos pistoleiros do Galo Velho e dos guaxebas (como os camponeses cjamam os pistoleiros em Rondônia) de farda, um verdadeiro terror contra as mais de 600 famílias e 2.400 homens, mulheres e crianças. 

Na ânsia de justificar seus crimes, a PM divulgou fotos das “provas” de que os camponeses seriam bandidos e criminosos: facões e armas de caça, aquecedor solar e equipamento de internet. Tudo o que divulgaram só prova o contrário do que afirmavam em sua grosseira montagem.

No Acampamento Tiago dos Santos em torno de 100 famílias já estavam em seus lotes. Nas áreas onde a LCP atua, o período de acampamento é provisório. As terras são medidas, cortadas e entregue para os camponeses. Tudo em assembleia, democraticamente, por sorteio. Isso se chama Corte Popular, aplicado pela Liga e prática que se espalhou por diversas lutas e movimentos. As famílias vão para as áreas já definidas pelo “Corte Popular” por partes. No Acampamento Tiago dos Santos, em função da luta anterior desde 2016, um dos critérios foi a antiguidade, prioridade para os que iniciaram a luta. Entre estas famílias há muitos camponeses desaparecidos. Toda nossa solidariedade a LCP e aos lutadores do acampamento Tiago dos Santos!

Para defender as mínimas reivindicações operárias e camponesas, atender os interesses mais elementares das massas, é preciso enfrentar a burguesia, os grandes grupos econômicos, as FFAA e o imperialismo com um programa de ruptura com o capital, pois os interesses das classes na sociedade capitalista são antagônicos e irreconciliáveis. Um real programa operário e camponês deve defender, para tirar as massas da miséria: a reforma agrária com o confisco do latifúndio produtivo para dar terra aos camponeses pobres; todo apoio às ocupações, a nacionalização da terra; garantir terra aos sem-terra e posseiros bem como a propriedade dos pequenos produtores; a ruptura com o FMI e o desconhecimento de todos os títulos dos agiotas financeiros, com a expropriação das fábricas, terras e bancos sob o controle operário. 

Esse programa somente poderá ser aplicado rompendo com a democracia capitalista e suas instituições (parlamento, justiça), levando a cabo essas medidas através de organismos de poder e organização dos trabalhadores da cidade e do campo, em uma autêntica democracia de conselhos de operários e camponeses. 

Nesse sentido, a reivindicação histórica de reforma agrária defendida para garantir terra aos sem-terra é uma reivindicação justa, porque consagra o acesso à propriedade aos trabalhadores, historicamente excluídos pela burguesia e pelo latifúndio de terem um pedaço de terra para manter suas famílias e garantir suas mais elementares condições de vida. Apesar da classe operária se colocar pela abolição completa da propriedade privada, ela apoia integralmente a reivindicação dos camponeses pobres por terra contra a classe capitalista latifundiária, que também é sua inimiga histórica, estimulando a sua associação em cooperativas ou a incorporação em fazendas coletivas estatais. 

Dar terra aos camponeses é uma tarefa democrática incapaz de ser realizada pelo capitalismo decadente e, como essa medida altera as relações sociais no campo, os enfrentamentos entre os sem-terra e o latifúndio assumem características revolucionárias em um país atrasado. 

A resposta proletária à questão da terra é a expropriação geral e revolucionária dos latifundiários sem indenização, através de milícias camponesas, pelo fim do monopólio privado da terra e a sua nacionalização, garantindo terra aos sem-terra e posseiros, bem como a propriedade dos pequenos proprietários rurais, assegurando-lhes assistência técnica, crédito subsidiado ou negativo e a comercialização da produção.

Onde há o desenvolvimento capitalista da agricultura no campo, a tarefa revolucionária dos camponeses pobres e do proletariado rural é expropriar as grandes empresas agroindustriais, sem indenização, convertendo-as em propriedade coletiva sob a direção dos trabalhadores e não repartindo as terras em pequenas propriedades, o que acabaria com sua alta produtividade. Em síntese, é preciso levar a cabo a revolução agrária, como parte da luta pela revolução socialista!