terça-feira, 13 de outubro de 2020

BOLSONARO SE “ENQUADRA” COMO “CENTRO DIREITA” POR FRAGILIDADE DO SEU GOVERNO: FMI LOGO PROJETOU MELHORA DO CENÁRIO ECONÔMICO NACIONAL 

A mudança no tom político neofascista de Bolsonaro, que vinha ameaçando (na verdade blefando) sistematicamente o país com um golpe militar para fechar o Supremo Tribunal e Congresso, lançando esforços para mobilizar sua turba de extrema direita na pandemia, parece ter sido suprimida por uma articulação para as eleições (seja a atual para as prefeituras como a de 2022 para renovar a gerência geral) e não para um golpe de Estado. Segundo relatou o próprio esgoto da mídia corporativa, a revista “Veja”, em maio de 2020, o presidente neofascista teve ciência de que ele poderia ser cassado pelo Congresso se insistisse na linha de ameaças contra o “establishment”. Até mesmo o “Mercado” (leia-se capital financeiro) estaria disposto a abandonar o barco do governo, tensionando pela saída do Ministro rentista Paulo Guedes. Após constatar que o cerco nacional das elites estava se fechando contra seu governo, o embusteiro Bolsonaro passou a “se empenhar” na negociação com o Congresso, especificamente reconstruindo a base de apoio, com o Centrão. Chega-se mesmo a ventilar nos bastidores de Brasília, que Bolsonaro estaria até disposto a se filiar ao MDB, partido “símbolo” da primeira oposição a Ditadura militar, cujo regime o neofascista faz apologia constantemente.

A demissão do Ministro da Educação Abraham Waintraub em junho, o “animador” das hordas, pego em flagrante em vídeo defendendo prisão para os “vagabundos do STF”, foi parte do recuo bolsonarista. Mais recentemente, a nomeação de Kassio Nunes para o STF, um nome que atende aos interesses da direita tradicional parlamentar e contrário à “Lava Jato”,  traindo sua base evangélica alucinada, para a qual já tinha prometido a vaga na Corte, selou o processo de “conversão” do neofascista as suas próprias origens de “Centrão conservador”.

Coincidentemente ao “enquadramento” do neofascista ao chamado “centro democrático” da burguesia, cuja expressão maior ocorreu quando Bolsonaro admitiu ter contraído a Covid, aceitando ele próprio se submeter ao isolamento protocolar imposto pela OMS, o FMI passou a rever os prognósticos mais sombrios feitos anteriormente para a economia brasileira.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê agora que o PIB do Brasil cairá “somente” 5,8% este ano devido à pandemia do novo coronavírus, segundo o relatório "Perspectivas da Economia Mundial", divulgado hoje (13/10).A projeção atual representa uma melhora em comparação com o último relatório, publicado em junho, no qual estimava uma redução de 9,1%. O relatório destaca a recuperação da atividade industrial no país em julho e agosto, mas reitera que o setor de serviços ainda enfrenta dificuldades, devido às restrições sanitárias decretadas pelos governos estaduais, que seguem de maneira geral( salvo pequenas particularidades regionais pouco significativas) conjuntamente as orientações da OMS.

O FMI também não deixou de elogiar a resposta do governo central à crise econômica provocada pela pandemia, com a implementação de um programa de estímulo, que incluiu o auxílio emergencial de R$ 600 mensais por vários meses, mas agora reduzido à metade até o final do ano. Ocorre que a política de  fincar a “renda mínima” não foi uma iniciativa de Bolsonaro ou de qualquer outro governo nacional. Tratou-se de uma determinação global da governança do capital financeiro, independente do matiz político e ideológico do gerente de cada país. Partiu do “Clube” mundial dos bancos a ordem de inundar os Estados nacionais com “crédito a vontade”, seja para o resgate financeiro de grandes empresas, ou para a estrutura trilionária de saúde( hospitais de campanha, respiradores, testes, etc..)montada para “tratar” pandemia do coronavírus.

Entretanto o FMI (e outros organismos financeiros mundiais) não “esqueceu” de avisar ao governo Bolsonaro, que a conta da “generosidade” irá chegar”,  na forma de um endividamento público nunca antes visto na história mundial. Os rentistas fizeram questão de ressaltar que a ampliação da “assistência social” para mais de 67 milhões de pessoas significa que "os custos fiscais médios somente para nove meses atingirão cerca de 5% do PIB", cerca de dez vezes o custo anual do Bolsa Família. Isto sem contabilizar o “crédito farto” dado a estados e municípios, o que vem provocando no Brasil um tipo de “euforia do consumo e crédito”, uma espécie de falso “ciclo econômico virtuoso” para as classes médias, além de uma enorme concentração de renda para a burguesia nacional, que embolsou a maior parte do “dinheiro jogado de helicóptero” pelo capital financeiro internacional.