O COMBATIVO PROLETARIADO BOLIVIANO QUIS VARRER O REGIME
GOLPISTA NESTAS ELEIÇÕES: O “NOVO” MAS TENTARÁ MANTÊ-LO DE PÉ COM SUA NOVA
GERÊNCIA
O regime golpista boliviano, instaurado pela derrubada militar do governo de colaboração de classes de Evo Morales em novembro passado, reconheceu oficialmente a vitória do Movimento ao Socialismo nas eleições presidenciais realizadas ontem (19/10). A questão que hoje debate toda a esquerda mundial, desde os diversos ângulos políticos e de classe, não é a já esperada vitória do MAS, mas porque o regime de exceção que preparava uma fraude para impor pelo menos um segundo turno, aceitou tão rapidamente a vitória de Luis Arce, se açodando inclusive ao próprio TSE, que de forma lenta ainda não se pronunciou, enquanto os boletins de apuração colocam Mesa a frente de Arce. A derrota do candidato preferencial dos militares golpistas, Carlos Mesa, era um fato consumado diante do ascenso de massas ocorrido no país nos últimos meses, inclusive sob a decretação de um “isolamento social rígido” na pandemia, como um último recurso para imobilizar as lutas do proletariado. Não adiantou, a classe operária e os camponeses chegaram a protagonizar uma poderosa greve geral, no mês passado se opondo ao regime golpista, mas que foi suspensa por orientação da cúpula do MAS, justamente quando atingiu seu ápice político, com bloqueios de estradas nos principais Departamentos e paralisação dos mineiros em La Paz. A negociação do MAS com o governo Jeanine para quebrar a greve geral, se concentrou justamente na garantia da realização das eleições presidenciais de outubro.
Porém a chave da resposta para entender o recuo orquestrado do regime, está na posição do Departamento de Estado dos EUA. O subsecretário do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Michael Kozak, foi apressado em saudar Luis Arce e David Choquehuanca, pelo triunfo eleitoral, assinalado ainda na base dos resultados da contagem rápida: “Parabenizamos o presidente eleito da Bolívia, Luis Arce, e o vice-presidente eleito David Choquehuanca, e também parabenizamos o povo boliviano por seu voto pacífico”, escreveu Kosak em suas redes sociais. Foi o sinal inequívoco para a presidente golpista Jeanine romper os protocolos do TSE, e proclamar na madrugada a vitória de Arce.
Também Mesa já admitiu a derrota, enquanto o presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, parabenizam Arce pela vitória. Lembramos que a OEA desempenhou um papel crucial na derrubada de Morales no ano passado, publicando um relatório com falsas alegações de fraude eleitoral contra o antigo TSE.
Apesar do pânico da pandemia de coronavírus e da forte presença militar nas ruas e urnas, a mídia local relatou um grande comparecimento, já que milhões foram às urnas esperando em longas horas em filas, majoritariamente é claro para repudiar os golpistas e seu candidato. O resultado eleitoral não deixa de demonstrar o profundo ódio popular pelo regime fascista de Áñez, que duas vezes adiou as eleições para tentar uma fraude.
A decisão de aceitar os resultados das eleições, devolvendo um governo tutelado pelos militares a ala direitista do MAS, está sendo tomada pelo imperialismo norte-americano como parte de um giro político mundial, que obviamente terá consequências nas próprias eleições ianques. É o primeiro signo do advento da “Nova Ordem de Controle Social”, onde o capital financeiro busca recompor politicamente a crise capitalista com a governança de uma espécie de “Centro Democrático”.
Por esta razão a gerência neoliberal de Luis Arce é percebida pelo Império como o melhor veículo para reiniciar a economia em crise estrutural, agora com um foco nos negócios com os EUA e China, eliminando a “intromissão” do imperialismo europeu na compra de commodities minerais da Bolívia.
Coube a esquerda reformista mundial, embelezar o triunfo de Arce como a volta da democracia. Em entrevista coletiva realizada em Buenos Aires, Evo Morales acrescentou: “Hoje, recuperamos a democracia e a pátria. Vamos recuperar a estabilidade e o progresso! Vamos recuperar a paz!” É o corolário da “festa da democracia”, só que desta vez a democracia de um regime que conserva suas baionetas intactas, agora “lubrificadas” politicamente pelos cretinos reformistas, apologistas da Frente Popular de colaboração de classes.
Os Marxistas Leninistas estarão na linha da vanguarda de
luta contra esse novo embuste político, chamado Luis Arce e seu “novo” MAS.
Denunciando concretamente os acordos estabelecidos pelo MAS com o imperialismo
ianque e a direita fascista regional, os Marxistas forjarão um polo classista
no seio da classe operária e camponeses, na direção da reconstrução do POR,
hoje desfigurado pela liderança Lorista que apoiou o golpe de Estado em 2019, e
mais recentemente boicotou a greve geral, sob a pérfida justificativa que a
paralisação contava com a participação da COB e entidades camponesas ligadas à
Evo Morales.