FREIXO DEFENDE DOAÇÕES DE BANQUEIROS PARA O PSOL: APENAS UM “ERRO” COMO AFIRMAM OS REVISIONISTAS (RESISTÊNCIA E CST) OU CONSEQUÊNCIA “NATURAL” DAS ALIANÇAS ELEITORAIS DE UM PARTIDO SOCIALDEMOCRATA?
Ganhou as manchetes da grande imprensa a declaração de Marcelo Freixo ameaçando deixar o PSOL caso o partido punisse o candidato a vereador em Duque de Caxias pela Insurgência, Wesley Teixiera, que aceitou doações do guru neoliberal Armínio Fraga e outros banqueiros na qualidade de pessoas físicas. “Se formalizarem alguma tentativa de impugnar a sua candidatura, Wesley, eu saio do PSOL, porque não tem condições de eu ficar em um partido que não vê o tamanho do que você representa para a democracia brasileira”, disse Freixo, que lembrou ter recebido, em 2012, doações de Guilherme Leal, fundador da Natura, para sua campanha eleitoral. Cinicamente, ao negar-se a devolver o dinheiro como solicitaram setores do PSOL, Wesley explicou que as doações fazem parte da luta “contra o fascismo”: “Esse é o momento de unir todos contra o fascismo. Existe escala de aliança, sim. Existem aqueles que são mais parecidos com o que eu penso, e existem alguns que são aliados próximos, e existem aqueles até que eu divirjo, mas que em momentos estratégicos são aliados contra (os que são) nossos adversários mais ainda”. Freixo e Wesley são a expressão concreta da política social-democrata que domina o PSOL, baseada na colaboração de classes mas o parlamentar fluminense é apresentado pela esquerda revisionista do trotskismo que habita o partido como um militante exemplar da “esquerda socialista”.
O grupo Resistência, apesar de criticar o candidato amigo dos banqueiros, afirma elogiosamente que “A candidatura do companheiro Wesley Teixeira a vereador em Duque de Caxias é uma necessidade destes tempos. Jovem, negro, evangélico que enfrenta o fundamentalismo religioso, periférico, Wesley encarará nesta eleição o desafio de se opor à política genocida acirrada nos últimos anos”. Marcelo Freixo (e também Wesley) apenas é consequente em sua linha política de se apresentar como um homem de confiança do grande capital, um quadro “amplo” que dialoga com todos os setores sociais, capaz de receber apoio da família Marinho, Veja e até do ex-presidente do BC na era FHC e assessor econômico de Aécio Neves. Nesse episódio caiu não a máscara de Marcelo Freixo, já conhecido por suas posições ultra-reformistas, mas sim dos grupos que se dizem da “esquerda do PSOL” que não passam de parasitas dos mandatos eleitorais de gente como Freixo e Wesley.
Freixo se revoltou com o pedido de setores do PSOL para que devolvesse o dinheiro doado por Armínio Fraga, Neca Setúbal (socióloga e banqueira herdeira de Olavo Setúbal, responsável pelo crescimento e expansão do Banco Itaú) e da família Moreira Salles (considerada a família mais rica em nosso país, detentora de um “império” que vai da metalurgia ao sistema financeiro, com destaque para participação no Itaú Holding, no grupo Itaú Unibanco Participações e na Cia. Brasileira de Metalurgia & Mineração). Para ele esse é um processo natural de apoio ao PSOL. De fato, esse é o que busca a direção nacional do PSOL que vem construindo alianças burguesas com a Rede, PDT, PSB e até partidos golpistas pelo país afora nestas eleições municipais.
Não por acaso, nestas eleições municipais, o PSOL aprovou coligações de norte a sul do Brasil com partidos que são os articuladores dos ataques aos trabalhadores como o PSDB, MDB e DEM, além do PSC que é ex-sigla de Jair Bolsonaro. Estes partidos são integrantes das mesmas coligações que o PSOL em: Maués (AM), Tefé (AM), Caçapava do Sul (RS), Tomé Açu (PA), Limoeiro (PE), Patos (PB), Riachão do Jacuípe (BA), Serra Talhada (PE), Ubá (MG) e Arinos (MG).
Sobre o caso em questão Wesley Teixeira diz ainda que “Fiz
parte da Insurgência, organização interna do partido durante os últimos seis
anos, que decidiu que temos que devolver o dinheiro. Nós temos uma divergência
tática e por isso comunico a minha saída da organização, mas continuaremos
juntos na construção da campanha, pois ainda possuímos muitos acordos
programáticos em relação à política para o Brasil. O PSOL, partido que
reivindico e que tem sido importante na luta contra fascismo e contra extrema
direita nesse período, ainda não declarou formalmente a retirada da nossa
candidatura. Porém uma parte do partido pode apresentar recursos e declarou ter
essa intenção. Mesmo assim vamos continuar a nossa candidatura. (01.10).
Lembremos que Luciana Genro (MES) aceitou dinheiro da Gerdau quando era possível fazer doações de pessoas jurídicas. Na época, a candidata a presidente pelo PSOL quando questionada em entrevista a Folha de SP (24/06.2014) “Se uma empresa fizer uma doação?” Luciana respondeu “Se uma empresa quiser fazer uma doação nós vamos avaliar na nossa coordenação de campanha. Desde que não se enquadre nas proibições do nosso estatuto, que são empreiteiras, bancos e multinacionais”. Ou seja, o MES adotou naquele momento o mesmo critério que fez a executiva municipal do PSOL-RS que autorizou em 2008 a “doação” da Gerdau! Empresas “nacionais” cujo dono é Jorge Gerdau Johannpeter, controlador da fábrica de armas Taurus, da montadora de ônibus Marcopolo e do grupo de siderurgia que leva o seu nome... poderia contribuir!!! Agora como a legislação só permite a contribuição de pessoas físicas nada mais natural como diz Freixo de receber a doação “pessoal” de banqueiros e empresários!
O Estado burguês, os banqueiros e empresário são bastante generoso com aqueles que legitimam o regime político democratizante, justamente porque desejam cooptar materialmente a “esquerda”, esteja ela dentro ou fora do governo, para que alimente o circo da democracia dos ricos que amortece a luta de classes e renova seus gerentes a cada eleição. Portanto da ótica marxista não existe diferença alguma (apenas nos volumes financeiros) dos “mimos” (legais ou ilegais) recebidos diretamente oriundos de grandes empresas, banqueiros, empresários como “pessoas físicas” ou das verbas estatais contabilizadas para o caixa partidário. Ambas são formas de corrupção do capital dirigidas ao amortecimento da luta de classes e cooptação das lideranças operárias. Os Marxistas Leninistas, extremamente minoritários mas íntegros em sua moral revolucionária, não podem admitir o recebimento de nenhum financiamento eleitoral das classes dominantes, seja pela forma do Estado burguês, pela via das grandes corporações capitalistas ou em nome de pessoas físicas.
A decomposição política e programática do PSOL confirma a lógica de ferro abstraída por Trotsky quando se referia ao fenômeno da Social Democracia europeia, como dizia um velho ditado russo: "Quem paga o violinista cigano tem o direito de ouvir a polca". Por outro lado, a eliminação das "contribuições ou comissões” recebidas pelos gerentes do Estado burguês, diretamente das empresas capitalistas ou seus donos, só é possível sob outro modo de organizar a economia nacional, ou seja, o modo de produção socialista, programa que o PSOL não defende!
A cooptação do capital e seu Estado ocorre não exclusivamente
com os partidos burgueses que realizam “negócios” vultuosos quando gerenciam a
chamada “máquina pública”, também está presente nas concessões legais como o
Fundo Partidário e nas doações para campanha. Estes mecanismos embora
“perfeitamente legais” não passam de uma forma de integrar forças políticas de
“esquerda” ao regime burguês, com as verbas estatais e recursos privados produto
da extração da mais valia do proletariado.