BIELORRÚSSIA, CÁUCASO, ÁSIA CENTRAL: RÚSSIA CERCADA POR UMA “GUERRA HÍBRIDA” DE MÚLTIPLOS FRONTS. OS MARXISTAS NÃO SÃO NEUTROS NESTE CONFLITO, ESTAMOS NA MESMA TRINCHEIRA DA LUTA CONTRA O IMPEIRIALISMO IANQUE, OTAN E SEUS MARIONETES!
A Rússia vem enfrentando nos últimos dias uma ofensiva política, militar e diplomática em vários fronts que envolvem países fronteiriços a seu território ou regimes aliados ao Kremlin. Bielorrússia, o Cáucaso e a Ásia central são neste momento o centro da guerra híbrida múltipla em curso no cerco a Putin promovido pelo imperialismo ianque, europeu e sua aliança militar, a OTAN.
Perseguindo objetivos econômicos, políticos e geoestratégicos, proclamaram essas frentes como zona do seu “interesse vital”. Estes conflitos em curso são indissociáveis da estratégia de expansão da OTAN para Leste e da deslocação das bases militares da Aliança imperialista para junto das fronteiras russas e fazem-se acompanhar de uma atividade febril do imperialismo euro-atlântico nas restantes Repúblicas soviéticas: desde o isolamento da Bielorússia e a diabolização do seu regime, passando pelo controle da Ucrânia e a agora por estimular o conflito em torno de Nagorno-Karabakh, que visa também tensionar as relações com a Turquia. O objetivo desse processo é armar uma provocação permanente contra a Rússia para fragilizar o bloco político-militar que pode se contrapor ao poderio bélico ianque, que inclui uma aproximação de Putin com a China.
É evidente que o imperialismo ianque está sedo montada uma ampla operação para bater às portas da Rússia, aproveitando a debilitada economia do país que sofre com a abrupta queda nos preços do petróleo e gás natural. A Rússia possui uma indústria bélica altamente desenvolvida, além da exportação principalmente de máquinas pesadas. Grande parte da economia permanece de propriedade do Estado, como herança da antiga URSS, por isso conseguiu evitar o desastre econômico que ocorreu na na época de Yeltsin, quando os EUA pretendiam transformar o país em uma neocolonia periférica. Desde 1995, a Rússia e a Bielorrússia por exemplo têm um acordo para formar um "Estado da União" que permita aos cidadãos de qualquer um deles o direito de trabalhar e se instalar permanentemente em qualquer um deles, sem respeitar os procedimentos formais de imigração. Outro Tratado assinado em 1999 inclui defesa militar comum e integração econômica, bem como um Parlamento da União e outras instituições. A Rússia subsidia o gás natural e o petróleo que entrega à Bielorrússia. Mas parte do petróleo refina e exporta para obter moeda estrangeira nos mercados ocidentais.
Ao avanço da OTAN, a Rússia tem respondido com uma
estratégia exitosa de fortalecer um projeto euroasiático, através de um duplo
movimento. De um lado, a Rússia está construindo alianças com as ex-Repúblicas
Soviéticas asiáticas, priorizando acordos econômicos e projetos de
infraestrutura, com desdobramentos geopolíticos. De outro lado, Moscou amplia
acordos com países que desde o final da Segunda Guerra Mundial estiveram na
esfera de influência de Estados Unidos. Um exemplo do primeiro tipo de
iniciativa é a União Econômica Euroasiática (UEE ou UEEA), formada em 2015 com
a Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e a Federação Russa. A rápida
consolidação da UEEA está animando a outros países a se interessarem pelo
acordo, inclusive os não asiáticos.
Desde a destruição contrarrevolucionária das conquistas
operárias na antiga URSS, o bando restauracionista, inaugurado por Yeltsin,
vinha desestimulando qualquer atrito político ou militar com o imperialismo
europeu e ianque, neste sentido as parcas manifestações nacionalistas russa
eram duramente reprimidas pelo Kremlin. Mas a chamada “revolução laranja”
ocorrida em 2004 na Ucrânia ascendeu o “alerta vermelho” para os
restauracionistas, era necessário parar de se “agachar” perante os EUA ou se transformariam
em mais um “quintal” do imperialismo ianque. Neste período este setor estatal
já convertido em burguesia russa (a restauração capitalista havia terminado por
completo) era comandado por Putin, um ex-dirigente da KGB e simpatizante
distante do velho stalinismo. Com o fortalecimento econômico da Rússia no final
da década passada, produto das exportações de Gás e Petróleo para a Europa, os
projetos da poderosa indústria bélica foram reiniciados, tendo como marco o
lançamento do moderno caça Sukhoi, único supersônico do planeta com capacidade
de enfrentar os F-18 norte-americanos.
Sua avançada indústria bélica (herança do Estado operário
soviético) sofre um duro bloqueio comercial dos EUA, sendo que poucos países
tem a “ousadia” para comprar as armas russas, Venezuela e Síria fazem parte
deste “seleto” grupo. Como não pode se basear na venda de equipamentos bélicos
para acumular divisas cambiais, a Rússia tem organizado sua economia em torno
da Gazprom, principal empresa exportadora do país. Seria tão estúpido, do
ângulo científico do Leninismo, considerar a Rússia imperialista tanto como
qualificar politicamente seu atual curso nacionalista burguês de enfrentamento
com o imperialismo como “reacionário”.
A história mundial tem demonstrado que a movimentação social
de setores das burguesias nacionais podem oscilar politicamente de acordo com a
etapa da luta de classes. Assim como ocorreu na Líbia, Brasil e agora contra a
Rússia, a guerra híbrida do Pentágono avança contra qualquer regime que não se
identifique integralmente com os ditames impostos pelos rentistas de Wall
Street. A palavra final estará com o desenvolvimento da luta de classes e na
capacidade do proletariado em derrotar a ofensiva imperialista contra as nações
oprimidas.
Os Marxistas Leninistas declaramos que não somos neutros
diante do conflito que já se iniciou com a guerra híbrida e pode facilmente
evoluir para uma guerra convencional nuclear. Estamos na trincheira da Rússia e
seus aliados, contra o imperialismo ianque, mantendo a linha programática
trotskista de autonomia de ação e críticas da condução de Putin. Para vencer o
monstro imperialista é necessário colocar em movimento o proletariado russo e de
seus irmãos de classe!