DECRETAÇÃO DO “ESTADO DE SÍTIO SANITÁRIO”: TAILÂNDIA É SACUDIDA POR MOBILIZAÇÕES MULTITUDINÁRIAS
No último sábado (17/10) milhares de manifestantes se reuniram em vários pontos de Bangkok, capital da Tailândia, pedindo a renúncia do Primeiro-Ministro Prayut Chan-o-cha, após confrontos em que a polícia usou canhões de água para dispersar a multidão. Desafiando o agravado “estado de sítio sanitário”, que proíbe reuniões de cinco ou mais pessoas, os manifestantes, liderados por estudantes, se reuniram pelo quarto dia consecutivo de protestos. O governo militar que controla o país ordenou a suspensão de quase todos os transportes em Bangkok, na tentativa de evitar que os manifestantes se reunissem, mas eles se reuniram onde puderam. Na sexta passada, o primeiro ministro asegurou que não renunciará ao poder. Prayuth Chan-Ocha também informou que o estado de emergência será mantido por um prazo máximo de 30 dias. O país vive, ainda, uma grave crise econômica. Dependente do turismo, a economia tailandesa foi fortemente afetada pela pandemia da Covid-19. O desemprego aumentou e a recessão se instalou, a alternativa do governo foi recorrer ao sistema financeiro para bancar o crescimento do déficit estatal.
Os organizadores das manifestações anunciaram que a demonstração de sábado começaria às 16h. Eles pediram aos participantes que chegassem às estações BTS Skytrain e MRT do metrô antes das 3 horas e as designassem como locais de protesto em caso de queda da rede. A polícia não interveio e as manifestações dispersaram-se à noite.Bangkok está em estado de emergência desde quinta-feira. Todas as reuniões de cinco ou mais pessoas são proibidas. Também é proibida a publicação de notícias eletrônicas e informações contendo mensagens alternativas sobre o noticiário oficial da pandemia.
O decreto do “estado de sítio sanitário” foi emitido pelo primeiro-ministro Prayut Chan-o-cha em uma tentativa de conter o movimento de protesto antigovernamental que vem ganhando impulso desde a última semana. Na quarta-feira, os manifestantes se reuniram em frente ao Monumento à Democracia antes de seguirem para ocupar os espaços ao redor da sede do governo. O movimento de massas foi disperso na manhã seguinte pela tropa de choque e vários participantes e líderes do movimento foram presos.
No dia seguinte, uma grande multidão se reuniu no coração de Bangkok. Segundo fontes oficiais, o número era de pelo menos 50.000 manifestantes. Na sexta-feira, os manifestantes se reagruparam, até que à tarde a tropa de choque começou a atacar e dispersar os manifestantes com canhões de água. A polícia misturou a água com uma tinta azul e produtos químicos irritantes. Vários manifestantes ficaram feridos e outros foram presos.
O movimento dos protestos, além de denunciar os atos
draconianos contra a população, adotados sobre a justificativa da pandemia,
exige a renúncia do governo militar do Primeiro Ministro Prayut Chan-o-cha, e
que a atual Constituição que foi adotada na época da junta militar que deu um
golpe no país em 2006, seja revogada.