segunda-feira, 12 de outubro de 2020

ROMPIDO FRÁGIL CESSAR-FOGO COSTURADO PELA RÚSSIA EM NAGORNO-KARABAKH: IMPERIALISMO IANQUE, ISRAEL E TURQUIA ESTIMULAM A CONTINUIDADE DO CONFLITO NO CÁUCASO 

Rompeu-se o frágil cessar-fogo costurado pela Rússia em Nagorno-Karabakh. O Ministério das Relações Exteriores da Armênia informou que as Forças Armadas do Azerbaijão atacaram mais de 120 assentamentos na reigão: “Continuam chegando informações de que o Azerbaijão não está cumprindo com suas obrigações de cessar-fogo. A respeito disso, gostaria de enfatizar a importância da introdução de mecanismos de verificação para obter o cumprimento do regime de cessar-fogo". Além disso, as autoridades armênias afirmam que a Turquia é a principal força por trás das agressões do Azerbaijão contra a república não reconhecida de Nagorno-Karabakh, o que também conta com o patrocínio da OTAN, dos EUA e de Israel. 

Erevan disse ainda que Ancara "não desiste de sua postura de desestabilizar ainda mais a situação e minar os acordos alcançados". Em negociações realizadas em Moscou, os chanceleres armênio, azeri e russo chegaram a um acordo de cessar-fogo na linha de contato entre os lados em conflito. No entanto, poucos minutos depois, Baku e Erevan se acusaram de violação de trégua.  

Nagorno-Karabakh vive intenso conflito desde o final do mês passado, com ambos os lados trocando acusações de ser o responsável pela nova escalada de violência na região, alvo de disputas desde que a república autônoma, de maioria étnica armênia, decidiu se separar da então República Socialista Soviética do Azerbaijão, em 1991. 

A Rússia conseguiu a assinatura de um cessar-fogo na guerra entre a Armênia e o Azerbaijão e, esta manhã, ambas as partes já se acusavam mutuamente de o terem violado.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, anunciou um cessar-fogo humanitário no Alto Karabakh com efeito imediato para a troca de prisioneiros e cadáveres. “Foi anunciado um cessar-fogo, com início às 12h00 do dia 10 de outubro de 2020, para fins humanitários para a troca de prisioneiros de guerra e outros detidos, bem como dos cadáveres dos mortos, que serão trocados de acordo com os critérios do Comitê Internacional da Cruz Vermelha ”, dizia o comunicado de Moscou.

De acordo com o comunicado, Baku e Yerevan concordaram em iniciar negociações sobre a guerra de Karabakh. “A República do Azerbaijão, a República da Armênia, com a mediação dos Co-Presidentes do Grupo de Minsk da OSCE, com base nos princípios básicos do acordo, está iniciando negociações substantivas com o objetivo de chegar a um acordo pacífico o mais rápido possível Lavrov disse.

As forças armênias acusam os azeris de violar a trégua. “Desafiando a trégua humanitária anunciada às 12h00 de 10 de outubro, as unidades do Azerbaijão lançaram um ataque à região de Karahambeyli às 12h05”, hora local, denunciou o exército da autoproclamada “República de Artsakh”.

Por sua vez, o Ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Jeyhun Bayramov, acusou o que chamou de "as forças de ocupação da Armênia" de continuar suas atividades militares, referindo-se a um ataque contra as posições do Azerbaijão na tarde de ontem, violando o acordo de Moscou.

Desde 27 de setembro, os armênios da autoproclamada “República de Artsakh”, apoiada pela Armênia, e as forças do Azerbaijão se engajaram na luta pelo enclave que ambos os países reivindicam.

O número oficial de mortos é de mais de 400, incluindo 22 armênios e 31 civis azeris, um número que pode ser muito maior, já que cada lado afirma ter eliminado milhares de soldados inimigos.

Localizado no sul do Cáucaso, o Alto Karabakh é um território com população majoritariamente armênia, embora tenha pertencido formalmente ao Azerbaijão desde a formação da URSS em 1924.

Em 1988, os armênios convocaram um referendo não oficial para deixar o Azerbaijão. O soviete local pediu a Moscou que retornasse à Armênia. Houve altercações e assassinatos graves entre as duas partes.

Com a liquidação da URSS, em dezembro de 1991 outro referendo foi convocado e a população aprovou a formação de um estado independente, que chamou de "República de Artsakh. Baku reagiu com um ataque militar e o exército armênio invadiu a região para defender a população, desencadeando uma guerra que durou dois anos.

Em 1993, quatro resoluções da ONU conclamavam o exército armênio a deixar o Alto Karabakh. Desde então, a situação não mudou e as tropas armênias continuam ocupando a área.

A presença do imperialismo se equilibra com o quarto protagonista que periodicamente mete o nariz na área, Israel, que mantém uma cooperação militar muito estreita com o Azerbaijão, o que lhe permite ameaçar a fronteira norte do Irã. Ao mesmo tempo, também mantém boas relações com o governo de Yerevan.

Em decorrência da importância geopolítica da região, as potências capitalistas passaram a influenciar no conflito que não foi resolvido até o momento, o que lhe dá um status de “nem guerra, nem paz”, com um cessar-fogo costurado pela Rússia que não gerou o fim das hostilidades na medida que o Azerbaijão vem se aliando as forças imperialistas e a OTAN contra a influência da Rússia na região caucasiana.