“LEY ÓMNIBUS” NA ARGENTINA: “GREVE GERAL” DE LOBBY PARLAMENTAR NÃO IRÁ DERROTAR MILEI E TAMPOUCO O PROJETO DRACONIANO DA GOVERNANÇA GLOBAL DO CAPITAL FINANCEIRO
A CGT, da burocracia sindical peronista com o apoio da esquerda reformista, convocou uma “greve geral” para este 24 de janeiro de 2024. Obviamente não se trata de um verdadeira greve geral, com paralisação da produção e bloqueio da circulação de mercadorias, mas sim de uma “tarde de protestos” que culminou em um massivo “ato de pressão“ em frente ao Congresso argentino, contra as medidas draconianas impulsionadas pelo frágil governo ultra neoliberal do “tresloucado“ Milei. Neste imenso “lobby parlamentar”, que obviamente contou com a simpatia política dos trabalhadores, coube até a presença do governador Kirchnerista da província de Buenos Aires, Kicillof, além de centenas de “personalidades estatais” da oposição burguesa ao reacionário gerente local, imposto no país da “tanguedia” pela Governança Global do Capital Financeiro.
Para tomar a decisão de convocar a “greve” de hoje, a CGT não consultou as bases, não organizou nenhuma paralisação e nem tampouco ocorreram prévias mobilizações das categorias afetadas pela malfadada “Ley Omnibus”. Embora uma genuína greve geral, por tempo indeterminado, esteja na ordem do dia para derrubar Milei e o conjunto do regime capitalista, o ato público de hoje, embora massivo, esteve muito longe de alcançar este objetivo estratégico para o proletariado argentino.
A “greve” foi totalmente parcial, começando ao meio-dia com as marchas populares dirigidas ao Congresso e não à Praça de Maio, onde fica a sede da gerência executiva da colônia portenha.
O objetivo da inesperada movimentação social da burocracia sindical, “adormecida” desde muito tempo, foi fortalecer as negociações da CGT com os diversos setores políticos institucionais, que ao invés de lutar pela eliminação completa da “Ley Omnibus”, discutem fazer algumas mudanças cosméticas no pacote do FMI, para depois apresentar esses “retoques” como uma “grande vitória”.
Na prática, a política ultra neoliberal de Milei é apenas uma continuidade da plataforma pró-rentismo dos governos anteriores de Mauricio Macri e Alberto Fernández, aplicando um forte ajuste salarial aos trabalhadores e extorquindo o povo argentino, principalmente através da galopante inflação e da dolarização da economia. O “projeto Milei” longe de representar uma ruptura do regime democratizante burguês, vigente desde a queda da ditadura militar no início dos anos 80, simboliza a total manipulação política da Governança Global sobre suas colônias, que alterna os seus gerentes estatais de vários matizes ideológicos, segundo seus interesses em cada etapa da luta de classes.
Para impor uma alternativa revolucionária de poder, para derrotar Milei e a oposição burguesa, é necessário reorganizar o movimento operário a nível de suas bases mais exploradas, com comissões inter-fábricas e uma coordenação política independente da burocracia sindical e da esquerda revisionista. As ações da classe operária devem ter perspectivas estratégicas da construção de um novo tipo de poder, sem nutrir as nefastas ilusões parlamentares, que contaminaram o proletariado como uma verdadeira “pandemia reformista”...