ÁUDIOS DE PROPINA DO NEGÓCIO DA VACINA “PIPOCAM” NA CPI: DISPUTA BURGUESA ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO JOGA HOLOFOTES NAS ENTRANHAS DA CORRUPÇÃO INERENTE AO ESTADO CAPITALISTA
Cinicamente, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, comparou os episódios desta quinta-feira (1º/7), envolvendo o cabo da PM de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti a uma briga de bandidos, o que é a mais pura verdade, incluindo aí o próprio Renan. O relator disse que os parlamentares ainda avaliam as motivações do policial militar que se apresenta também como representante na comercialização de vacinas. Dominghetti revelou o pedido de propina em entrevista à Folha. Ele confirmou a informação, que foi recebida com credibilidade por parlamentares independentes e de oposição. Mas ao mostrar um áudio editado e retirado de contexto que buscava envolver o deputado Luis Miranda (DEM-DF) num esquema de compra de vacinas, ele levantou a suspeita de que poderia ser uma testemunha “plantada”. Ele estaria tentando desviar o foco da comissão da investigação sobre a vacina Covaxin, da qual Miranda é testemunha essencial. “Pelo menos plantaram o áudio”, afirma Renan. A CPI decidiu apreender para averiguações o celular de Dominghetti. Em resumo, todos os governos burgueses e seus operadores vivem como parasitas da corrupção inerente do Estado capitalista!
Longe de uma tentativa de moralização da “coisa pública” e do Estado burguês, corrompido por essência, já que não passa de um comitê de negócios dos capitalistas, a corrupção acontece como parte da luta pelo controle do botim estatal entre as diversas frações da burguesia e seus gerentes de plantão em nível nacional.
Os marxistas revolucionários sabem
perfeitamente que os cofres do Estado burguês não são nada públicos, os
recursos acumulados pertencem a uma elite capitalista que os utiliza como uma
espécie de “fundo de reserva” para seus interesses, que faz da corrupção parte
inerente essencial do regime político.
As tão decantadas "propinas" para a definição dos
Marxistas não passam de comissões (corretagem) que envolvem qualquer transação
comercial ou financeira no regime capitalista, seja esta transação realizada na
esfera estatal mais ampla ou não. As comissões ("propinas") pagas a
gestores públicos ou privados são portanto uma engrenagem intrínseca ao modo de
reprodução e circulação do capital e nada tem de "imorais", sendo uma
forma de pagamento por serviços prestados que auferiram lucros aos
capitalistas.
Estas "propinas", embora ilegais no regime
jurídico brasileiro (ao contrário de vários países imperialistas que
normatizaram o recebimento de comissões por parte de gestores públicos ou
políticos institucionais) podem ser pagas de várias formas desde o numerário
cambial (cash) até mesmo o recebimento de cargos na própria estrutura do Estado
burguês, sempre lembrando que o objetivo final do pagamento das comissões será
o atendimento de interesses financeiros das grandes corporações capitalistas ou
mesmo empresas de menor porte no mercado.
Lamentavelmente a esquerda reformista aceitou a imputação moral feita pela burguesia de que as "propinas" (comissões) eram a causa da "miséria nacional" e que a crise do capitalismo teria como fundamento a "corrupção estatal", nada mais falso e enganador para a consciência das massas populares.
A corrupção estatal não é um "demônio moral" do
capitalismo, representa um mecanismo endógeno e historicamente indissociável do
modo de produção hegemonizado pela burguesia financeira, compreender este
fundamento básico da teoria marxista é elementar para a elaboração de uma plataforma
política de ação direta das massas para desnudar a suposta "ética e
moral" do regime da democracia dos ricos.