sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

MAIS UMA CAPITULAÇÃO NA ESQUERDA REVISIONISTA AO GOVERNO LULA... PROVOCA RACHA DA FRAÇÃO GUILLERMO LORA NO POR DO BRASIL

Acabamos de tomar conhecimento de uma importante cisão no seio do Partido Operário Revolucionário (POR) do Brasil. Trata-se da saída da “Fração Guillermo Lora” formada por quadros fundadores da Organização. O documento da Fração aponta como um dos elementos centrais da divergência a capitulação do POR e de seu agrupamento internacional (CERQUI) ao governo Lula. O “Comunicado à militância do POR e à vanguarda” (24.01), após registrar que dirigentes com mais de 30 anos de militância partidária foram excluídos burocraticamente pela direção por sérias diferenças políticas e metodológicas, afirma “Note-se que essas divergências têm aplicação prática concreta e imediata, que têm levado o CERQUI a fazer um bloco com a OTAN contra a Rússia na questão das anexações; na seção brasileira, a subordinar o voto nulo (e com ele a defesa da estratégica, programa, organização, denúncia da democracia burguesa e dos partidos burgueses, etc.) às reinvindicações (tornando a tática em estratégia), emblocar-se na defesa da democracia burguesa (e supostamente não do governo) quando não há real ameaça de golpe de qualquer natureza.”. A profundidade das divergências que chegou rachar ao meio a direção do POR demonstra que estamos presenciando o “início do fim” desta corrente no Brasil, cuja capitulação ao governo burguês Lula e a OTAN na Guerra da Ucrânia são a “pá de cal” no grupo Lorista, seguindo assim a dinâmica do restante da família revisionista como o PSTU, que vem definhando na medida em que se integra totalmente a gerência da Frente Ampla.

Como resposta as acusações da Fração G.Lora, o POR lançou uma declaração “Às correntes que se reivindicam do Socialismo e da Revolução social” (26.01) em sua defesa, afirmando “Acusações levianas, como a de que as posições do POR e do CERQUI, diante da guerra da Ucrânia, os levou a ‘fazer bloco com a OTAN’, se encontram disseminadas nos Boletins Internos da Fração. As críticas incorretas à posição do POR, que levantou a bandeira de ‘Abaixo o Golpe’, diante do movimento golpista dos bolsonaristas, como se fosse capitulação diante do governo Lula, foram livremente discutidas por meio dos Boletins Internos”. 

A LBI denunciou no último período que o POR vinha capitulando a candidatura Lula e depois ao próprio governo da Frente Ampla. Os materiais de agitação do POR durante as eleições mal defendiam o “Voto Nulo”, faziam ao contrário, lançavam chamados patéticos ao PT e a CUT para lutar nas ruas contra Bolsonaro, ou seja, tentavam empurrar “à esquerda” a candidatura Lula, quando o petista era o gerente preferencial escolhido pela Casa Branca em meio a disputa presidencial. A capa do Jornal Massas na véspera do 2º turno entre Lula e Bolsonaro não estampava o Voto Nulo, lançava apenas dizeres abstratos (Massas, nº 675, 16 a 30.10.2022) que não atacavam a Frente Popular: “Segundo turno das eleições: Permanece a tarefa da defesa do programa próprio e da independência de classe do proletariado e dos demais explorados diante da disputa interburguesa. 

A consequência direta dessa posição de não atacar de frente o Reformismo foi capitular ao governo Lula no “08 de janeiro” alardeando a tentativa de um “golpe de estado” que não existiu como bem registra a Fração G. Lora. Ao copiar a linha do PT e da grande mídia “em defesa da democracia e contra o golpe”, o POR cavou sua própria cova de entrar pela “porta dos fundos” da Frente Popular. Como a LBI caracterizou não houve tentativa alguma de golpe, o Pentágono e a CIA tinham o controle do alto-comando das FFAA no Brasil e a ordem era rifar Bolsonaro, não dar apoio aos seus apoiadores e sustentar Lula, fortalecendo-o em unidade com o STF e a Globo. Foi o que ocorreu! Mas para os neoLulistas do POR “A ameaça de golpe veio se gestando antes, durante e depois das eleições presidenciais. Bolsonaro, um grupo de militares de alta patente e parlamentares de sua base aliada não admitiram transferir o poder ao Lula e à frente partidária oposicionista. A contestação às urnas eletrônicas foi um sinal de que rejeitariam o resultado eleitoral favorável ao petista. O fato de o Congresso Nacional ter se colocado contra a volta do voto impresso não alterou a disposição de Bolsonaro, seus generais e séquitos partidários de ultradireita de reagirem pela via do golpe de Estado.” (POR, 09.01). 

Como vemos trata-se de uma capitulação completa ao Lulismo e a Frente Ampla que usou fantasma do “golpe” para disciplinar todo o movimento operário na linha da conciliação de classes e na defesa das instituições do regime burguês. Desgraçadamente o POR seguiu docilmente essa linha e agora está pagando o preço! 

Registre-se que na Bolívia, onde de fato houve um golpe de estado contra Evo Morales apoiado pelas EUA, com tanques nas ruas, centenas de mortos e a fuga do presidente para o México, o POR boliviano chamou as manifestações direitistas de “rebelião popular” e nunca de golpe de estado ou coisa parecida. Agora no Brasil que houve apenas uma manifestação de patetas Bolsonaristas desarmandos, o POR brasileiro vende pelos quatro cantos como “tentativa de golpe de estado” o movimento de pouco mais de 4 mil pessoas formados por Lúmpens e idosos com bíblias, sem qualquer apoio militar dos generais. Quanta incoerência do CERQUI, esse zig-zag político vai acabar levando o Lorismo a sua crise terminal! 

Além de capitular ao governo Lula, o POR é acusado pela Fração G.Lora de “fazer bloco com a OTAN contra a Rússia”. Como denunciamos anteriormente, o Manifesto do (PORdo Brasil, que conforma junto com outras organizações Loristas o chamado CERQUI, sintetizou nas chamadas finais de seu texto escorregadio: “RETIRADA DAS FORÇAS ARMADAS RUSSAS DA UCRÂNIA! POR UMA UCRÂNIA INDEPENDENTE E SOVIÉTICA!” (25.02.22). A esse chamado eles agora agregam o “NÃO À GUERRA” em seus panfletos sindicais. Não resta dúvida que esta política do “nem, nem” e o falso pacifismo pequeno-burguês do POR se coloca no campo da falsa neutralidade que favorece a OTAN e EUA, na medida que ação militar de Moscou foi uma resposta a ofensiva de cercar a Rússia por parte do imperialismo ianque e europeu. Desta forma, o POR rompendo mais uma vez com o legado de Lenin e Trotsky que prega se colocar incondicionalmente ao lado da nação oprimida (Rússia) contra a ofensiva militar do imperialista (OTAN), se posta em defesa da falsa neutralidade que favorece as grandes potências capitalistas. A palavra de ordem de “Não à guerra” levantada pelo POR é uma fraude pacifista, enganando o povo de que poderia haver uma solução justa para a guerra sem a luta revolucionária. Nenhum cessar-fogo ou acordo de paz entre ladrões capitalistas abordará as causas da guerra. Qualquer acordo desse tipo será necessariamente dirigido contra os trabalhadores da Rússia e da Ucrânia e preparará o terreno para o próximo conflito sangrento. 

Por fim, o Comunicado dos expulsos declara “A Fração G. Lora – Em Defesa do Programa – torna então pública e formal a expulsão que sofremos do Partido Operário Revolucionário – POR, depois de um ano de luta político-programático que travamos em defesa dos métodos, das tradições e do programa defendidos durante os últimos 33 anos, e que foram desintegrados pela direção do partido, por meio do revisionismo empregado para realizar revisões antimarxistas deste programa, tanto em nível internacional como em nível nacional. Diante do embuste da direção, que nos expulsou de fato e não formalmente, formalizamos com essa declaração nossa separação formal do partido, e a atribuímos a responsabilidade política totalmente à maioria da direção revisionista e burocrática”. 

Em nome da LBI chamamos os militantes do POR a fazerem um rigoroso balanço do processo de capitulação de sua direção ao Lulismo, cuja organização vem sofrendo várias cisões em função da linha revisionista. Ainda que incompletas as críticas da Fração Guillermo Lora apontam os principais desvios políticos do POR do Brasil no terreno nacional e internacional no último ano que tem sua raiz degenerativa na linha do próprio POR boliviano. Como nos ensinou Trotsky, estamos vendo o Lorismo definhar ano após ano, porque sua capitulação ao nacionalismo (e agora ao Lulismo), assim como a reação democrática patrocinada pelo imperialismo ianque levaram essa corrente ao estágio terminal com a ferida avançando a uma mortífera gangrena!