segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

UCRÂNIA&EUA X RÚSSIA: CHOQUE INTERIMPERIALISTA OU GUERRA ANTIIMPERIALISTA?

A Rússia foi encurralada pela estratégia imperialista de expansão geopolítica dos EUA/OTAN e para o regime nacionalista burguês de Moscou a guerra passou para uma esfera de uma defesa estratégica de sua soberania nacional a um mero choque de interesses de mercado, como acontece em uma caso clássico de guerras interimperialistas. Um ano após o início da Operação Militar Especial, ordenada pelo presidente russo Vladimir Putin contra o regime neonazista de Volodymir Zelensky, o Kremlin está travando uma guerra total contra o conjunto do imperialismo e o bloco da OTAN (exceto Turquia e Hungria) hegemonizada plenamente pelos EUA. A Rússia sobreviveu à avalanche de sanções econômicas e à quase total desconexão de sua economia mercantil dos círculos comerciais e financeiros controlados pelos EUA e seus subordinados.

A guerra entrou em uma nova fase em 30 de setembro, quando, após a integração de quatro regiões ucranianas (Donietsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia) à Rússia por meio de um referendo. Putin declarou a oposição do Kremlin à hegemonia imperialista norte-americana, dando início a uma guerra justa de defesa da soberania nacional.

As forças militares da Rússia procederam à destruição periódica das infra-estruturas técnico-militares e energéticas da Ucrânia com bombardeios de mísseis. Hoje, o conflito da guerra convencional é caracterizado por um relativo equilíbrio de forças, dado o receio do Kremlin em enfrentar a decisão de Washington e Kiev de continuar o que de fato já tornou-se o início de uma Terceira Guerra Mundial e que poderia levar a um apocalipse nuclear destruindo parte considerável do Planeta Terra.

O presidente Putin declarou que se a Rússia algum dia enfrentar a possibilidade de derrota militar direta pelos países da OTAN, com ocupação de seu território e perda de soberania, usará armas nucleares (táticas ou estratégicas, com a consequente destruição de uma porção da humanidade). Para a Rússia, este é um desafio existencial e político como o único país que tem capacidade de enfrentamento, com relativas chances de vitória, com o imperialismo ianque.

Putin e o Kremlin não acreditam mais que Joe Biden e seu círculo neoconservador secreto na Casa Branca (Deep State) tenham coragem suficiente de enfrentar militarmente a Rússia em um confronto direto, por isso apostam na tática do desgaste máximo ao ponto de não ultrapassar a “linha vermelha”.

Nesse contexto, as versões sobre a autoria intelectual e operacional da sabotagem com explosivos C4 aos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico em setembro do ano passado, tornam-se um elemento relevante da covardia terrorista ianque.

Na semana passada, quando Victória Nuland, a frenética russófoba Subsecretária de Estado dos EUA, encorajou o regime neonazi de Zelensky a lançar ataques contra centros militares na Crimeia como alvos legítimos, houve sinais de que a “bolha” narrativa da Ucrânia estourou e a derrota militar de Kiev no curto e médio prazo parece inevitável. Setores da “inteligência” do Pentágono sustentam que a Ucrânia está consumindo demais o estoque de armas dos Estados Unidos, deixando assim de abastecer outros aliados, mais especificamente os do entorno asiático próximo a China.

Em sua viagem secreta a Kiev em janeiro, o chefe da CIA, Bill Burns, teria dito a Zelensky que a ajuda financeira de Washington aumentará no próximo verão e terminará quando a temporada política das eleições primárias dos EUA estiver entrando em sua primeira fase. A esposa de Biden acaba de anunciar que o demente Democrata será candidato a um segundo mandato. O próximo desafio da CIA será a China, confirmou Burns.

Soma-se a essa conjuntura, a reversão das expectativas de Blinken na retomada da Crimeia, considerada uma “linha vermelha“ por Moscou. Um recente relatório da CIA afirmou que um conflito militar direto da OTAN com a Rússia não é do interesse imediato dos Estados Unidos. Por sua vez, Olexii Arestovich, assessor de alto escalão de Zelensky, declarou no final de janeiro que a guerra pode não terminar como os ucranianos esperam e traçou um cenário devastador semelhante ao das duas Coreias após a Segunda Guerra Mundial, onde a URSS e os EUA estiveram a um pequeno passo de iniciar um confronto militar direto, o que só não ocorreu pela estratégia stalinista da “Coexistência Pacífica” com o imperialismo ianque.