terça-feira, 12 de novembro de 2019

NOVA GREVE GERAL NO CHILE: PIÑERA PROPÕE REFORMA CONSTITUCIONAL "TRUCHA" ENQUANTO FRENTE POPULAR (PS, PC e CUT) DEFENDE ELEIÇÕES ANTECIPADAS PARA TIRAR DAS RUAS O CENTRO REBELDE DA CRISE POLÍTICA


Com barricadas incendiárias em várias partes do Chile, a Greve Geral começou nesta terça-feira (12). A convocação para paralisação ocorre quatro semanas após o início dos primeiros protestos sociais, com ataques a estações de metrô de Santiago, saques a lojas e a supermercados e enormes manifestações de rua. Trata-se de uma demonstração de força popular nas ruas de todo o país: uma greve geral que paralisou Santiago, as 15 capitais regionais e mais de 100 outras cidades do país, mobilizaram mais de um milhão de pessoas contra o atual governo e o modelo econômico neoliberal vigente no país. A paralisação foi convocada pela CUT. Na noite de domingo (10), Piñera anunciou que iniciaria nesta semana um processo de reforma constitucional que chamou de “congresso constituinte”, sem dar maiores detalhes sobre a fórmula, mas descartando que se tratasse de uma assembleia constituinte, como reivindica as direções reformistas (PS, PC, CUT). A massividade dos eventos desta terça deixa claro qual é a resposta das ruas a esta iniciativa. A proposta constitucional foi a terceira tentativa de Piñera de oferecer mudanças cosméticas em troca de um “acordo de união nacional”. A primeira foi no dia 28 de outubro, com uma reforma ministerial, e a segunda foi na semana passada, no dia 6 de novembro, quando lançou um projeto para estabelecer uma renda mínima. Ambos também tiveram, como resposta, marchas massivas que aconteceram dias depois. Nesta segunda-feira (11), o senador do PS, Alejandro Guillier, que foi o rival de Piñera no segundo turno em 2017, propôs que o presidente renunciasse, em conjunto com todos os senadores e deputados do país, e que fossem convocadas eleições gerais. “Para construir um novo Chile, você deve tomar a iniciativa de chamar a eleições antecipadas à Presidência da República e à totalidade do Congresso Nacional (…) nessas mesmas eleições gerais, os chilenos e as chilenas deverão poder decidir o mecanismo para a nova Constituição”, solicitou o senador, em mensagem por Twitter direcionada ao presidente. Frente ao ascenso em curso, a política do PS, PC e da CUT tem sido reivindicar eleições antecipadas ou mesmo a convocação de uma Assembleia Constituinte com Piñera, ou seja, um processo completamente controlado pelas cambaleantes instituições do regime político burguês. Esta orientação é uma completa traição a heroica luta dos trabalhadores e do povo oprimido que exige a derrubada do facínora e a superação do parlamento como “árbitro” da crise. O que está colocado é construir os cordões operários rumo a um governo revolucionário dos explorados! Nessa senda, a convocatória de uma Constituinte somente tem um caráter progressivo e de ruptura com a ordem burguesa se impulsionada por um novo poder operário na cabeça do novo Estado para elaborar uma Constituição Socialista que sente as bases políticas, econômicas e jurídicas de um novo regime sobre os escombros das velhas instituições capitalistas (justiça, FFAA, parlamento). A bandeira de “Constituinte” no abstrato está unindo toda a esquerda, desde o PC stalinista, passando por grupos mais à esquerda do Chile como o PC (AP) e o MIR chegando aos revisionistas do trotskismo como o PTS argentino até mesmo a tendência de Altamira no PO. Eles defendem a convocação de uma “Assembleia Constituinte” no Chile sem deixar claro que quem deve convocar a Constituinte é um novo governo revolucionário parido diretamente das manifestações em curso e não o moribundo Piñera, o que consistiria em uma manobra para recompor o regime burguês em crise e não para colocá-lo abaixo. Para vencer nesse momento crucial os setores mais conscientes da vanguarda devem avançar na construção de organismo de poder dos trabalhadores, com comitês de autodefesa armados que tenham como estratégia a revolução proletária que aniquile de forma revolucionária as instituições apodrecidas do regime político e particularmente as FFAA! Faz-se necessário, criar as condições para que os trabalhadores tomem o poder político e econômico, assim como os meios de comunicação e os bancos, tarefa que depende da construção dos cordões operários para edificarem um Governo Revolucionário, o que não passa pelo circo burguês das eleições antecipadas como apregoa a Frente Popular!