segunda-feira, 18 de maio de 2020

NOVO CAPÍTULO DA DISPUTA INTERBURGUESA: DÓRIA E WITZEL MANDAM PAULO MARINHO REVELAR A BLINDAGEM POLÍTICA OPERADA PELA PF AO CLÃ BOLSONARO  


Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o empresário Paulo Marinho (PSDB) e suplente de Flávio Bolsonaro, orientado claramente pelo governador Witzel e o tucano Dória, afirmou que Flávio foi avisado com antecedência por um delegado da PF sobre a deflagração da Operação “Furna da Onça”, que culminou na prisão de diversos parlamentares do estado do Rio em novembro de 2018. Segundo ele, um delegado da Polícia Federal tentou entrar em contato com o senador Flávio Bolsonaro por meio de telefone. Ainda de acordo com as informações de Marinho, o coronel Miguel Braga, acompanhado do advogado Victor Alves e de Val Meliga, ex-presidente do PSL no Rio e irmã de dois milicianos, encontraram o delegado na porta da Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, na Praça Mauá, Zona Portuária da cidade. Segundo Marinho, o delegado saiu da superintendência, encontrou os três na calçada e fez a seguinte afirmação: “Vai ser deflagrada a operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz (Nathalia), que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro (que ainda era deputado federal) em Brasília”. “Nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição (presidencial)”, teria dito o delegado, segundo Marinho. O empresário afirma na entrevista que o delegado, identificando-se como adepto e simpatizante da campanha presidencial de Jair Bolsonaro, recomendou providências e essas vieram na forma das demissões de Queiroz e sua filha, ambos exonerados no dia 15 de outubro de 2018. Não resta qualquer dúvida que o delegado em questão era Alexandre Ramagem, o escolhido por Bolsonaro para ser diretor-geral da PF, cuja posse foi barrada pelo STF. Em nota, Flavio Bolsonaro negou as acusações: “O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”. Alertamos que por mais exposto que esteja o “mar de lama” deste governo em conflito com seus ex-aliados Dória e Witzel, sem a mobilização de massas, ganhando as ruas e fábricas, a margem de manobra e recomposição política de Bolsonaro é que vem prevalecendo na conjuntura, principalmente com o recrudescimento da ofensiva neoliberal contra as conquistas históricas do proletariado brasileiro me meio a Pandemia. Enquanto a crise do regime vigente estiver limitada as disputas intermilicianas, ou mesmo no seio das alas da burguesia nacional, a classe operária vai continuar amargando profundas derrotas. É urgente apresentar aos trabalhadores e o povo oprimido deste país um novo projeto de poder revolucionário, que passe ao largo do cretinismo eleitoral da esquerda reformista.


O empresário Paulo Marinho vai receber segurança especial da Polícia Militar. O oferecimento foi feito pelo governo do Rio de Janeiro depois de um pedido do próprio suplente de senador e presidente do PSDB-RJ. "Em função de novas circunstâncias surgidas nas últimas horas, solicitei ao governador do RJ proteção policial à minha família e, após criteriosa análise das autoridades envolvidas, fomos atendidos. Seguiremos firmes lutando pela verdade e pelo Brasil", disse Marinho, que é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. O empresário ainda agradeceu as manifestações de apoio que recebeu e explicou os motivos que o levaram a fazer as revelações neste momento. “Após as denúncias do ex-ministro Sergio Moro, considerei a necessidade de dar publicidade às informações que podem colaborar com as investigações sobre a tentativa de interferência na PF”, publicou Marinho. A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu neste domingo (17) que a Polícia Federal colha o depoimento do empresário Paulo Marinho no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na PF. 

Lembremos que antes, o Ministério Público (MP) do estado do Rio de Janeiro, também sob orientação direta do criminoso governador Wilson Witzel, deu prosseguimento às investigações do esquema de lavagem de dinheiro do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente neofascista, descobrindo que o chefe da milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, foragido da polícia, ficava com parte dos valores arrecadados através de “rachadinha” no gabinete do então parlamentar estadual. De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), órgão vinculado ao governo de Witzel, Adriano Nóbrega fez contato com Danielle por Whatsapp no dia 29 de dezembro do ano passado, período no qual já estava foragido e com a investigação do Caso Queiroz já em pleno curso. O mafioso Queiroz demonstrou preocupação com a manutenção de Danielle Mendonça como funcionária fantasma na Alerj devido às eleições de 2018 e o receio de que o aumento da exposição do deputado estadual Flávio Bolsonaro levasse a imprensa a descobrir a esposa do miliciano em seu gabinete. O MP estadual afirma que Danielle revelou numa outra mensagem que foi o ex-marido quem arrumou a nomeação de funcionária fantasma na Alerj. Os promotores públicos afirmam ainda que Flávio Bolsonaro homenageou Adriano de Nóbrega com moção de louvor pelos inúmeros serviços prestados a sociedade e destacam que Adriano e Queiroz foram amigos de farda. O MP sustenta também que ao nomear a esposa e a mãe de Adriano para cargos comissionados, Flávio Bolsonaro transferiu, ainda que indiretamente, recursos estatais para o acusado de integrar milícia. Segundo o MP, Adriano interveio junto a Queiroz na tentativa de manter sua ex-esposa Danielle Mendonça da Costa no cargo e admitiu que era beneficiado por parte dos recursos desviados por parentes dele também nomeados na Alerj. O Ministério Público do Rio de Janeiro, que fez operação de busca e apreensão também na loja de chocolates de Flávio Bolsonaro, declarou ter indícios de que o senador Flávio Bolsonaro e sua mulher, Fernanda, pagaram em dinheiro vivo de forma ilegal R$ 638,4 mil na compra de dois imóveis em Copacabana (zona sul). Para os promotores, o uso de recursos em espécie tinha como objetivo lavar o dinheiro obtido por meio da “lavagem de dinheiro no antigo gabinete de Flávio na Alerj.

Em entrevista à RedeTV em janeiro deste ano, Flávio citou suas atividades empresariais como fonte de seu patrimônio. Porém, relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de janeiro contradisse a versão do atual senador para explicar seus ganhos financeiros. O documento apontou movimentação atípica de Flávio Bolsonaro de R$ 632 mil entre agosto de 2017 e janeiro de 2018. Segundo o RIF (Relatório de Inteligência Financeira), Flávio recebeu no período R$ 120 mil como lucro da loja. O valor é menor do que sua remuneração à época como deputado estadual, que somou R$ 131 mil no mesmo período. O órgão não conseguiu identificar a origem de outros R$ 90 mil recebidos por ele. Com o filhote fascista no “centro do furacão” e sob a mira de Witzel, Jair Bolsonaro tentou tirar o “corpo fora”, anunciando que nada tem a ver com os “negócios” de Flávio e que se responsabiliza apenas por seus próprios atos.

O Movimento de massas deve organizar uma ampla mobilização unitária de resistência aos ataques do governo neofascista, com o norte político apontado na preparação de uma Greve Geral contra a supressão dos nossos direitos sociais e garantias democrática, sem depositar nenhuma confiança na justiça burguesa. Como Marxistas Revolucionários temos uma certeza inquebrantável: sabemos do caráter de classe do STF, o "lixo" institucional da corte maior da burguesa do país está a serviço da classe dominante. Nesse sentido, a vanguarda classista deve denunciar o STF como serviçal dos grandes grupos econômicos capitalistas, alertando inclusive que os “ilustres” ministros desta instituição considerada o sustentáculo “ético” do atual regime na verdade tomam suas decisões em função das pugnas políticas existentes nas entranhas do poder republicano. Por isso declaramos: nenhuma ilusão nas instituições do regime político, no parlamento e no judiciário, lutemos por construir uma alternativa de poder operário e popular baseado na democracia operária dos trabalhadores em luta contra o neofascista Bolsonaro!