JONES MANOEL AFIRMA QUE “LULA NÃO É DE ESQUERDA” ... MAS O DOMESTICADO PCB VOTARÁ NA CANDIDATURA BURGUESA DO PT NO 2º TURNO
O pré-candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB) ao governo de Pernambuco, Jones Manoel foi sabatinado por jornalistas do portal UOL e da Folha. Ele corretamente afirmou que “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é de esquerda, mas o ‘centro democrático’ do País”. Trata-se de uma declaração que em tese serviria para manter a independência política diante da frente ampla burguesa encabeçada por Lula porém o PCB vai votar na candidatura burguesa petucana no 2º turno, ou seja, as declarações de Jones Manoel não passam de uma demagogia oca e sem consequências no combate de classe contra o reformismo completamente integrado a ordem burguesa através do chamado "centro democrático" servil ao grande capital.
A candidatura presidencial do petista está a serviço da ordem burguesa e do grande capital, costurando inclusive alianças com Alckmin, os golpistas e partidos de direita. Apesar de fazer demagogia em defesa da “revolução e do socialismo”, o PCB apoiará “criticamente” o programa de conciliação de classes do PT que tem levado os trabalhadores brasileiros a aceitarem, devido a paralisia dos sindicatos imposta pela burocracia lulista e pela estratégia burguesa da direção petista, profundas derrotas sociais e políticas para o proletariado.
Nesse sentido, o PCB “decidiu lançar a professora Sofia Manzano pré-candidata à presidência da República” (13.02). Lendo atentamente o comunicado publicado no site do partido não vemos uma linha sequer em defesa da revolução socialista, da ruptura revolucionária com o regime burguês ou mesmo qualquer crítica direta à candidatura burguesa de Lula. Ao contrário, o programa do PCB para a disputa se limita a apontar “uma saída popular para os graves problemas que afligem os trabalhadores e a população em geral” e “aponta para a reconstrução do Brasil na perspectiva do poder popular”. O que significa isso exatamente ninguém sabe e, muito menos, o PCB explica em seu texto.
Pela boca de Sofia somos informados que “Bolsonaro é o operador político da tragédia que o Brasil está vivendo, mas a burguesia brasileira é a principal responsável por essa crise, porque foi articuladora do golpe de 2016, apoiou a eleição de Bolsonaro e está unida na destruição dos marcos civilizatórios do país”. O que significa “destruição dos marcos civilizatórios do país” pela burguesia?
Para o PCB Bolsonaro é uma ameaça à democracia enquanto Lula e a direita tradicional (assim como a esquerda em geral) são partidários de uma frente da “Civilização” contra a “Barbárie”. Trata-se de substituição da luta de classes pelo velho conceito stalinista da “ampla unidade antifascista” entre todas as forças de oposição.
Essa posição joga água no moinho da colaboração de classes e na frente eleitoral com o PT no segundo turno em nome da defesa dos tais “marcos civilizatórios”. Por isso o texto do PCB não ousa criticar Lula, seu verdadeiro candidato nas eleições de 2022.
Afinal de contas qual o real significado da “Reconstrução Revolucionária” do PCB se o partido continua sendo uma legenda apêndice da socialdemocracia representada tanto pelo PSOL como pelo PT, legendas que são no arco da esquerda sustentáculos da democracia burguesa tão combatida por Lênin como uma expressão da ditadura do capital?
Em 2018 já havia caído a máscara da política de colaboração de classes do PCB nas eleições municipais. Se até 2018 o outrora “Partidão” era “apenas” um apêndice do PSOL e de seu programa socialdemocrata, quando embarcou acriticamente na candidatura presidencial de Boulos, deu um salto de qualidade em sua completa (re)integração a Frente Popular. Em várias cidades do país o PCB não apenas apoiou os candidatos a prefeito do PSOL em São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Porto Alegre, Fortaleza... como “avançou” em integrar coligações formadas além do PSOL por um arco burguês composto por PT, PCdoB, PSB, Rede e PDT! Em 2022 irá apoiar Lula mesmo com o PT coligado com os golpistas como Alckmin, tudo em nome de “derrotar a direita”, a velha cantilena do stalinismo.
O PCB rompeu com o governo Lula em 2005 após a crise do “Mensalão”. Chegou a lançar candidato a presidente em 2010 e 2014 mas acabou nos braços do PSOL e nas eleições municipais de 2018 voltou a ser sombra também do PT, que tanto denunciou até um passado recente acusando-o de ser o “partido da traição”! Mas não parou por aí, o atual PCB integrou inclusive coligações com a Rede, partido golpista de Marina Silva e o PDT do oligarca Ciro Gomes, demonstrando que voltou definitivamente para os braços da conciliação, descartando a tal “frente anticapitalista” que alegou defender até pouco tempo.
O PCB praticamente não divulga tais “feitos” da senda de conciliação de classes no site do partido, prefere tentar surfar na fama do youtuber Jones Manuel, que tem o camaleão ex-lavajatista Caetano Veloso como garoto propaganda. Não por acaso, o PCB afirma em manchete “Nosso partido tem orgulho do trabalho de divulgação do marxismo e das ideias revolucionárias feito por esse jovem intelectual. Cada vez mais, diante do avanço da extrema direita e da derrota política dos governos de conciliação de classe, a crítica revolucionária ganhará mais espaço entre a juventude e os trabalhadores”. Sem os mesmos holofotes, a direção nacional do PCB que celebra o “Marxismo” em dias de festa, avança no mundo real em sua política de ser uma dócil uma sublegenda do PSOL, passando inclusive a integrar as frente eleitorais com o PT e partidos burgueses para justamente conformar governos de conciliação de classes em nome do combate ao avanço da extrema direita, reeditando em nossos dias a velha política de Frente Popular do Stalinismo.
O PCB ainda flerta com traços político-ideológicos baseados no Marxismo-Leninismo, porém sua demagogia classista e “comunista” completamente oca como a representada pelo youtuber Jones Manoel está a serviço de encobrir na prática sua política reformista burguesa e de colaboração de classes, que se expressam nas alianças com o PSOL, PT e o seu arco burguês, que não têm um programa de ruptura revolucionária com a ordem burguesa ao contrário são reféns do circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos.