MOVIMENTO DE MASSAS SAI ÀS RUAS NO EQUADOR: COMEÇOU A REBELIÃO
POPULAR CONTRA O PRESIDENTE RENTISTA GUILHERMO LASSO
Grandes manifestações populares no Equador contra o aumento de preços dos combustíveis e a alta do custo de vida se espalharam pelo país e levaram o presidente Guillermo Lasso a decretar estado de emergência na última sexta-feira (17/06) após uma semana de um verdadeiro levante popular. Depois de medidas “paliativas” do governo dos rentistas, o levante de massas não arrefeceu e Lasso busca agora formas mais severas para reprimir a população via estado de emergência, com restrição de liberdades democráticas.
As manifestações foram convocadas inicialmente pela
Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), a mais importante
organização indígena do país dirigida pela esquerda indentitarista, após
tentativas que não se concretizaram de diálogos entre ambos. Os protestos
acontecem desde a segunda-feira (13/06), reivindicando o congelamento dos
preços dos combustíveis, o controle estatal para evitar a escalada de preços, a
anulação das privatizações e aplicação de moratórias sobre as dívidas dos
camponeses e sobre as atividades de mineração
Bloqueios de estradas e ocupação de instalações
petrolíferas, que paralisam a produção, foram constantes nos primeiros cinco
dias de protestos. Os manifestantes e forças de segurança entraram em confronto
em diversos momentos, deixando vários feridos e dezenas de detidos. O rentista
Lasso, pressionado pelas manifestações, anunciou medidas econômicas para tentar
conter a crise que foram consideradas insuficientes pelos manifestantes. Entre
elas está o aumento do auxílio pago a famílias de baixa renda, que passa de 50
para 55 dólares, o perdão de dívidas de até 3 mil dólares com o banco de
desenvolvimento e um subsídio destinado a pequenos e médios agricultores para o
fertilizante ureia.
Pouco antes do anúncio do estado de emergência , o líder
indígena Leonidas Iza, presidente da Conaie, alertou que os protestos passariam
a “outro nível”, caso o governo não dê respostas as exigências para superar a
crise econômica. O dirigente reformista responsabilizou também o atual presidente
pelas imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI), como a flexibilização
do trabalho e a eliminação dos subsídios.
Em 2019, uma onda de protestos no Equador devido ao preço
dos combustíveis resultou em uma dezena de mortes e cerca de 1,5 mil feridos,
um terço deles das forças de segurança. O estado de emergência terá duração de
30 dias e permite a mobilização das Forças Armadas para apoiar a Polícia
Nacional na garantia da ordem interna, além de suspender o direito dos cidadãos
de se reunirem e impor um toque de recolher noturno das 22h às 5h. O decreto
determina também a restrição do “direito à liberdade”, permitindo que o governo
exija de provedores que operam redes públicas de telecomunicações que suspendam
ou diminuam a qualidade dos serviços.
O combativo movimento de massas do Equador está diante de um
novo desafio frente a eclosão desta rebelião popular, romper politicamente com
as velhas direções reformistas e identitárias, para que as multitudinárias
manifestações não sejam derrotadas como nas vezes anteriores. É necessário para
esta tarefa a construção de um verdadeiro partido revolucionário, que unifique
em um só programa a luta da classe operária, camponeses e dos povos originários
do Equador.