INGLATERRA ENFRENTA A MAIOR GREVE DOS TRANSPORTES DOS
ÚLTIMOS 30 ANOS: NO CENTRO DA REAÇÃO IMPERIALISTA EUROPEIA O PROLETARIADO DIZ
NÃO A GUERRA IMPERIALISTA DA OTAN CONTRA A RÚSSIA
A maior greve dos trabalhadores no setor ferroviário desde 1989, que coincide com outra iniciada no metrô de Londres, derrubou o transporte no Reino Unido em greves que podem durar ao longo do tempo e se expandir a outros funcionários do setor público. Cerca de 40 mil pessoas foram convocadas pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e Transportes (RMT) para as greves de 24 horas nesta última terça-feira e prosseguirá nos dias 23 e 25 de junho. O proletariado exige melhorias salariais junto ao gestor público da infraestrutura da Rede Ferroviária e aos operadores privados das linhas. Se não for alcançado um acordo com o governo e patrões, as paralisações podem durar ainda mais tempo, em plena guerra imperialista contra a Rússia, onde Jonhson utiliza desses meios para fornecer armas para o governo neofascista da Ucrânia.
Durante o dia, menos de 20% do serviço ferroviário funcionou e a maior parte da rede de metrô foi suspensa, causando multidões nos ônibus e engarrafamentos nas estradas, apesar de muitos cidadãos trabalharem em casa. A greve também coincide com importantes provas que os alunos do ensino médio do país estão passando este mês.
Inspetores, garçons, sinalizadores e funcionários de limpeza e manutenção são os protagonistas das paralisações desta semana, que afetam cerca de vinte linhas de trem na Inglaterra, País de Gales e Escócia. Ao mesmo tempo, os ferroviários, representados pelo sindicato Aslef e geralmente mais bem pagos, farão sua própria greve em dias diferentes.
O Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, chamou as paralisações de "desnecessárias" e disse que elas causam "inconveniências significativas em todo o país". Da mesma forma, defendeu a posição das empresas de que o setor deve “modernizar-se”, e pediu ao público que “suporte” as interrupções porque “vai beneficiar” a reestruturação planejada.
Segundo o imperialista Johnson, as greves são "ruins e desnecessárias" e o setor recebeu apoio durante a pandemia e um investimento "colossal" em infraestrutura ferroviária. "Acreditamos em nossas ferrovias, acreditamos em nossa infraestrutura ferroviária como uma parte vital", afirmou o capacho de Biden.
Os grevistas pedem o descongelamento de seus salários com aumento de 7% (abaixo da inflação atual); que não haja demissões compulsórias como parte da reforma anunciada e que suas condições de trabalho sejam respeitadas, pois o gerente, do Ministério dos Transportes, e as franquias ferroviárias, agrupadas no Grupo Ferroviário, querem eliminar cerca de 2.500 empregos para substituí-los por novas tecnologias para economizar 2.000 milhões de libras (2.300 milhões de euros) em dois anos.
O reacionário governo otanista não participou das negociações. O ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, reiterou que a disputa deve ser resolvida "pelo empregador e pelos empregados" e confirmou que promoverá nova legislação para exigir serviços mínimos em greves e que funcionários da agência podem ser contratados para substituir quem protestar .
Sindicatos criticam Boris por ter "boicotado" as negociações ao não dar margem de manobra à Rede Ferroviária, que voltou às mãos do Estado em 2002 após sua privatização na década de 1990. A disputa aberta tomou um rumo político e ameaça para outros setores, como saúde e educação. “Não estamos pedindo um aumento maciço, apenas não estamos perdendo poder de compra”.
A estação de Liverpool Street, no leste de Londres, ficou meio vazia, enquanto as paradas de ônibus próximas estão superlotadas e a demanda por táxis aumentou. Na entrada, grupos de trabalhadores formam piquetes desde a madrugada, distribuindo folhetos e atendendo os cidadãos interessados.
“Não estamos pedindo um aumento maciço, apenas não estamos perdendo poder aquisitivo. Não é justo que nos neguem quando as empresas ferroviárias tiveram uma média de 500 milhões de libras (582 milhões de euros) em lucros durante a pandemia”, disse à Efe um representante sindical, que prefere permanecer anônimo. Uma companheira dela, separada e mãe de dois filhos, explica que seu medo é "um dia chegar ao trabalho" e que seu emprego nas bilheterias "acabou".
"Os trabalhadores britânicos precisam de melhores salários, segurança no emprego e condições decentes", disse Mick Lynch, secretário-geral da RMT. Os sindicatos alertam que esta greve pode ser o início de um "verão de descontentamento", com protestos de médicos, professores, garis e até advogados, cujos salários reais foram reduzidos em 10% da inflação. A greve ferroviária coincide com o caos nos aeroportos britânicos por falta de pessoal e problemas no Sistema Nacional de Saúde, com listas de internação colapsadas devido ao efeito da farsa prolongada da pandemia.
A luta dos trabalhadores ferroviários marca o coração da classe trabalhadora britânica e pode se tornar uma luta fundamental para toda a classe europeia, no quadro da guerra imperialista. O governo conservador concentrou todos os seus esforços nesta guerra, aumentou os gastos militares e, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, convocou seus soldados a se prepararem para lutar na Europa.