quinta-feira, 16 de junho de 2022

GOVERNO CHINÊS UTILIZA OS “PASSAPORTES SANITÁRIOS” PARA REPRIMIR A POPULAÇÃO: POLÍTICA DE “COVID ZERO” É PARA SALVAR A VIDA DO CAPITALISMO

O governo restauracionista chinês (um misto de ex-stalinismo com neocapitalismo) utiliza a infraestrutura de vigilância sanitária criada pela pandemia para evitar protestos populares. A polícia colocou o “passaporte de saúde” de milhares de correntistas bancários “no vermelho”, porque estavam se mobilizando para acessar seus fundos financeiros que foram congelados em uma espécie de “corralito financeiro” promovido pela equipe econômica da burocracia. Para acessar aos transportes públicos e a determinados espaços coletivos, como restaurantes e centros comerciais, é necessário ter o passaporte sanitário na modalidade “código verde”. Caso contrário, os cidadãos chineses não podem viajar pelo país.

A chamada política de “covid zero” do governo chinês nada tem a ver com a ciência ou defesa da vida, é parte da imposição da governança global do capital financeiro no sentido de “disciplinar” a economia capitalista mundial sob a ótica do rentismo. Quebrar empresas no mundo inteiro, baixar o preço das comodities e potencializar o aumento dos juros bancários no planeta são os reais objetivos da política de “covid zero”, isso tudo sem falar no brutal incremento da repressão estatal (terrorismo sanitário) contra as populações.

Na China os poupadores que tiveram suas reservas bloqueadas estavam mobilizados para viajar para a província de Henan esta semana, para protestar contra o congelamento de quase dois meses de acesso a suas contas(cerca de US$178 milhões em depósitos bancários), o que deixou as pequenas empresas incapazes de pagar trabalhadores e fornecedores. “Estamos sendo algemados digitalmente”, declarou um depositante da província de Sichuan. Um homem de sobrenome Liu, que mora na província de Hubei, descobriu que seu código de saúde foi definido como “vermelho” na manhã de 12 de junho, depois de se registrar no dia anterior para viajar em direção do protesto em Henan. O ato público teria sido o mais recente de inúmeras manifestações desse tipo em Henan nos últimos meses.

Liu disse que seu filho não poderá ir à escola se seu código não voltar para “verde” em breve. “Não posso fazer nada, não posso ir a lugar nenhum. Eles te tratam como um criminoso. Isso viola meus direitos humanos”, afirmou Liu.

Wang Qiong, que mora na cidade central de Wuhan, descobriu que seu passaporte de saúde ficou "vermelho" depois de participar da mobilização popular de Henan em 11 de junho. "A polícia já tinha meus dados de identidade da última vez que fui protestar em abril", disse Wang, que declarou ter perdido o acesso a 2,3 milhões de yuan.

A introdução pelos governos burgueses dos draconianos “passaportes sanitários”, medida ultra reacionária apoiada globalmente pela esquerda reformista, serve apenas como instrumento da repressão estatal capitalista. Na China, a burocracia restauracionista que se postula como o “centro mundial do capitalismo planificado”, já utiliza os passaportes sanitários como um mero pretexto para reprimir a população, assim como usa os “bloqueios covidianos” como ferramenta de centralização econômica de sua produção industrial, inferindo dessa forma no fluxo internacional do capitalismo.