GOVERNO CHINÊS UTILIZA OS “PASSAPORTES SANITÁRIOS” PARA
REPRIMIR A POPULAÇÃO: POLÍTICA DE “COVID ZERO” É PARA SALVAR A VIDA DO
CAPITALISMO
O governo restauracionista chinês (um misto de ex-stalinismo com neocapitalismo) utiliza a infraestrutura de vigilância sanitária criada pela pandemia para evitar protestos populares. A polícia colocou o “passaporte de saúde” de milhares de correntistas bancários “no vermelho”, porque estavam se mobilizando para acessar seus fundos financeiros que foram congelados em uma espécie de “corralito financeiro” promovido pela equipe econômica da burocracia. Para acessar aos transportes públicos e a determinados espaços coletivos, como restaurantes e centros comerciais, é necessário ter o passaporte sanitário na modalidade “código verde”. Caso contrário, os cidadãos chineses não podem viajar pelo país.
A chamada política de “covid zero” do governo chinês nada
tem a ver com a ciência ou defesa da vida, é parte da imposição da governança
global do capital financeiro no sentido de “disciplinar” a economia capitalista
mundial sob a ótica do rentismo. Quebrar empresas no mundo inteiro, baixar o
preço das comodities e potencializar o aumento dos juros bancários no planeta
são os reais objetivos da política de “covid zero”, isso tudo sem falar no
brutal incremento da repressão estatal (terrorismo sanitário) contra as
populações.
Na China os poupadores que tiveram suas reservas bloqueadas
estavam mobilizados para viajar para a província de Henan esta semana, para
protestar contra o congelamento de quase dois meses de acesso a suas
contas(cerca de US$178 milhões em depósitos bancários), o que deixou as
pequenas empresas incapazes de pagar trabalhadores e fornecedores. “Estamos
sendo algemados digitalmente”, declarou um depositante da província de Sichuan.
Um homem de sobrenome Liu, que mora na província de Hubei, descobriu que seu
código de saúde foi definido como “vermelho” na manhã de 12 de junho, depois de
se registrar no dia anterior para viajar em direção do protesto em Henan. O ato
público teria sido o mais recente de inúmeras manifestações desse tipo em Henan
nos últimos meses.
Liu disse que seu filho não poderá ir à escola se seu código
não voltar para “verde” em breve. “Não posso fazer nada, não posso ir a lugar
nenhum. Eles te tratam como um criminoso. Isso viola meus direitos humanos”,
afirmou Liu.
Wang Qiong, que mora na cidade central de Wuhan, descobriu
que seu passaporte de saúde ficou "vermelho" depois de participar da
mobilização popular de Henan em 11 de junho. "A polícia já tinha meus
dados de identidade da última vez que fui protestar em abril", disse Wang,
que declarou ter perdido o acesso a 2,3 milhões de yuan.
A introdução pelos governos burgueses dos draconianos
“passaportes sanitários”, medida ultra reacionária apoiada globalmente pela
esquerda reformista, serve apenas como instrumento da repressão estatal
capitalista. Na China, a burocracia restauracionista que se postula como o
“centro mundial do capitalismo planificado”, já utiliza os passaportes
sanitários como um mero pretexto para reprimir a população, assim como usa os
“bloqueios covidianos” como ferramenta de centralização econômica de sua
produção industrial, inferindo dessa forma no fluxo internacional do
capitalismo.