sábado, 8 de agosto de 2020

A FARSA DA “REVOLUÇÃO COLORIDA”NO LÍBANO: MANIFESTANTES QUEIMAM PARLAMENTO E EXIGEM RETORNO DO PAÍS A CONDIÇÃO DE PROTETORADO DA FRANÇA 

Milhares de pessoas se reuniram neste sábado (08/08) em frente ao Parlamento do Líbano, em Beirute, para exigir a renúncia do governo de “unidade nacional” em um ato que rapidamente acabou em confronto entre os manifestantes e polícia. Também há relatos da ocupação do Ministério das Relações Exteriores onde desfraldaram a bandeira da França.

Os enfrentamentos ente manifestantes e as forças de segurança estão sendo muito violentos. Mais de 15 ambulâncias foram até o local do protesto. Os informes iniciais da Cruz Vermelha indicam que cerca de 109 pessoas ficaram feridas, sendo que 22 delas tiveram que ser hospitalizadas, enquanto as outras foram tratadas no local. A multidão reunida na principal praça de Beirute neste sábado acusa o governo de negligência e culpa as autoridades libanesas pelo ocorrido, sem que mencionem qualquer participação de Israel no atentado que ceifou mais de 200 vidas, deixou milhares de feridos e destruiu quase metade da capital. Os manifestantes “pró ocidente” levaram forcas no ato, onde enforcaram simbolicamente os governantes libaneses, saudando os carrascos sionistas(que cinicamente apoiam os protestos)que atacaram e devastaram o país mais de uma dezena de vezes.

A apuração das responsabilidades da explosão seguem lentas ainda, A existência de 2750 toneladas de nitrato de amónio em um armazém no porto de Beirute pode justificar, segundo os especialistas em explosivos, a extensão da catástrofe registada  e o seu trágico balanço parcial de 200 ou mais mortes e de 300 mil desalojados. O que parece mais difícil de explicar para os arautos que defendem que não houve indução na explosão, é o estranho cogumelo observado sobre o local na sequência das explosões, em vez das esperadas nuvens de fumaça em dispersão, seguido por uma vaga gigantesca no mar e um abalo sísmico de 3,5 na escala de Richter (eventual causador de grandes estragos em redor, juntamente com o sopro do rebentamento).O que terá acontecido, de fato em Beirute é a conjunção de vários fatores “explosivos”, uma crise econômica profunda, um impotente governo de “unidade nacional” composto pela direita maronita e o Hezbolah, e cobrindo todo esse cenário catastrófico o Enclave de Israel buscando ocupar militarmente o sul do Líbano, para solidificar suas posições estratégicas na região. 

Todos nós Marxistas sabemos muito bem que o único entrave para a realização do triunfo militar sionista no Líbano se chama a resistência armada islâmica, mais além das divergências que estabelecemos com este movimento político e militar, aliás o maior exército não estatal do planeta. É evidente que para os carrascos do Likud, acossados por uma profunda crise interna do seu regime corrupto, varrer o Hezbolah do Líbano para impor um governo maronita ainda mais a direita que o atual, seria o “cenário dos sonhos”, deixando o corredor libanês “free way” para atacar o Irã e a Síria. Por sua vez o Hezbolah é uma força nacionalista burguesa, que teme ir mais a fundo na ruptura com a “elite branca” que domina o Líbano desde a derrota do Império Otomano na I guerra mundial.

A senha programática para superar esta complexa crise multifacetária, que coloca por um lado a reação imperialista em um protagonismo ímpar para avançar na colonização da região e por outro lado a resistência árabe e palestina em uma situação de total defensividade, não pode ser outra do que um chamado as massas a romper com as lideranças reacionárias que “gritam contra a corrupção” e se calam diante do capitalismo monopolista que arrasa o país. É necessário intervir a fundo neste processo, forjando a construção de uma alternativa revolucionária, sem perder o centro do inimigo principal, O imperialismo e seu braço militar sionista!