FRIEDRICH ENGELS: NOSSA HOMENAGEM AO GRANDE COMBATENTE E MESTRE DO PROLETARIADO MUNDIAL, O FUNDADOR DO SOCIALISMO CIENTÍFICO E AUTOR DO MANIFESTO COMUNISTA AO LADO DE KARL MARX
Engels foi o mais notável sábio e mestre do proletariado contemporâneo em todo o mundo civilizado. Desde o dia em que o destino juntou Karl Marx e Friedrich Engels, a obra a que os dois amigos consagraram toda a sua vida converteu-se numa obra comum. Assim, para compreender o que Friedrich Engels fez pelo proletariado, é necessário ter-se uma ideia precisa do papel desempenhado pela doutrina e atividade de Marx no desenvolvimento do movimento operário contemporâneo. Marx e Engels foram os primeiros a demonstrar que a classe operária e as suas reivindicações são um produto necessário do regime económico atual, que, juntamente com a burguesia, cria e organiza inevitavelmente o proletariado; demonstraram que não são as tentativas bem intencionadas dos homens de coração generoso que libertarão a humanidade dos males que hoje a esmagam, mas a luta de classe do proletariado organizado. Marx e Engels foram os primeiros a explicar, nas suas obras científicas, que o socialismo não é uma invenção de sonhadores mas o objetivo final e o resultado necessário do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade atual. Toda a história escrita até aos nossos dias é a história da luta de classes, a sucessão no domínio e nas vitórias de umas classes sociais sobre outras. E este estado de coisas continuará enquanto não tiverem desaparecido as bases da luta de classes e do domínio de classe: a propriedade privada e a produção social anárquica. Os interesses do proletariado exigem a destruição destas bases, contra as quais deve, pois, ser orientada a luta de classe consciente dos operários organizados. E toda a luta de classe é uma luta política.
Todo o proletariado que luta pela sua emancipação tornou
hoje suas estas concepções de Marx e Engels; mas nos anos 40, quando os dois
amigos começaram a colaborar em publicações socialistas e a participar nos
movimentos sociais da sua época, eram inteiramente novas. Então, eram numerosos
os homens de talento e outros sem talento, honestos ou desonestos, que, no
ardor da luta pela liberdade política, contra a arbitrariedade dos reis, da
polícia e do clero, não viam a oposição dos interesses da burguesia e do
proletariado. Não admitiam sequer a ideia de os operários poderem agir como
força social independente. Por outro lado, um bom número de sonhadores, algumas
vezes geniais, pensava que seria suficiente convencer os governantes e as classes
dominantes da iniquidade da ordem social existente para que se tornasse fácil
fazer reinar sobre a terra a paz e a prosperidade universais. Sonhavam com um
socialismo sem luta. Finalmente, a maior parte dos socialistas de então e, de
um modo geral, os amigos da classe operária, não viam no proletariado senão uma
chaga a cujo crescimento assistiam com horror à medida que a indústria se
desenvolvia. Por isso todos procuravam o modo de parar o desenvolvimento da
indústria e do proletariado, parar a «roda da história». Contrariamente ao
temor geral ante o desenvolvimento do proletariado, Marx e Engels punham todas
as suas esperanças no contínuo crescimento numérico deste. Quanto mais
proletários houvesse, e maior fosse a sua força como classe revolucionária,
mais próximo e possível estaria o socialismo. Podem exprimir-se em poucas
palavras os serviços prestados por Marx e Engels à classe operária dizendo que
eles a ensinaram a conhecer-se e a tomar consciência de si mesma, e que
substituíram os sonhos pela ciência.
É por isso que o nome e a vida de Engels devem ser
conhecidos por todos os operários; é por isso que, na nossa compilação, cujo
fim, como o de todas as nossas publicações, é acordar a consciência de classe
dos operários russos, devemos dar um apanhado da vida e da actividade de
Friedrich Engels, um dos dois grandes mestres do proletariado contemporâneo.
Engels nasceu em 1820 em Barmen, na Província renana do
reino da Prússia. O pai era um fabricante. Em 1838, Engels teve de abandonar
por motivos familiares os estudos no liceu e de entrar como empregado numa casa
de comércio de Bremen. Este trabalho no negócio não o impediu de completar a
sua instrução científica e política. Foi desde o liceu que ele ganhou ódio ao
absolutismo e à arbitrariedade da burocracia. Os seus estudos de filosofia
levaram-no ainda mais longe. Predominava então na filosofia alemã a doutrina de
Hegel, e Engels tornou-se seu discípulo. Embora Hegel fosse, por seu lado, um
admirador do Estado prussiano absolutista, ao serviço do qual se encontrava na
qualidade de professor na Universidade de Berlim, a sua doutrina era
revolucionária. A fé de Hegel na razão humana e nos seus direitos e o princípio
fundamental da filosofia hegeliana, segundo o qual o mundo é teatro de um
processo permanente de mudança e desenvolvimento, conduziram os discípulos do
filósofo berlinense, que não queriam acomodar-se à realidade, à ideia de que a
luta contra a realidade, a luta contra a iniquidade existente e o mal reinante,
também procede da lei universal do desenvolvimento perpétuo. Se tudo se
desenvolve, se certas instituições são substituídas por outras, por que é que o
absolutismo do rei da Prússia ou do tsar da Rússia, o enriquecimento de uma
ínfima minoria à custa da imensa maioria, o domínio da burguesia sobre o povo,
hão-de perdurar eternamente? A filosofia de Hegel tratava do desenvolvimento do
espírito e das ideias; era idealista. Do desenvolvimento do espírito a
filosofia de Hegel deduzia o desenvolvimento da natureza, do homem e das
relações entre os homens no seio da sociedade. Retomando a ideia hegeliana de
um processo perpétuo de desenvolvimento*, Marx e Engels rejeitaram a sua
preconcebida concepção idealista; analisando a vida real, viam que não é o
desenvolvimento do espírito que explica o da natureza, mas que, pelo contrário,
é necessário explicar o espírito a partir da natureza, da matéria...
Contrariamente a Hegel e outros hegelianos, Marx e Engels eram materialistas.
Partindo de uma concepção materialista do mundo e da humanidade, verificaram
que, tal como todos os fenómenos da natureza têm causas materiais, igualmente o
desenvolvimento da sociedade humana é condicionado pelo desenvolvimento de
forças materiais, as forças produtivas. Do desenvolvimento das forças
produtivas dependem as relações que se estabelecem entre os homens no processo
de produção dos objectos necessários à satisfação das necessidades humanas. E
são estas relações que explicam todos os fenómenos da vida social, as
aspirações do homem, as suas ideias e as suas leis. O desenvolvimento das
forças produtivas cria relações sociais que se baseiam na propriedade privada;
mas vemos hoje esse mesmo desenvolvimento das forças produtivas privar a
maioria dos homens de toda a propriedade e concentrar esta nas mãos de uma
ínfima minoria; ele destrói a propriedade, base da ordem social contemporânea,
e tende ele próprio para o objectivo que se fixaram os socialistas. Estes
últimos devem apenas compreender qual é a força social que, pela sua situação
na sociedade actual, está interessada na realização do socialismo, e incutir
nesta força a consciência dos seus interesses e da sua missão histórica. Esta
força é o proletariado. Engels conheceu-o na Inglaterra, em Manchester, centro
da indústria inglesa, onde se fixou em 1842 como empregado de uma firma
comercial de que seu pai era um dos accionistas. Aí Engels não se limitou a
permanecer no escritório da fábrica: percorreu os bairros sórdidos em que
viviam os operários e viu com os seus próprios olhos a miséria e os males que
os afligiam. Não se limitando à sua observação pessoal, Engels leu tudo o que
antes dele se tinha escrito sobre a situação da classe operária inglesa e
estudou minuciosamente todos os documentos oficiais que pôde consultar. O
resultado dos seus estudos e observações foi um livro que saiu em 1845: A
Situação das Classes Trabalhadoras na Inglaterra. Já atrás assinalámos o
principal mérito de Engels como autor dessa obra. É certo que antes dele muitos
tinham descrito os sofrimentos do proletariado e indicado a necessidade de lhe
prestar ajuda. Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma
classe que sofre mas que a miserável situação económica em que se encontra
empurra-o irresistivelmente para a frente e obriga-o a lutar pela sua
emancipação definitiva. E o proletariado em luta ajudar-se-á a si mesmo. O
movimento político da classe operária levará inevitavelmente os operários à
consciência de que não há para eles outra saída senão o socialismo. Por seu
lado, o socialismo só será uma força quando se tornar o objectivo da luta
política da classe operária. Tais são as ideias fundamentais do livro de Engels
sobre a situação da classe operária em Inglaterra, ideias hoje aceites por todo
o proletariado que pensa e luta, mas que eram então absolutamente novas. Estas
ideias foram expostas numa obra escrita num estilo cativante, onde abundam os
quadros mais verídicos e impressionantes da miséria do proletariado inglês.
Este livro era uma terrível acusação contra o capitalismo e a burguesia.
Produziu uma impressão muito grande. Em breve, por toda a parte começaram a
referir-se a ele como o quadro mais fiel da situação do proletariado
contemporâneo. E, com efeito, nem antes nem depois de 1845 apareceu uma
descrição tão brilhante e tão verdadeira dos males sofridos pela classe
operária.
Engels só se tornou socialista em Inglaterra. Em Manchester
pôs-se em contato com os militantes do movimento operário inglês de então e
começou a escrever para as publicações socialistas inglesas. Em 1844, ao passar
por Paris de regresso à Alemanha, conheceu Marx, com quem se correspondia já há
algum tempo, e que se tinha igualmente tornado socialista durante a sua estada
em Paris, sob a influência dos socialistas franceses e da vida em França. Foi
aí que os dois amigos escreveram em conjunto A Sagrada Família ou Crítica da
Crítica Crítica. Este livro, escrito na sua maior parte por Marx, e saído um
ano antes de A Situação das Classes Trabalhadoras na Inglaterra, contém as
bases do socialismo materialista revolucionário de que atrás expusemos as
ideias essenciais. A Sagrada Família é uma denominação jocosa dada a dois
filósofos, os irmãos Bauer, e aos seus discípulos. Estes senhores pregavam uma
crítica que se colocava acima de toda a realidade, acima dos partidos e da
política, repudiava toda a atividade prática e limitava-se a contemplar
«criticamente» o mundo circundante e os acontecimentos que nele se produziam.
Os senhores Bauer qualificavam desdenhosamente o proletariado de massa
desprovida de espírito crítico. Marx e Engels opuseram-se categoricamente a
esta tendência absurda e nefasta. Em nome da verdadeira personalidade humana,
do operário espezinhado pelas classes dominantes e pelo Estado, Marx e Engels
exigiam não uma atitude contemplativa mas a luta por uma melhor ordem social. Era,
evidentemente, no proletariado que eles viam a força capaz de travar esta luta
e directamente interessada nela. Já antes do aparecimento de A Sagrada Família,
Engels tinha publicado na revista Anais Franco-Alemães, editada por Marx e
Ruge, o seu Estudo Crítico sobre a Economia Política, em que analisava, de um
ponto de vista socialista, os fenómenos essenciais do regime económico
contemporâneo como consequências inevitáveis da dominação da propriedade
privada. As suas relações com Engels contribuíram incontestavelmente para que
Marx se decidisse a ocupar-se do estudo da economia política, ciência em que os
seus trabalhos iriam operar uma verdadeira revolução.
De 1845 a 1847 Engels viveu em Bruxelas e em Paris, aliando
os estudos científicos com uma atividade prática entre os operários alemães
destas duas cidades. Foi aí que Marx e Engels entraram em contato com uma
associação secreta alemã, a Liga dos Comunistas, que os encarregou de expor os
princípios fundamentais do socialismo elaborado por eles. Assim nasceu o
célebre Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848.
Este pequeno livrinho vale por tomos inteiros: ele inspira e anima até hoje
todo o proletariado organizado e combatente do mundo civilizado.
A revolução de 1848, que rebentou primeiro em França e se
propagou em seguida aos outros países da Europa ocidental, permitiu a Marx e
Engels regressarem à sua pátria. Aí, na Prússia renana, tomaram a direção da
Nova Gazeta Renana, jornal democrático que se publicava em Colónia. Os dois
amigos eram a alma de todas as tendências democráticas revolucionárias da
Prússia renana. Defenderam até ao fim os interesses do povo e da liberdade
contra as forças da reacção. Estas últimas, como é sabido, acabaram por
triunfar. A Nova Gazeta Renana foi proibida. Marx, que enquanto se encontrava
na emigração tinha sido privado da nacionalidade prussiana, foi expulso. Quanto
a Engels, tomou parte na insurreição armada do povo e combateu em três batalhas
pela liberdade, e, após a derrota dos insurrectos, fugiu para Londres através
da Suíça.
Foi igualmente em Londres que Marx veio fixar-se. Engels em
breve voltou a ser empregado, e mais tarde sócio, da mesma casa comercial de
Manchester onde tinha trabalhado nos anos 40. Até 1870 Engels viveu em
Manchester e Marx em Londres, o que não os impediu de estar em estreito contato
espiritual: escreviam-se quase todos os dias. Nessa correspondência, os dois
amigos trocavam as suas ideias e os seus conhecimentos, e continuaram a
elaborar, em conjunto, a doutrina do socialismo científico. Em 1870, Engels
veio fixar-se em Londres, e a sua vida intelectual conjunta, cheia de uma
atividade intensa, prosseguiu até 1883, data da morte de Marx. Esta colaboração
foi extremamente fecunda: Marx escreveu O Capital, a mais grandiosa obra de
economia política do nosso século, e Engels toda uma série de trabalhos,
grandes e pequenos. Marx dedicou-se à análise dos fenómenos complexos da
economia capitalista. Engels escreveu, num estilo simples, obras muitas vezes
polémicas em que esclarecia os problemas científicos mais gerais e os diversos
fenómenos do passado e do presente, inspirando-se na concepção materialista da
história e na teoria económica de Marx. De entre esses trabalhos de Engels
citaremos: a sua obra polémica contra Dühring (onde analisa as questões
capitais da filosofia, assim como das ciências naturais e sociais) *, A Origem
da Família, da Propriedade Privada e do Estado (tradução russa saída em
Sampetersburgo, 3.a edição, 1895), Ludwig Feuerbach (tradução russa anotada por
G. Plekhánov, Genebra, 1892), um artigo sobre a política externa do governo
russo (traduzido em russo na Sotsial-Demokrat
de Genebra, n.os 1 e 2), notáveis artigos sobre o problema da habitação,
e, finalmente, dois artigos curtos mas de grande interesse, sobre o
desenvolvimento económico da Rússia (Friedrich Engels sobre a Rússia, tradução
russa de Vera Zassúlitch, Genebra, 1894). Marx morreu sem ter conseguido
completar a sua obra monumental sobre o capital. Contudo, esta obra estava já
terminada em rascunho e Engels, após a morte do amigo, assumiu a pesada tarefa
de redigir e publicar os volumes II e III de O Capital. Editou o volume II em
1885 e o volume III em 1894 (não teve tempo de redigir o volume IV. Estes dois
volumes exigiram um trabalho enorme da sua parte. O social-democrata austríaco
Adler observou muito justamente que, editando os volumes II e III de O Capital,
Engels ergueu ao seu genial amigo um grandioso monumento no qual,
involuntariamente, tinha gravado também o seu próprio nome em letras
indeléveis. Estes dois volumes de O Capital são, com efeito, obra de ambos, de
Marx e Engels. As lendas da Antiguidade contam exemplos comoventes de amizade.
O proletariado da Europa pode dizer que a sua ciência foi criada por dois
sábios, dois lutadores, cuja amizade ultrapassa tudo o que de mais comovente
oferecem as lendas dos antigos. Engels, em geral com toda a razão, sempre se
apagou diante de Marx. «Ao lado de Marx», escreveu ele a um velho amigo, “fui
sempre o segundo-violino”. O seu carinho por Marx enquanto este viveu e a sua
veneração à memória do amigo morto foram ilimitados. Este militante austero e
pensador rigoroso tinha uma alma profundamente afetuosa.
Durante o seu exílio, depois do movimento de 1848-1849, Marx
e Engels não se dedicaram unicamente ao trabalho científico. Marx fundou em
1864 a «Associação Internacional dos Trabalhadores», de que assegurou a
direcção durante dez anos. Engels desempenhou nela igualmente um papel
considerável. A actividade da Associação Internacional, que unia, de acordo com
os ideais de Marx, os proletários de todos os países, teve uma enorme
importância no desenvolvimento do movimento operário. Mesmo após a sua
dissolução, nos anos 70, continuou o papel de Marx e Engels como unificadores
da classe operária. Melhor: pode dizer-se que a sua importância como dirigentes
espirituais do movimento operário não cessou de crescer, pois o próprio
movimento se desenvolvia sem parar. Após a morte de Marx, Engels, sozinho,
continuou a ser o conselheiro e o dirigente dos socialistas da Europa. A ele
vinham pedir conselhos e indicações tanto os socialistas alemães, cuja força
crescia contínua e rapidamente apesar das perseguições governamentais, como os
representantes dos países atrasados, por exemplo, os espanhóis, romenos,
russos, que meditavam e mediam então os seus primeiros passos. Todos eles
corriam ao riquíssimo tesouro dos conhecimentos e experiência do velho Engels.
Marx e Engels, que conheciam o russo e liam obras publicadas nessa língua, interessaram-se vivamente pela Rússia, seguiam com simpatia o movimento revolucionário do nosso país e mantinham relações com os revolucionários russos. Ambos eram já democratas antes de se tornarem socialistas e tinham profundamente arraigado o sentimento democrático de ódio à arbitrariedade política. Este sentimento político nato, aliado a uma profunda compreensão teórica da relação existente entre a arbitrariedade política e a opressão económica, assim como a sua riquíssima experiência da vida, tinham tornado Marx e Engels extraordinariamente sensíveis precisamente no sentido político. Por isso, a luta heróica de um pequeno punhado de revolucionários russos contra o poderoso governo tsarista encontrou a mais viva simpatia no coração dos dois experimentados revolucionários. Inversamente, toda a veleidade de voltar as costas, em nome de pretensas vantagens económicas, à tarefa mais importante e mais imediata dos socialistas russos — a conquista da liberdade política — parecia-lhes naturalmente suspeita, vendo mesmo nisso uma traição à grande causa da revolução social. “A emancipação do proletariado deve ser obra do próprio proletariado», eis o que ensinavam constantemente Marx e Engels. E para lutar pela sua emancipação económica, o proletariado deve conquistar certos direitos políticos. Além disso, Marx e Engels viram com toda a clareza que uma revolução política na Rússia teria também uma enorme importância para o movimento operário na Europa ocidental. A Rússia autocrática foi sempre o baluarte de toda a reacção europeia. A situação internacional excepcionalmente favorável em que a Rússia se encontrou depois da guerra de 1870, que semeou durante muito tempo a discórdia entre a França e a Alemanha, não podia evidentemente deixar de fazer aumentar a importância da Rússia autocrática como força reacionária. Só uma Rússia livre, que não tivesse necessidade de oprimir os Polacos, os Finlandeses, os Alemães, os Arménios e outros pequenos povos, nem de lançar incessantemente a França e a Alemanha uma contra a outra, permitiria à Europa contemporânea respirar aliviada do peso das guerras, enfraqueceria todos os elementos reacionários da Europa e aumentaria as forças da classe operária europeia. Por isso mesmo, Engels advogou calorosamente a instauração da liberdade política na Rússia no próprio interesse do movimento operário do Ocidente.