terça-feira, 25 de agosto de 2020

PANDEMIA DE CAPITAL OU DE VÍRUS?: EMPRESAS PRIVADAS BRASILEIRAS JÁ TÊM MAIS RESERVAS CAMBIAIS EM DÓLAR DO QUE O PRÓPRIO ESTADO NACIONAL

Os ativos financeiros de empresas físicas brasileiras no exterior chegaram a US$ 529,221 bilhões (R$ 2.939 trilhões) em 2019, informou nesta terça-feira (25/08) o Banco Central (BC). Só para ter uma noção do significativo montante desta acumulação privada, as reservas cambiais em dólar do Brasil somam hoje cerca de pouco mais 350 bilhões de dólares, e no seu melhor momento nos governos do PT, nunca chegou a ultrapassar os US$400 bilhões. O Banco Central informou que, pela primeira vez, o volume de bens privados de brasileiros no exterior supera US$ 500 bilhões. Esses ativos são representados por investimentos em ações, títulos, imóveis, moedas e depósitos de empresas, ou pessoas físicas no exterior.

Uma boa parte desta imensa “fortuna brasileira no exílio”, é produto do desvio do patrimônio monetário estatal no período da Ditadura Militar, realizada por políticos burgueses que se beneficiaram de cargos públicos para fazer negócios bilionários de obras de infraestrutura no país. Outra parte considerável deste “bolão” alojado nos EUA, veio de um processo de corrupção inverso ao que ocorreu no período do regime militar, ou seja, invés de fomentar empresas estatais “gigantescas”, a “Era FHC” as privatizou, ou melhor às “doou” ao capital internacional, cabendo aos caciques tucanos receber  “por fora e em dólares” pelos favores prestados ao capital financeiro. Por fim e não menos importante, na etapa dos governos da Frente Popular, empresas privadas, principalmente ligadas ao agronegócio e comodities minerais, realizaram fabulosos lucros financeiros sob a indução do Estado, sendo todos depositados no Tesouro norte-americano.

A quarentena global elevou o peso do rentismo no quadro geral econômico do capitalismo, favorecendo desta forma grandes bancos privados, que no Brasil exercem praticamente um monopólio estatal com dois “irmãos gêmeos”, Bradesco e Itaú. Somente estas duas corporações financeiras “nacionais” juntas, detém mais volume de recursos do que todo o Banco do Brasil, e imaginem onde depositam seus dividendos e lucros? Obviamente nos EUA e na moeda do padrão financeiro internacional: o ainda poderoso dólar.

A esquerda reformista que na pandemia saiu em defesa que o governo Bolsonaro utilizasse parte das reservas cambiais do Brasil para reativar a economia capitalista em recessão, deveria primeiro levantar a bandeira do confisco destes ativos privados no exterior, para garantir condições dignas de sobrevivência para o nosso povo, “desassistido” dos instrumentos elementares do Estado, como saúde, habitação, educação, saneamento básico, etc..Porém para a esquerda reformista, qualquer consiga que venha levar a expropriação da “sagrada” propriedade privada, deve ser sumariamente descartada... medidas econômicas só na direção de “empurrar” a “pobrecita” burguesia nacional, que agora foi revelado que não é tão “pobrecita” assim...