quinta-feira, 27 de agosto de 2020

GUERRA ENTRE GRÉCIA E TURQUIA: DE UM LADO UNIÃO EUROPEIA E OTAN, MAS QUEM APOIARÁ ERDOGAN? 

Nesta quarta-feira (26/08), Grécia, Chipre, Itália e França iniciaram exercícios militares conjuntos no leste do Mediterrâneo, em meio à disputa por recursos energéticos na região marítima entre Turquia e Grécia. O exercício militar conjunto, chamado Eunomia, ocorre na costa sul do Chipre e está previsto para acabar em 28 de agosto. Nikolaos Panagiotopoulos, ministro da Defesa grego, afirmou em nota que a ação visa demonstrar o compromisso dos quatro países europeus "com o Estado de Direito”, uma referência provocativa ao regime turco de Recep Edorgan, que a União Europeia considera uma ditadura. A Turquia ameaça invadir as ilhas gregas no Egeu desde 2018. Um recente acordo marítimo entre o Egito e a Grécia parece ter intensificado a agressão regional da Turquia.

O acordo marítimo, que foi assinado no último 6 de agosto, estabeleceu a fronteira do Mar Mediterrâneo entre o Egito e a Grécia. Também demarcou uma zona econômica exclusiva (ZEE) para direitos de perfuração de petróleo e gás. O movimento grego-egípcio foi amplamente visto como uma resposta a um acordo disputado entre a Turquia e o governo miliciano líbio, baseado em Trípoli.

Enquanto isso, a Turquia violou sistematicamente as águas territoriais de Chipre e da Grécia. Em maio, os Ministros das Relações Exteriores do Egito, França, Chipre, Grécia e Emirados Árabes Unidos emitiram uma declaração conjunta 'denunciando as atividades ilegais turcas em curso na Zona Econômica Exclusiva de Chipre e suas águas territoriais, visto que representam um claro  violação do direito internacional, conforme refletido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, no entanto, continua desafiando a Grécia e Chipre. Em 14 de agosto, referindo-se à Grécia e outros Estados, Erdogan disse, em linguagem belicista que: “Eles enviaram todas as organizações terroristas contra nós.  Respondemos a esses ataques no idioma que eles entendem por meio de nossas operações no norte do Iraque, Síria, Líbia e leste do Mediterrâneo. Também demos (uma resposta) hoje! Dissemos a eles: 'Olha, não ataquem nosso navio Oruç Reis. Se ele o atacar, pagará um alto preço. E hoje obtiveram a primeira resposta”.

A Turquia é uma potência colonial, armada pelos EUA, que ocupa o norte de Chipre desde 1974. O governo turco não reconhece a República de Chipre como um Estado e reivindica 44% da Zona Econômica Exclusiva do Chipre (ZEE) como sua. Outra seção considerável dessa área é reivindicada pela chamada "República Turca do Norte de Chipre" no norte ocupado da ilha, reconhecida apenas pela Turquia.

Enquanto isso, o Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu um comunicado sobre as atividades da Turquia na região: “Os Estados Unidos estão cientes de que a Turquia emitiu uma notificação a outros navios de atividade de reconhecimento no Mediterrâneo oriental. Instamos as autoridades turcas a interromper qualquer plano de operações e evitar medidas que aumentem as tensões na região”, afirmou um porta-voz do Departamento de Estado em 10 de agosto. Desde que o regime de Erdogan começou a estabelecer parcerias comerciais e militares com a Rússia de Putin, Washington começou um movimento gradual de afastamento da Turquia, que no entanto permanece como membro da OTAN.

A questão colocada agora diante deste conflito militar que parece ser iminente, é como se postará Trump, na véspera da eleição presidencial e sem poder escolher o “perigoso inimigo dos EUA” entre os dois contendores. A Rússia, e em menor escala também a China, por outro lado está na espera de poder celebrar uma aliança mais sólida com a Turquia, porém tudo dependerá dos sinais emitidos pela titubeante Casa Branca.