segunda-feira, 31 de agosto de 2020

CAMPANHA SALARIAL BANCÁRIOS: RENDIÇÃO SEM LUTA É TRÉGUA PARA OS BANQUEIROS E O FASCISTA BOLSONARO! MAIS UMA TRAIÇÃO DA BUROCRACIA DA CONTRAF-CUT/CTB E SEUS ALIADOS DA ESQUERDA REFORMISTA (PSOL)

A Fenaban e a Contraf-CUT/CTB, em conluio aberto, combinaram negociações faz-de-conta, protelando-as para dar um ultimato à categoria a aceitar qualquer acordo frente ao término do prazo de vigência da Convenção Coletiva de Trabalho vigente (31.08). Inicialmente puseram um "bode na sala" (redução da PLR e reajuste 0%), agora, para chantagear a categoria, apresentam como última proposta um acordo bianual que prevê a manutenção da CCT, 1,5% de reajuste mais um abono de dois mil reais e, para 2021, será a inflação pelo INPC mais 0,5%, tentando vendê-la como uma grande vitória dos bancários! Os pelegos da CUT/CTB defendem sua aprovação nas assembleias virtuais que, de forma preventiva, foram transformadas em assembleias plebiscitárias extraordinárias de caráter permanente (!!!) para agilizar e conferir legitimidade representativa do processo eletrônico da votação do acordo que ficará aberto das 20h do dia 30/08 até às 11:59 do dia 31/08, além de garantir que a retaguarda da categoria (gerentes, lambe-botas, fura-greves) se façam presentes virtualmente pra aprovar o acordo, dividindo virtualmente as assembleias/votações por banco! Esse calendário virtual subjuga a disposição de luta dos bancários pois os pelegos se protegem da pressão das bases através de uma tela, transformando as assembleias em meras formalidades artificiais, simplesmente para cumprir o rito de uma caricatura de campanha salarial.

Fazer maquinações aritméticas, diluindo percentualmente o abono para falar em aumento real é uma farsa,  mesmo porque  todos sabem que a inflação é maquiada pelo governo e o índice do INPC é um dos piores. Vender gato por lebre é o que sempre fizeram essas direções traidoras  nas campanhas salariais. Alguém crer que o índice de inflação do INPC de agosto/2019 até setembro/2020 será realmente de 2,74%? Só mesmo a pelega-chefe da Contraf, Juvândia Moreira, que adorna a proposta assim: “É uma proposta que chegou ao limite em uma negociação com as limitações da pandemia, da crise econômica. Mesmo assim, mantém direitos e ainda tem um aumento real no ano que vem”!!!! Uma vergonha! E questões como a reposição e aumento salariais, isonomia, home office, privatizações, jornada, assédio, questões específicas dos bancos públicos (saúde caixa, teletrabalho, abonos, gratificações, comissionamentos... ficam à margem de tudo.

A burocracia sindical, cooptada pelo cretinismo eleitoral e pelas benesses do Estado e dos banqueiros, não quer lutar optando por render-se antecipadamente à Fenaban e ao governo "Bostanagua". Requentaram sua surrada estratégia de pauta rebaixada, “mesa única” da Fenaban, fóruns decisórios de cartas marcadas (verdadeiros clubes privés de diretores liberados) e, agora, a pandemia foi a senha para justificar ainda mais sua apatia e indiferença com as reais necessidades da categoria. Os bancos públicos como a Caixa e o Banco do Brasil estão sob ameaça direta de privatização e  os bancos privados fecham agências e demitem em massa. Tudo combinado com uma atmosfera política de profunda prostração, covardia e cumplicidade das direções diante dessa onda neofascista em ascensão. Enquanto os bancários se matam de trabalhar, sofrendo com demissões, aumento da jornada, redução salarial, adoecimento, péssimas condições de trabalho, privatizações, assédio moral institucionalizado etc., as entidades sindicais e seus diretores sequer convocaram reuniões e assembleias presenciais, alegando o respeito aos decretos de confinamento! Também não houve qualquer indicação de greve nem calendário de mobilização real que pudesse, inclusive, unificar a luta dos bancários com a dos petroleiros e com os ecetistas em greve, nem virtualmente quiseram fazer alguma demagogia sobre a unificação das lutas para derrotar os ataques do governo “Bostanágua”. Buscam apoiar-se numa conjuntura adversa de ofensiva neoliberal contra os direitos dos trabalhadores e na crise sanitária do Coronavírus para justificar sua própria covardia política. Jogam os bancários aos tubarões enquanto garantem seus privilégios sindicais como liberações e verbas milionárias da Contribuição Negocial, uma taxa compulsória cobrada de todos os bancários que praticamente substituiu o extinto imposto sindical! Em cada banco público e nas mesas específicas o script é o mesmo: cria o “bode na sala”, fecha o acordo da Fenaban, vai para as assembleias especificas virtuais pra aprová-lo junto com penduricalhos particulares a cada banco.

Se a pandemia do Coronavírus tem servido ao governo do fascista Bolsonaro para intensificar os ataques às conquistas históricas dos trabalhadores com suas reformas antioperárias, é preciso admitir que os profissionais da conciliação de classes como a burocracia dirigente da Contraf-CUT/CTB e seus aliados reformistas e domesticados de esquerda, a exemplo, da Intersindical, são incapazes de oferecer qualquer resistência real a essa ofensiva reacionária de retirada de direitos. Por isso, são cúmplices do "Bostanágua" pois fragmentam, sabotam as mobilizações, confundem os trabalhadores, embotando sua consciência de classe. Essa política de desarmar a classe trabalhadora revela claramente que o "Fora Bolsonaro" não passa de um malabarismo demagógico para canalizar a insatisfação dos trabalhadores para o terreno eleitoral e não para ação direta nas ruas.

O MOB (Movimento de Oposição Bancária) chama a vanguarda classista a exigir assembleias presenciais para debater e rejeita esse acordo rebaixado da Fenaban, deflagrar greve nacional dos bancários e construir a unificação das lutas com os petroleiros e ecetistas em greve, baseada numa política de independência de classes. Não é tarefa fácil romper a blindagem da burocracia de plantão mas é fundamental uma delimitação classista para converter o potencial de luta dos trabalhadores em vitórias reais e permanentes. Assim, forja-se uma nova direção!