quinta-feira, 13 de agosto de 2020

OTAN E CIA POR TRÁS DOS PROTESTOS NA BIELORRÚSIA: FALSAS MANIFESTAÇÕES DEMOCRÁTICAS TÊM OBJETIVO DE COLOCAR SOB O CONTROLE DO IMPERIALISMO A EX-REPÚBLICA SOVIÉTICA ESTRATÉGICA   

Em coro, a Casa Branca e a União Europeia esbravejam que as eleições presidenciais na Bielorússia “não foram nem livres nem justas” e patrocinam os protestos contra o governo Lukashenko, reeleito com mais de 80% dos votos. A pequena nação de 9,4 milhões de habitantes tem importância geoestratégica entre Moscou e a OTAN. Não por acaso, os Estados-membros da OTAN repudiaram o resultado eleitoral. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou a realização de uma reunião extraordinária de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia na próxima sexta-feira, para discutir questões “urgentes”, como a situação na Bielorrússia. “Vou convocar um Conselho extraordinário de Negócios Estrangeiros para esta sexta-feira à tarde. Discutiremos assuntos urgentes e abordaremos a situação no Mediterrâneo oriental, as eleições presidenciais na Bielorrússia, bem como os desenvolvimentos no Líbano”. Trata-se de mais uma investida do imperialismo ianque e europeu para capturar para  sua influência a antiga república soviética estratégica.

Numa declaração comum aprovada e divulgada pelo Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, a UE e os EUA ameaçaram adotar sanções contra os governo. “As eleições não foram nem livres nem justas. (…) Procederemos a uma revisão aprofundada das relações da UE com a Bielorrússia. Poderá implicar, entre outras, a adoção de medidas contra os responsáveis das violências registadas, das detenções injustificadas e da falsificação dos resultados das eleições”.

Lukashenko é considerado pelos imperialismo europeu e ianque como o último herdeiro da URSS, ainda no poder em uma antiga república soviética. Foi o único membro do Parlamento que votou contra o tratado de 1991 que dissolveu a União Soviética, tem tentado preservar, pelo menos em parte, elementos da URSS no país, como uma intensa economia estatal. A Bielorrússia é um país que foi parte da União Soviética e portanto tinha uma economia planificada que mantém traços fortes no país. A maior prova disso é que os bielorrussos votaram em um referendo para manter a União Soviética intacta em uma margem de 84% a 16%, pouco antes de entrar em colapso em 1991.

Ao contrário de outros países que sofreram golpes de direita disfarçados como “revoluções mande in CIA” como a Ucrânia e a Lituânia, a Bielorrússia conseguiu manter uma nova burguesia que orbita Moscou, apesar das fricções entre ambos. "Conto que a sua ação à frente do Estado vai permitir o desenvolvimento futuro das relações entre a Rússia e a Bielorrússia - vantajoso para as duas partes”, escreveu o Presidente russo num telegrama enviado para Minsk. A Rússia é essencial para a economia da Bielorrússia, enviando, por exemplo, energia a preços mais baixos.

Ao avanço da OTAN, a Rússia tem respondido com uma estratégia exitosa de fortalecer um projeto euroasiático, através de um duplo movimento. De um lado, a Rússia está construindo alianças com as ex-Repúblicas Soviéticas asiáticas, priorizando acordos econômicos e projetos de infraestrutura, com desdobramentos geopolíticos. De outro lado, Moscou amplia acordos com países que desde o final da Segunda Guerra Mundial estiveram na esfera de influência de Estados Unidos. Um exemplo do primeiro tipo de iniciativa é a União Econômica Euroasiática (UEE ou UEEA), formada em 2015 com a Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e a Federação Russa. A rápida consolidação da UEEA está animando a outros países a se interessarem pelo acordo, inclusive os não asiáticos.

Hoje, está colocado para o proletariado mundial e, particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas rechaçarem as investidas da UE, da OTAN, dos EUA e de seus agentes na Bielorrússia. Apesar de não depositarmos qualquer confiança no governo de Lukashenko, objetivamente representa um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN na região. Nesse sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a fazer na Bielorússia na própria Rússia uma “transição democrática” conservadora aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio.

Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos revisionistas, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe” agora apoiam as manifestações da direita na Bielorrússia assim como festejaram no passado as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais “revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia.

Agora, a Bielorússia é a bola da vez da reacionária ofensiva do imperialismo, que tomou grande impulso com a derrubada do regime Kadaffi pela OTAN, tendo Lukashenko como o “adversário” indesejado a ser removido do governo, mas no fundo tendo como alvo o próprio Putin no Kremlin! Somente genuínos trotskistas que não se deixaram levar pelo canto de sereia “humanitário” imperialista, que se mantêm firmes na luta para que os povos oprimidos assumam o controle dos recursos energéticos do planeta, pela expulsão dos abutres multinacionais e expropriação do conjunto das burguesias mafiosas, terão autoridade suficiente perante as massas ucranianas, bielorussas, georgianas, ossetas e russas para conduzir a luta estratégica por uma Federação de repúblicas socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas revoluções bolcheviques.