terça-feira, 18 de agosto de 2020

FAMÍLIA REVISIONISTA (PSTU, PTS, PO, ALTAMIRA...) UNIDA PELO “FORA LUKASHENKO, QUE VENHA A OTAN” NA BIELORÚSSIA: MAIS UMA VEZ DE MÃOS DADAS COM O IMPERIALISMO E A CONTRARREVOLUÇÃO!

O PSTU proclama “Todo apoio ao levante do povo bielorrusso! Fora Lukashenko!”, a página do PTS argentino na internet comemora “Masivas movilizaciones en Bielorrusia: ¿peligra el régimen de Lukashenko?”, o site do PO em êxtase diz “Las movilizaciones contra el fraude electoral ponen en jaque al régimen de Lukashenko” e a Tendencia de Jorge Altamira celebra “Bielorrusia: la huelga general y un gobierno que se cae”. Se ampliarmos a lista dos grupos revisionistas pelo mundo que saúdam a tal “rebelião” na Bielorússia só cresce, tão extenso é seu servilismo ao imperialismo e a OTAN, uma política que se amplia desde a queda da URSS, dos antigos estados operários do Leste Europeu, passando pelo apoio as revoluções “coloridas” mais recentes na Ucrânia e nas ex-repúblicas soviéticas. 

São os mesmo que saudaram a intervenção da OTAN na Líbia e a fantasiosa “Primavera Árabe” que operou a troca de regime em países que a Casa Branca desejava impor suas ordens sem maiores obstáculos no campo interno. No caso da Bielorússia trata-se colocar um peão da OTAN, do imperialismo ianque e europeu em uma região fronteiriça com a Rússia, onde passa os oleodutos de gás e petróleo que abastecem a Europa, o que significaria um sério golpe contra Putin! A pressão é tamanha que Lukashenko já fala em novas eleições e assembleia constituinte, sinalizando a busca um acordo com seus adversários internos e externos.

Quando houve a restauração capitalista da União Soviética e do Leste Europeu, há mais de 30 anos (89-91) ocorrendo exatamente as cenas que hoje se passam na Bielorússia, as correntes revisionistas do trotskismo, como PSTU e PCO, apresentaram estes acontecimentos como uma “vitória revolucionária das massas”. Os morenistas seguem até hoje com esta caracterização e inclusive apresentam as atuais manifestações pró-imperialistas que ocorrem na Bielorússia como parte da “revolução” que derrotou o stalinismo no passado, já que a ligação entre o atual presidente com Putin (ainda que estremecidas) representaria a manutenção dos laços políticos e econômicos com a Rússia, que ainda influencia parte das antigas repúblicas soviéticas. Já Causa Operária, que hoje critica as posições pró-imperialistas da LIT, finge ser defensista e contra a restauração capitalista, era uma das correntes mais fervorosas na defesa da suposta “revolução política” na RDA e na URSS, posição contrarrevolucionária que inclusive levou a nossa ruptura programática com esta seita revisionista e a fundação da LBI.

A posição pró-imperialista da LIT e do resto da família revisionista sobre o Leste Europeu e a URSS data do final da década de 80, quando da queda do Muro de Berlim e da URSS. Já em 91, saudavam a vitória do bêbado restauracionista Yelstin sobre o bando dos oito generais, ligados à linha dura do stalinismo, como a “revolução de agosto na URSS”. Entusiasta defensora da onda restauracionista que se abateu nos Estados operários burocratizados do Leste, a LIT esteve na mesma trincheira do imperialismo ao defender as inexistentes “revoluções políticas”, que deram início à liquidação completa das conquistas sociais de Outubro na URSS e no conjunto da Europa do leste, em nome da implantação da “democracia e das liberdades civis”.

Quando o imperialismo, em 89, através de um acordo entre Bush pai, Helmut Kohl e Gorbachev acertou as bases para a pilhagem da Alemanha Oriental (RDA), através de sua anexação à Alemanha capitalista, a LIT levantava a consigna, em êxtase, que a revolução em curso na Alemanha demonstrava categoricamente que “agora é a vez do trotskismo”. Sem nenhum regozijo, a história provou que tendo como referencial o marxismo revolucionário, o justo era afirmar “agora é a vez do capitalismo”. Já em 2005, ou seja, quase quinze anos após o início da contrarrevolução social aberta nestes países, que os reduziram à condição de semicolônias dos imperialismos europeu e ianque, a ofensiva da Casa Branca para pôr fim à influência da Rússia burguesa, através de regimes alinhados a Moscou sobre essas repúblicas satélites (Ucrânia, Geórgia, Quirguistão, etc.) foi saudada como uma nova “revolução” pela LIT, uma “situação avançada de ascenso das massas”.

Tamanha capitulação à propaganda pró-imperialista, vinda de correntes que ainda têm o cinismo de se reivindicarem “trotskistas”, deve ser combatida política e teoricamente pelos revolucionários, porque macula o legado do velho bolchevique e educa no pântano do revisionismo mais vulgar as novas gerações que não vivenciaram o fim da URSS, mas têm conhecimento da barbárie que se tornou a vida da população da Rússia e dessas repúblicas após a restauração.

O que estava (e está) em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados, é a segunda etapa da restauração capitalista. Nessa fase, os EUA e o imperialismo europeu desejam impor títeres nos países que ainda estão sob a influência do Kremlin e mantêm relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia. Foram manifestações como as “revoluções das rosas” na Geórgia ou a “revolução laranja” da Ucrânia, designações, inclusive batizadas por Condoleezza Rice, na época Secretária de Estado dos EUA e copiadas nada originalmente pelos revisionistas, que buscam dar um verniz popular a esse processo de mudança de regime político em favor dos EUA e das potências capitalistas europeias.

O conceito de “revolução” que esses senhores aplicaram na Ucrânia, Geórgia e Quirguistão, como adotou no passado na Rússia e RDA no final dos 80 e início dos 90, não passa de uma prostituição da defesa que Trotsky faz da revolução política contra o stalinismo nos Estados operários burocratizados. O dirigente Bolchevique defendia uma revolução conduzida por um partido operário que eliminasse o regime político parasitário da burocracia stalinista preservando as bases sociais do Estado operário, um processo impossível de ocorrer atualmente nesses países, já que são capitalistas e dirigidos por governos burgueses, até então alinhados ao governo burguês de Putin na Rússia. Nesses países, a tarefa das massas é a de lutar por uma revolução social proletária, a expropriação dos meios de produção e pela ditadura do proletariado.

Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos revisionistas, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe” agora apoiam as manifestações da direita na Bielorrússia assim como festejaram no passado as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais “revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia.

A Bielorússia é a bola da vez da reacionária ofensiva do imperialismo, que tomou grande impulso com a derrubada do regime Kadaffi pela OTAN, tendo Lukashenko como o “adversário” indesejado a ser removido do governo, mas no fundo tendo como alvo o próprio Putin no Kremlin! Somente genuínos trotskistas que não se deixaram levar pelo canto de sereia “humanitário” imperialista, que se mantêm firmes na luta para que os povos oprimidos assumam o controle dos recursos energéticos do planeta, pela expulsão dos abutres multinacionais e expropriação do conjunto das burguesias mafiosas, terão autoridade suficiente perante as massas ucranianas, bielorussas, georgianas, ossetas e russas para conduzir a luta estratégica por uma Federação de repúblicas socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas revoluções bolcheviques.