terça-feira, 11 de agosto de 2020

BIDEN ATINGE TRUMP COM UM “GOLPE IDENTITÁRIO”: VICE É UMA MULHER E NEGRA... 

O candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, escolheu a senadora Kamala Harris como sua candidata à vice-presidência dos Estados Unidos. A Democrata Harris, 55 anos, é senadora pela Califórnia e ex-Procuradora-Geral daquele estado, cargo eletivo por lá, tornando-se assim a primeira mulher negra a concorrer a esse cargo na história do país, por uma das duas alas que controlam o regime “democrático” ianque há vários séculos. Harris era considerada uma das favoritas para o cargo, junto com a ex-conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice. No início de sua campanha, Biden prometeu escolher uma mulher para companheira de chapa. Kamala estava inicialmente concorrendo nas prévias presidenciais Democratas, mas depois se retirou e tornou público seu apoio a Biden, no mesmo momento em que outros postulantes como Sanders fizeram o mesmo.

 A senadora Harris começou a trilhar sua vida política em 1993, começando um relacionamento com o presidente da Assembleia do Estado da Califórnia, Willie Brown, que a apresentou a muitos políticos do chamado “establishment”.  Foi muito ativa na campanha de Brown à prefeitura de São Francisco em 1995 e foi apresentada publicamente como sua companheira. Em 2000, a Procuradora da cidade de São Francisco, Louise Renne, recrutou Harris para se juntar ao gabinete dela, onde chefiou a Divisão da Comunidade e Bairros. Em 2008, Harris anunciou sua candidatura ao cargo de Procuradora-Geral da Califórnia, ela recebeu o endosso de ambas as senadoras do estado,Dianne Feinstein e Barbara Boxer, bem como de Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Em 2016 depois que a senadora Democrata Barbara Boxer anunciou sua intenção de se aposentar do Senado no final de seu mandato pela Califórnia, Harris foi a primeira candidata a declarar sua intenção de concorrer ao assento ocupado por Boxer, sendo eleita pela primeira vez a um alto posto parlamentar, tomando posse em janeiro de 2017.

No Senado Kamala debutou polarizando com as indicações de Trump, tanto para a Secretaria de Justiça como para a Corte Suprema, ganhando logo projeção nacional da mídia corporativa, quase que unânime nos EUA contrária ao ultra reacionário presidente. A poderosa rede CNN, uma das mais “agressivas” na oposição a Trump, lançou uma lista de “nomes fortes” do Partido Democrata que teriam condições em desbancar Trump, e Kamala apesar de estar no início de seu mandato parlamentar, já integrava esta “seleção” de escolhidos.

A cartada dada por Biden, escolhendo para sua vice uma mulher, negra e filha de imigrantes, parece ser o “golpe identitário” fatal nas pretensões de reeleição de Trump. As grandes corporações imperialistas e grande parte do próprio Estado(suas instituições), trabalham abertamente na campanha de Biden, um “morto vivo” que já lidera com folga as pesquisas eleitorais. Com Kamala, possivelmente assumindo a presidência no curso do mandato do octogenário Biden, o imperialismo ianque retomará o curso de ofensiva mundial iniciado por Obama e que Trump como um falastrão incapaz, se mostrou um fiasco para os planos de tentar manter a hegemonia planetária dos EUA, hoje ameaçada pelo bloco eurasiano formado entre Rússia e China. A figura de uma mulher, negra e “democrata” ocupando a Casa Branca, se coaduna politicamente na tarefa de estancar os focos da rebelião popular iniciada em maio com o assassinato de George Floyd.

A esquerda revisionista do Trotskismo, ao apoiar Biden/Kamala, assina desta forma sua sentença de morte programática no pouco que ainda lhe restava do legado Marxista. No Brasil grupos como o “Resistência” (PSOL), “O Trabalho” (PT) e PCO, que estavam anteriormente apoiando entusiasticamente a campanha do Senador Bernie Sanders, estão agora migrando envergonhadamente para Biden, sob a justificativa de derrotar Trump. Os Marxistas Leninistas, seguindo o caminho da independência de classe do Programa de Transição para a revolução socialista, declaram abertamente que ambas as candidaturas da “hidra de duas cabeças” do imperialismo (Democratas e Republicanos), são inimigas da classe operária e do povo pobre, negro e latino dos Estados Unidos!